domingo, 27 de novembro de 2011

Ana sonha

Presenças são mais notadas em faltas.
Faltamos juntos o hoje pra sermos na falta que nos faz.
Somos o que de algo que sabemos, no que cogitamos – inconscientemente e isso é lindo e consciente – por sentirmos empatia na empatia de sentir.

Sinto sentindo só e contigo um algo que duvidamos ansiado em certezas do que nunca tivemos em outras mentes, gozamos em outros corpos...Dormir.
E por seu ronronar poeticamente lindo incitar tais versos.

Sabes, outrora estivemos em lugares que não esses, em sonhos que não os seus. Éramos nós.
Não! Não éramos esses, éramos outros, diferentes mas, nós.

O agora não repetirá o que somos senão em um talvez captado pela virtude chamada vida.
Chama! Ana, não te disse boa noite e a noite ecoou em seu deitar na necessidade palavra-ação do “dorme pequena” da noite anterior...
Se dormes, sonha, se sonhas, dorme sonhando algo condizente ao que digo e sonho.
Se estou acordado ao contar sonhos em viagens?
Não! perdoe-me, Ana.
Lute em sonho que isso seja verdade sonhando o mesmo sonho, traduzindo-o para além de miragem.
“Virtualizemos”, Ana, faça em seu sonho o que chamo sonho...
Do que chamo desejo desconhecido,faça chama, chame verdade.
No sonho em Ana, o breve estarmos juntos.
Em sonhos e ação, Ana, sejamos seres agitados numa música que não quer parar.
Dorme em Ana, Ana dorme, cria paisagens. zzzzZZzZZZzZz
Helder Santos
00:05 am
27/11/2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Brilha luz ao lado do arco-íres

Estações sobrepõem-se, alteram a percepção da verdade.

Ontem, sol, chuva, folhas... Uma brisa

de amores maiores na cidade.

Se o calor atiça, ascende em faísca

o adormecido doloroso inverno em saudades vãs.

Seus sonhos de felicidade...

O abraço quente, mãos pacíficas estendidas.

Ana observa obcecada em sonho afã

o alado arco-íris ao lado.

Duvida, afasta, questiona verões em invernos cansados.

Sofre, teima aceitar estações passando,

o sol sem explicação brilhando ridiculamente são, aparentemente parado.

Chamusca, dissolve em tempestade.

Estou quente e não há trovoada capaz de parar meus sonhos ou situação engraçada capaz de atravancar tais laços.

Ana sorri. Sol é alegria até em dias

onde em quimera, numa primavera, Ana destina versos

sem saber a quem. Desejo-os a mim

e te desejo, Ana, fogo e mar, dedicação presente, futura.

No tempo de suas espinhas eras tão estranha, tão chatinha.

Hoje, conversamos num tom sublime de Ana madura,

flor embotada, sala aparentemente escurano sentir sol em Ana.

Luz púrpura no crepúsculo adentrando a janela.

Ana, sorri pra si inconscientemente de meus gracejos.

Pega tua mão, encosta ao peito e sente algo.

Meu coração houve dele sair de mim, acertar o alvo...

Ah, deve ser...deve ser seu jeito.

Helder Santos

24/11/2011

11:59 pm

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Ânsia de vós, sonho nos meus sonhos.


Tenho propósitos sólidos, Meu Deus,

Metas tão concretas que se esvaem sobre uma escrivaninha sem papel,

Objetivos tão verídicos quanto bronzear num dia de sol chuvoso.

Minha barba cresce na mesma velocidade que se esvaem ideais.

Estou prostrado em algum lugar no século II antes de Cristo e nenhuma máquina moderna pode me tirar daqui.

Pergunto-te Felipe, onde estão meus sonhos ?

Estariam eles onde estou ou longe de mim?

Teria eu sonhos reais ou estar onde estou e estão eles não é mais que um sonho?

Seria possível entrar no sonho em sonho?

Felipe, estou cansado e minhas pálpebras secam os olhos de lágrimas,

Estou faminto e minha fome excede necessidades físicas,

Estou de pé e nada é tão íngreme quanto meus sentidos e a noção do que tenho deles.

Reproduzo palavras como se fora um gênio às avessas julgando-me tão insignificante quanto o universo que carrego na ideia e repito na ação.

Conduzo a vida tal qual um carro desgovernado esperando vaga n’algum estacionamento vazio.

Sou tão egoísta que minha vontade não vai além da afirmação em mim mesmo que fortalece minha personalidade.

Porém anseio por ti, musa silenciosa.

Por ti grito e tua subjetividade adormecida fomenta meus versos.

Não importa que ela pense, Felipe, que sou maluco ou insignificante nesse universo que construí, afinal:

Que loucura seria maior que a da negação da própria personalidade?

Ando tão altruísta que qualquer mendigo me daria esmolas para alimentar a latente bondade em meu coração,

Tenho tanta fé que Deus fala por mim em línguas diversas afirmando que não posso perder a fé por ela mover mais que montanhas.

Felipe, o desejo de sonhar é tanto que sigo para a cama com o pensamento em dormir para saber se estou realmente a sonhar ou se sou o sonho que ela prefere acordar.

Caro amigo, um dia elas entenderão, um dia acordaremos e ou, dividiremos o travesseiro com alguém.

Helder Santos

00:03 am

22/11/2011

Presságios do mar.


Preciso de calma para entender o que sinto ou

Uma palavra mágica para descrever o indescritível que

Me depara com a realidade que crio.

Nenhum Platão sonhou como eu e estou acordado

Rugindo o grito insano dos sentimentos que nascem ao contemplar a imagem mais linda, sucumbo, feneço...

Tal qual fênix, ressurjo no inferno do sentir de outro cedendo o som quase mudo do grito dando voz a ti.

Ó morena nos meus sonhos ontem,

Ó luz, céu, estrela , brilha ao renascer reluzindo em mim, dá-me uma cor que não seja silêncio, dá-me grito que não seja preto e branco.

Temendo, tecendo, tremendo, torcendo,

Cato em passos, atos, artefatos ao laço

Solto monossilábico nas conversas de agora.

Não há casal que não inveje pelo fato de não sermos nós,

Ou idiotia que não desejasse dada a incapacidade de minha inteligência.

Me sinto só como grão de areia que voou para fora da praia,

Mais incompleto que uma bola sem jogador a chutá-la.

Parado, vencido, enternecido vilipendiado

Por ser o que sou.

Do que adianta saber o que dizer se fazes do outro movimento poético ausente em teu toque, vivente em tua ideia?

Mais vale não pensar, agir como brutos, ponderar.

Estou distante como o que fomos desejando-o de volta para poder fazer das coisas outras que não essas.

Estou máximo como se o mínimo que fizesse levasse ao triste, fatídico final sem começo.

Cansado, faminto, atônito, tonto.

Me sinto como se sentir significasse tanto quanto pensar em sentir e sentir mais,

Como se somar fosse mais difícil que entender sua adoração a essas palavras e seu ceticismo as mesmas.

Hoje, estou certo que ontem seu sorriso seria esse e esse viria até a mim por sermos próximos distantes no tempo dos nossos seres.

Ontem, ahh, ontem um homem nasceu...

Boa noite, dezembro em Arapiraca.

Helder Santos

08:53 pm

21/11/2011

Turbilhão de cores sob o mar.


Carrego na ideia versos que não escrevi numa velocidade mais avassaladora que o tempo.

Versos matinais gestados em anos de convivência virtual.

Certezas que transformam fazendo outros domingos meros coadjuvantes de uma vida.

Claro, houve e haverão domingos felizes mas, qual domingo repetirá o domingo de hoje se amanhã será segunda e segundas são chatas?

Domingo , praia, futebol e descanso...

Hoje, domingo mostrou-se observador, sorridente, cauteloso e calmo em sua proximidade distante.

Você, domingo e palhaçadas tremendamente tristes

na alegria de um ventilador barulhento antes, silencioso no filme que vimos.

O cheiro intenso dos novos ventos em seus comedidos lábios de riso simples, nesse domingo

Antecedendo segunda e , se segundas são tristes, há de haver segundas felizes como amanhã após domingos e nós noutro filme.

Filmes numa história a ser contata são filmes vistos num projetor animados pelos olhos de quem vê.

Vislumbro o futuro numa placidez contraditória a ansiedade desses versos.

O futuro é o presente e o presente é o futuro se não sei como será o próximo filme.

Ao lado, o bilhete de ontem em frente ao verso diário dos meus sonhos.

Aos olhos de amanhã um acordeom imita o mar, amor morena de cor maré embalada.

Aos ouvidos , um filme multicolor , amor visceral , o Amar calada,

No filme em cor , ação circense se apaixonando pelo mar da menina sentada a sorrir em verde aos olhos azuis do cantor.


Helder Santos

00:39 am

20/11/2011

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Toda forma de poder ( breve análise )

Toda forma de poder

Eu presto atenção no que eles dizem
mas eles não dizem nada
Fidel e Pinochet tiram sarro de você
que não faz nada
Começo a achar normal que algum boçal
atire bombas na embaixada

Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi

Toda forma de poder
é uma forma de morrer por nada
Toda forma de conduta
se transforma numa luta armada
A história se repete
mas a força deixa a estória mal contada

Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi

O fascismo é fascinante
deixa a gente ignorante e fascinada
É tão fácil ir adiante
e esquecer que a coisa toda tá errada
Eu presto atenção no que eles dizem
mas eles não dizem nada

Análise

1ª estrofe

Fazer parte dessa sociedade baseada nas teorias que justificam o Estado. (Hobbes, Locke e Rousseau, os “contratualistas”) é algo difícil se os representantes do povo não sabem justificar o próprio Estado atendendo as necessidades mínimas da população. “Eu presto atenção no que eles dizem / mas eles não dizem nada”, “ELES” representa justamente o poder que foi entregue a alguém , de alguma forma. Pela luta, consenso, voto, força etc. Seja qual for o modelo de governo , se esse é baseado num indivíduo ou num grupo, eles não dizem coisa com coisa, enganam, corrompem etc.

“Fidel e Pinochet tiram sarro de você que não faz nada”. Fidel, líder cubano é um dos primeiros a lutar contra o imperialismo americano, porém, a revolução cubana funcionou inicialmente por proporcionar ao povo uma “educação de qualidade”. Mas, seu ideal “socialista” não vingaria por ser algo isolado, não representou uma ideia de vários países, assim, Cuba se tornou , literalmente , uma “ilha” isolada , distante das nações e, após a “Guerra Fria”, se tornou insustentável a manutenção de certos ideias até “interessantes”, porém, insólitos. O povo , o que mais sofre, sofreu mais ainda e as tentativas de superar a desigualdade real se resumiam, quase que em totalidade, na saída do país em busca de melhores condições de vida. Nessa saída, muitos morreram no “mar”, os que conseguem, enfrenta dificuldades num mundo igualmente explorador. Pinochet, ditador chileno, tomou o poder a partir de um golpe militar e governou por quase 15 anos exercendo influência por outros 15. Cometeu crimes, verdadeiras atrocidades, o Chile tenta, até hoje, se recuperar.

Um fascista fascinante deixa gente ignorante fascinada” Os governos totalitários carregam características fascistas , militarismo, xenofobia, nacionalismo, censura , propaganda do sistema etc. Pode-se relacionar Itália e Alemanha como nações que se ligaram a essa forma de governo com destaque para a Alemanha nazista. Vale ressaltar que vários grupos repassaram , posteriormente , tais ideias, é o caso dos “neonazistas” espalhados por todo mundo.

“Eu começo a achar normal quando um boçal atira bombas na embaixada” , atos violentos são considerados normais se acontecem contra formas de governo, “embaixada” é a representação de um país no exterior. Eventos ligados a embaixadores também podem ser citados, é o caso do seqüestro do embaixador norte americano no Brasil. São formas “revolucionárias”, há embutido nesses atos, uma tentativa de alcançar direitos, superação de formas de governo etc.

“Se tudo passa, talvez você passe por aqui / E me faça esquecer tudo que eu vi”, algo que surja nos fazendo esquecer, esse esquecimento pode ser dar por meio da “alienação”, da “ideologia” ou até de uma fórmula salvadora, o fim disso tudo (governo).

“Toda forma de poder/ é uma forma de morrer por nada” O cerne do texto. O eu - lírico se coloca numa postura de ruptura, de fim. Para ele, todas as formas de governo levam a ruína do próprio governo. O texto sugere “anarquismo”, ausência total de governo.

“Toda forma de conduta se transforma numa luta armada”, é nesse momento que encontramos a ideia de revolução de forma latente, o poder mal administrado em relação ao povo, leva a revolta do mesmo e essa, acontece pela força. Superar o sistema é o desejo do eu - lírico , ele está forte , seus ideias foram expostos coerentemente, é hora de superar. Porém:


A história se repete/ mas a força deixa a estória mal contada”
o sistema , no final das contas, conseguiu, consegue enganar o povo e manter sua “história mal contada” , reflexo de toda ideologia.

Críticas são bem vindas, bom trabalho a todos. =)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Escrevi pra você VII

Patrícia não ouve os sinos do passado. Além de insensível, a sinfonia melodiosa dos atos, antes terríveis, nada representam senão espectros de um ser desconhecido a ela. Sob essa égide, havia duas garotas, a que imagino e a real. Distintas distantes flores em jardim alado.

Sem toque, o passado hipertrofiado nutre os músculos assíduos desse Amor, um Amor real, plausível, táctil, o Amor palpável sem pele ou cheiro tecendo sulcos¹
na estrada, até pouco, transitada por nós. Sons inaudíveis, calor, suor. Pálpebras dilatadas, arranhões, gozo...passado lembrado, vivo e eternizado. Seu cheiro. O gosto alvo macio em seu sorriso. - “Daí-me outra cor que não seja a do teu olhar.” Supostas vãs tentavas noutros seres com seu nome. Inúteis viagens a terras onde não estivestes. Delirantes alucinações de seu rosto. Deduções alcoólicas sem supor a ressaca-drama ao despertar noutra cama sem ti. Constatação, me perdi.

Ó divinal ser em minha adolescência perdida, dai-me luz me guiando para seus braços. Ó torrente idealização delirante, vinde a mim trazendo-te, preenche em vida pulmões ar respirando-te, silencia o grito dor-latente na voz que anseio, mostra no senão o sim almejado e, cansado, acalenta em seus braços o traço abraço distante em lembrança coroando o céu em dança, seu “oi” em esperança, sua vida na minha. Por força das palavras, em sonho, patrícia corou.Aos olhos esperança, ao peito clamor. Com os pés no chão, Patrícia assiste, com ou sem asas, vôos “adolescentes-adultos” nessa estrada.

¹Rego aberto pelo arado ou pela agricultura.

Helder Santos

03:47 am

14-09-11

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Escrevi pra você VI.

É impossível mensurar a alegria nascente em meu coração a partir de aceitações ainda incertas num sentimento a mim latente. Olhando pela janela, Patrícia trouxe a tona memórias adormecidas nos meus melhores sonhos.

Caminhávamos banhados por uma lua inexistente aos tempos de agora. Friorenta, tremia com a mínima brisa, sorria com mínimos gestos denunciando a cor visceral em seu toque. Espectadores de nós e eu, pouco entendiam sobre o singelo sorrir da menina usando blusa pólo masculina e, sendo eu, novo em situação de ceder, estendia, sem camisa, um tipo de coragem que precisaria mais tarde acentuando o valor em sentir frio por alguém tão especial.

Meia noite, sinto o sino da igreja ao lado se misturar ao estrondeante vibrar dos nossos corpos e o ensurdecedor barulho analógico num celular .

- Alguém casara essa noite? Por quem badalavam os sinos?

- Alguma tradição católica explicaria.

- Não entendi, justo nesse dia?

Sons uniam-se distantes em perfeição. Sinos por si não haveriam de despertar-me. Quanto ao celular, esse teima em tirar minha paz, tomar meu sono. Por vezes esperei outro toque da voz suave a quem destino versos, pessoalmente ou via o número ao qual não devo ou posso discar. O toque “malemolente” de quem me lê, o cheiro azul-púrpura de seu sorriso me levando ao desejo incontrolável de não saber do amanhã. Mas, essa noite, não. Precisava descansar, misturar tonalidades em aquarela restante e respirar o sabor em mãos perfume adolescente, recém renascidas mãos ao tocar seu rosto. A palma da mão escorregando em minha face, desconhecedora do poder sobre mim. Sem percepção ou desejo, numa intensidade frenética, palavras ditas badalam sinos do passado. Visitas quase que diárias, blusas folgadas delineando curvas num bailar de cabelos cheios em sensualidade pela rua onde sempre transitei. A ausência de sua voz agitada “passeando” de rouca a estridente remete a fachada simples da (na) calçada telespectadora desses passos apressados sugerindo cuidado nas calçadas desconhecidas a mim no final do nosso mais breve encontro . A vida sem minhas lembranças no “brilho eterno” da lembrança em mim assistindo pela calçada, você, pela janela, pegar o celular, ligar pra outro alguém. Olhando pela janela, Patrícia fez surgir uma alegria imensurável em meu coração.Com camisa pólo, essa noite, senti frio.


Helder Santos

08:00 pm

09-09-2011

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Escrevi pra você V.

Chamas do passado atiçam o vulcão subjetividade adormecido em meu coração.

Não há música ou gesto de carinho comparável ao doce-confuso sentir setembro em meu coração. A gosto, angústias “agosto” de anos, sucumbem-se quando um simples domingo dilatou meu olhar com a presença real dum ser cuja fisionomia não mudará em minha mente e na própria representação da realidade. Bela, Cálida e Sutil... Ela, demorando a reconhecer-me, sorriu. Nos segundos desajeitados entre a confirmação torrencial do ser idealizado nela e a pretensão de um sorriso recíproco, não relutei. Havia certeza, despudor em mim. Serenos, olhos brilhando em mel anunciavam a púbere alegria característica Daquela que povoa meus sonhos como o ar a purificar-se nos pulmões. Patrícia sorriu convidativamente enquanto dizia - “senta logo”. Sem hesitar seu comando, o outdoor em minha face antecedeu futuras palavras - chamas do passado atiçam o vulcão subjetividade adormecido em meu coração. Sem maiores dificuldades o consciente trouxe a tona o que aconteceu e não aconteceu nos curtos anos entre a torrencial paixão sublimada em mim, real a Ela e a longa e crucial adoração objetiva em mim, “desinteressante” a Ela. Não há palavras existentes, exprimíveis em qualquer língua que possam ser fidedignas e ao mesmo tempo práticas a ponto de relatar a objetividade essencial a cor café em seus olhos e a saudade colossal em meus, seus dedos secando a água do meu queixo a mesma intensidade dos áureos, saudosos anos. O coração palpitava. Palavras saíam aceleradas no verão após longo inverno em mim. Havia sonho, devaneio, sublimação, resignação, atitude e medo nelas. Não estava só, Patrícia falava em essência e confiança enquanto sorria de prazer assistindo o estalar de seus dedos pelos meus. Saudade, paixão, devaneio, todo e qualquer sentimento antes presenciado não pode comparar-se a satisfação-espanto apresentada por Ela enquanto peito e coração deleitavam-se ao narrar o que sabiam sobre Aquela que os controlava sem saber.

Registros atabalhoados em cenas reais de um passado aparentemente próximo a Ela vieram à tona preenchendo de esperanças o “escrevi pra você” e, numa espécie de fechamento de ciclo, me senti gradativamente liberado e preso ao que sei existir enquanto subjetividade real por dentro e objetividade latente Nela. Mas, não me senti só, não conseguiria mesmo se houvesse vontade. “Ponto a ponto”, desculpa e perdão homogeneizavam–se sem dor ou mágoa.

(Continua...)

Helder Santos

06-09-2011

07:38 pm

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Dialeticamente

Duvido que algo, possa, ao mesmo tempo, ser e não-ser. Talvez, como em Hegel, o ser exposto a sua contradição, o não-ser, gere o vir a ser em fluxo perpétuo. Mas, o que Hegel fala, explica o movimento da história, não dessa estória. E, ou, tornar-se-á, história no final. Falando da estória, todas precisam de um que chamado suspense, drama, tormenta. Palavras, sons, imagens e todas tentativas vãs consolidarão o simulacro ideal construído.

Ela tem cor, cheiro, sentimento, mistério e tudo mais que há. Entre isso e ela, o mundo criado por mim, para ela. Esse errôneo e talvez mistificado criar, escreve a estória que une e separa. No conto de fadas, o ser real conflitar-se-á no concreto, e, como afirma Hegel, gerará uma síntese. O ideal unindo, divergindo, atuando, coadjuvando, sendo, não tendo. Assim, começa a história. Como em Hegel – que ele me perdoe-, há um aprendizado dialético, o tal motor da história. E que estória. Ela e suas laudas constituem um drama existencialmente sentimental, algo sem fim como dialeticamente, Ele afirma, não Hegel, afinal, isso é estória.

Helder Santos

09:06 pm

30 – 08 – 11



segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Crenças (in)(sólitas).


Sabe, após anos confirmei médias certezas como a de não saber lidar com a disponibilidade de seu coração. É, não sei! Acordei ansiosamente nauseado com a possibilidade de sua voz perto do meu ouvido. Talvez por ter sido assustador assistir seu sorriso junto ao meu enquanto tocava o anel discreto em sua mão e analisava a forma como prendes o cabelo. Estar apaixonado deve ser torcer pra que tenhas um dia bom e, no final dele, seu pensamento conduza a ligação que espero. Isso me leva ao telefone e os dígitos de seu nome. Uma saudade pelo que ainda não existe e o agradecimento pelo que não foi se tornando oração.Vai saber, seu coração também é esquisito.

Helder Santos

15-08-11

09:38 pm

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Talvez Queira...(ou mais um sonho...)

...uma fórmula capaz de apagar o que não aconteceu em julho sublimando “a gosto” o que não sei de setembro.

Para ela, há anos é agosto. Entendo e sinto seus pequenos flertes a julho por ele acatar sem pudor sonhos que sempre sonhamos. Por anteceder o caos “agosto”, em julho entregamo-nos em furor adolescente a messe individual de ser feliz. Perseguindo julho, iludimo-nos em afã setembro desprezando a atenção “a gosto” em sabor julho.

Gélidos invernos, tépidos verões, subliminares outonos e doces primaveras desconhecem o dito “a gosto” nas palavras julho do último mês. Enfáticas palavras sem toque mágico tendendo à silêncio sem temor ou dor.

Ele, por entender “agostos”, renega “a gosto” o sorriso que não sente. Há tanto tento, há quanto tempo? É, é tempo de sentir e as portas de setembro Talvez Queiram algo mais deles, ou desejem fechaduras resistentes ao próximo sorriso em suaves outubros sem acelerar corações, sem medos e idealizações. Seu silêncio gradativamente me afasta, suas escolhas, certas ou não, reprimem libertando, sufocam dando ar, apartam afrouxando a corda que não tecemos , escolha sua.

Para nós, “há gosto” de telespectadores assíduos de uma felicidade que não tivemos, mundos se distanciam, palavras visionárias diluem-se, sonhos e pesadelos somem. É, agosto prende, “a gosto” liberta. Talvez suas escolhas sejam certas, talvez não. Está noite, essa noite, dormirei bem.

11-08-11

02:02 pm

Helder Santos

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

1º de agosto (Te Querer) ou Mais um sonho.


Densas noites de agosto, em meu sorriso, contagiam o coração. Cansado de não entende-lo, tenho dormido mais sem dormir bem. Toda sorte de ansiedades dominam meus sonhos. As pálpebras dilatadas, fiéis telespectadoras de sua ausência, sentem seus sorrisos de felicidade. Cansados, nada pedem os olhos além de sono sem mente com sonho. Sonhando ter um dia sem sonho, olhos que abrem, fecham sem piscar em suas fotos, relembrando, surperlativando poucas memórias, olhos brilham, marejam e dormem.

Mais um sonho. Mente ativa. Seus passos, abraço e toque. O sublime gosto do seu beijo acelerando olhar e sonhos. Se os olhos vêem, oniricamente sentem, registram em lentes passagens em paisagens que não passamos. A mente, cria, recria mínimos gestos num que de consolo e falta. Quase dia, não distingo o que é real do que é sonho. Meu corpo dói e te vejo nalgum lugar futuro.

Acordando, olhos teimam, precisam sintonizar pensamentos. Um despertar em som insólito - “escuridão, noite liquefeita tudo toma forma, do corpo que se deita na escuridão...escuridão, nenhum olhar aceita, tudo se transforma numa cama desfeita na escuridão”- rejeita o dia. Olhos abrem, fecham, fecham, fecham, abrem... fechados. Acordar dormindo e ainda sonhar. Sonho, pesadelo diário. Adeus, sonho real. Noite em meus sonhos, até mais imaginário. “Open your eyes”, bom dia.

10-08-11

11:48 pm

Helder santos

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Tanto Quanto (amor platônico).


Rasgue as fotos, queime as cartas, apague os e-mails, suma do mundo por uns tempos. Isso ajudará. Não, não ajudará em nada catar rasgos e remontá-los, recuperar e-mails ou sumir de um mundo dela. É, seu mundo não existe no presente platonismo fazendo-te lembrar o que não viveram a partir do pouco que supôs viver a seu lado. Mantenha fotos, e-mails, cartas, tudo que mantiver por perto aquela que, sempre longe, rouba seu ar, e, quando acelerado seu coração bater ao ritmo em seu celular, pense ser a ligação que você espera mesmo “oculta”, em silêncio aterrador, pior ou igual à ausência presente no som da respiração que você decorou. Seja pretensioso, certamente se apaixonará mais pelo ser que julga conhecer. Não! Seja modesto, dela não sabes. Por ela sentes, sonha, idealiza. Acorde! Não, não há como acordar se acordas no mesmo sonho em dor igual ao carinho, destinado em grito com silêncio de Amor, o mesmo em você, o mesmo ser num tanto quanto amor.

09: 14 pm

08-08-11

Helder Santos

sábado, 30 de julho de 2011

...

Filmes ou livros não relatariam à felicidade trazida pelas frias noites de julho, habitando as partes lisas e rugosas do meu coração. Elas, esquentam, idealizam, supõem e até escrevem sobre o viver possível em julho. Nesse, entre tantos julhos silenciosos. Olhares assistiram o esperado beijo na mulher da minha vida e, só em julho a achei e a perdi. Em sua consciência adormecida, sabia ela ter-me. Silenciosa, calou.

Em julho, um ao lado do outro, cochilamos um sonho real e o meu sonho. Nele, linda, sorristes agradecendo um tudo até hoje misterioso tal qual sua personalidade. Acordei na certeza de saber, sem mistérios, o que é acordar sentindo-me bem e assim, “sem comentários” como em inquéritos sem culpados, seguimos ao lado e distantes. Espíritos ansiando soluções cabíveis em sorrisos sem perguntas respondidas num simples olhar.

- Por favor... coisas sinceras, esperam um tempo pra acontecer.

- Há coisas que arrebatam o coração, não há tempo determinado para elas. Onde está seu olhar de julho?

Estaria ele na capacidade de saber o que sinto em sua presença física ou mental ou na minha incapacidade de sublimar isso? Julho se repetirá em seu coração. Sem dores maiores, espero.

- Provavelmente.

Julho se foi trazendo a esperança “a gosto” nos filmes, livros e paisagens que não vi. Nas paisagens , filmes e fotos que vês imaginando “maio”, julho após julho. E por falar em amor. Coisas fortes nem sempre necessitam presença, palavras são palavras. Julho deixará saudades.

Helder Santos

31-07-11

02:04 am

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Quando certazas ou Nos seus olhos.

"Que seja doce a espera pelas mensagens, ligações e recadinhos bonitinhos. Que seja (mais do) doce a voz ao falar no telefone".

Caio Fernando Abreu


Espectadores anseiam. Amantes desejam. Flores precisam. Todos sonham, poucos sentem. A partir disso acordar tornou-se tão difícil quanto dormir. Essa noite precisei de algo capaz de igualar-se ao poder de sua presença real por dentro e expressasse a falta que fazes quando cogitas estar fora. Algo, numa palavra, frase, livro ou obra de arte passível de comparação ao magno poder de seu sorriso aliado a força condutora que tens me fazendo melhor.

Amantes, atores e até flores sonham assim ser. Não há flor possuidora do seu perfume, amantes detentores de tal desejo ou sonhadores capazes da atuação real que você transforma em arte com uma simples caneta a prender seu cabelo realçando seu sorriso.

Não encontro palavras fiéis, flores potenciais a exalar perfumes que iluminem as “frases mais azuis” vindas de ti. Não há razão possível de conter a inscrição do seu rosto em meus olhos.

Ó coração aprendiz dessas razões me dá coragem peito-aberto numa caixa de mensagem coadjuvante da nossa história. Dai-me luz sem o “convencimento” de que algo mudou a partir do "nosso beijo" . Faça do "andar de mãos dadas" coisa real por dentro transformando a "dificuldade" - em você, sinônimo de insegurança- na noite mais especial em meu sorriso, reflexo de sua paz , capaz de fazer meu mundo mudar quando você sorri e me faz assim respirar.

09:41 am

14-07-11

Helder Santos



terça-feira, 12 de julho de 2011

Nós


Lindas canções ou poluição sonora não alcançariam o estridente grito do seu silêncio. Deusas, estátuas gregas, musas americanas,venezuelanas. Atenas , Esparta. Toda e qualquer sorte de beleza e força não atingiriam o que somos e representamos por sermos singulares. Por você precisar de atenção e segurança a ponto de solicitar dificuldade. Por precisar de sua voz no meio da noite, por ser o público do lindo ballet em seu caminhar com rasteirinha no final da tarde. Livros, canções e toda arte se tornam alegoria no mágico pulsar em nossos corações. O universo, sua plenitude... Nada possuí a magnitude bilabial da sua voz antes da próxima palavra.
Por saber que hoje você não ligará e, amanhã como em outros fins de tarde, caminhará como naquela tarde. Por saber que toda biologia e química sucumbem a firmeza de seu toque. Pelo marxismo reinventando a sociedade criada por nós em sua assistência. Vemos o mundo melhor quando entendemos o que não fomos, o que somos, o que podemos ser. Esclarece-se o termos sido igualmente míopes até a tarde dos meus, seus olhos nos meus. A partir daí visões exteriores tornaram-se desnecessárias. Naquela tarde... naquela noite...esta noite... conseguindo ao mesmo tempo esse toque e essa sintonia no olhar. Em seus olhos lendo ansiedades minhas, na existência que dividimos. Nas fases distintas delimitadas pelo antes e depois de nós...o que dizemos, o que não dizemos, o que pensamos dizer, o que qualquer pessoa disse e até o que disseram. Nada se aproxima da sinceridade serena do sonhar acordado dos seus olhos nos meus. Bom dia.
“Não sei se o mundo é bom mas ele ficou melhor quando você chegou e perguntou: tem um lugar pra mim?”
Helder Santos
12-07-2011
11:05 pm

Sobre o tempo

Hoje não conjeturarei sentimentos que não cabem no peito ou amores vãos. Hoje não posso, devo ou preciso. Não há necessidade ou sentido, vontade ou desejo. Hoje olharei para as coisas que acredito fazendo orações racionalmente sentimentais homenageando o dia. Amemos ou não, a vida dirá como e quando. Hoje preciso pensar no dia em que em êxtase, meus olhos casaram-se aos seus num misto de expectativa e alegria. Isto me basta, convém e completa. Do que vale idealizar, sonhar ou imaginar se o real se constrói dia a dia? Não, não pensemos no amanhã! Para que pensar no ontem, no amanhã, se hoje que solidificamos no tempo nossos nomes? Não, amanhã , não! Ontem? Não! Hoje? Trocaria? Hoje, um pouquinho, o tempo todo? Hoje!

12-07-11

10:28 am.

Helder Santos Pereira

segunda-feira, 11 de julho de 2011



Chocolates virtuais.

Onde estão os sonhos e os planos de futuro?

- Uma pergunta por vez, tá? Por vez, uma resposta.

-Quando criança, me alegrava o sorvete nos finais de semana. Hoje, talvez nenhum sorvete me alegrasse mais que o que ainda não tomamos. Saudades? Muitas! Mas, não posso ou devo trocar novos sabores por dissabores conhecidos.

- Onde está sua memória e o que viveu?

- Uma resposta por vez, ta? Por vezes, algumas perguntas.

- Qual seu número? Só mais um pouco, mais um pouquinho?

- As quatro, está bom?

- Respostas curtas, ta?

Sempre as mesmas respostas, tantos questionamentos.

- Há algo errado?

- Noto que aquilo que eu pensava sobre você, agora (depois de conversas) se contradiz!

Vai entender. Eu surpreendo você ?

-Há conversas que não sei entender tão pouco explicar.

Por isso eu não trocaria um sorvete de flocos por você (8)

Por isso eu não trocaria um sorvete de flocos por você (8)