sábado, 11 de dezembro de 2010

Uma infância feliz II

Sonhar faz parte do universo infantil, ser criança é criar universos paralelos e vivê-los intensamente. Dos sonhos infantis devemos guardar algo positivo, deveríamos...

Gordinhos são felizes. Há quem diga que sempre tiramos uma lição positiva dos adjetivos que recebemos ao longo da infância: bolo de b., butijão, baleia, rolha de navio, MUNDO etc.

-Ser gordinho é algo sublime no universo estético atual, afinal, gordos são carismáticos, engraçados, carinhosos, bobos, nada é perfeito, não é ?

- São tantos elogios, a maioria emociona, sabia? Porém, gordinhos são felizes.

Como repetidas vezes tomando o mesmo café da manhã a espera almoço, passando pelo delicioso lanche, esperei por minha melhor amiga. Percebem como gordo é sensível, enquanto seus amiguinhos têm melhores amigos, o gordo, desde cedo,escolhe ficar ao lado das garotas. - Pronto, ela chegou - . Como habitualmente, suei frio ao sentir os passos apressados e desajeitados de Clarinha, linda e morena. - Lembrava a moça da TV cujo nome não sabia o nome, sabia que gostava de morder e era vampira.- Com seus negros cabelos esvoaçastes, Clarinha desatava a correr pela casa me fazendo, em seu encalço, fingir-me exímio corredor. Sempre atrás dela. - Mal sabia que essa posição traria, no futuro, outros prazeres -. Clarinha corria muito, suas perninhas eram ágeis, velozes como os gatos fugindo da água que mais tarde jogaríamos. É, Clarinha, após cansar - isso demorava muito, muito mesmo - gostava de jogar água nos gatos da vizinhança. Dizia ela: gatos precisam ser molhados para se sentirem presos . Molhar gatinhos seria comum ao longo de sua vida. Gatos são gatos. Porque meus amiguinhos me chamavam de baleia? Descobri que ser gordinho pode ser tenso. Nessas horas tinha vontade de ser gato...

- Clarinha, você tem cada filosofia...

- O que é filosofia?

- Sei lá, deve ser alguma coisa que a gente pensa. Meu pai diz que minha filosofia é comer, como penso muito em comida, filosofia deve ser isso, algo que pensamos muito.

- ah, entendi.

O que pouco entendia estava relacionado ao que sentir quando Clarinha se aproximava. Era estranho, as outras amiguinhas também eram bonitas, – chatinhas é verdade, mas, bonitas – ela era especial. Tinha um jeito de olhar, parecia que só ela me via com olhos meigos, olhos que me faziam sonhar próximos encontros. Mainha me olhava bonitinho, mas, mãe é mãe, enfim, duas corajosas. Encontrava Clarinha todos os dias. Mesmo assim, Toda a noite, religiosamente, Clarinha aparecia em meus sonhos. Outro dia acordei muito ofegante, não esqueço desse sonho, estávamos no quarto, ela encostava a porta, me beijava e saía correndo. Não vêem, até em sonhos ela me surpreendia. Clarinha e seu olhar doce me distanciando da torta na geladeira ao me aproximar do mais delicioso dos sabores, o do primeiro amor.

(continua...)

11-12-10

01:13 pm

Helder santos

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Deixa o mundo mudo.

Acordar com a sensação de que o mundo caiu e nada é como ontem. Luzes coloridas na rua preto e branco perto do colégio, pessoas indo e vindo. Essa contemplação finda em meu ser a parte em mim levada ontem. Hoje,como as pessoas que passam, não sei quem sou, o que são? Nenhum movimento além do seu deixaria o mundo mudo. Emudecemos no tilintar de um celular descarregado enquanto nossas baterias esvaziavam em sinfonias tristes. Toques, gestos, palavras mudas em silêncio com você.
Na triste rua ao lado do colégio uma menina escreve o que escreveria uma menina triste. Palavras de amor ou um libelo à volta? Algo se foi com cores e sons. A menina não conseguia sentir, escrevia , restava-lhe escrever sob estrelas, sobre cinzas estrelas artificiais no céu do seu desconhecido ser denunciando o brilho furtado mais caro amor, numa pseudo-promessa de futuro sem envolver palavras de amor sussurradas noite passada hoje silenciadas.
Dormir carregando consigo o estranho peso de seis meses escritos em linhas coloridas acordadas em preto e branco. Não dormir e sonhar com linhas coloridas e a volta da luz a carregar celulares mudos. Distantes mundos e nós, mudos como à música silenciosa do tilintar nos aparelhos mudos ao lado do travesseiro sonoro da minha insônia confessando gritante minha tristeza muda.
Alegre, a rua ao lado sequer percebe a existência da menina muda encostada na parede encrostada do sentimento mudo nas lindas palavras lidas ontem, emudecidas hoje. A menina triste escreve sobre aventuras de um heroi mudo e triste que jura saber canções de amor. Triste, a menina alegre e triste conta como cantará uma nova canção dizendo ouça no volume máximo.

*dedicado a Gabriela Araújo.
fonte:
http://fortaleceaimeucoracao.blogspot.com/


09:34 pm
07-12-10
Helder santos

domingo, 21 de novembro de 2010

Recomeço.

“Entre dedos, olhares e sons

Passaram os toques melódicos, tristes e alegres de nossa convivência.

Dia após dia cultivamos o amor e, hoje, algo novo nos espera.”


Recomeço.

O aguardado fim no começo dos olhos que sentimos marejar,

O abraço tenro, que falta amanhã fará!

Ah, Coração que treme, pulsa, fantasia o reencontro,

Faz o tempo voltar!?


No começo, crianças brincando , garotos hormonais chorando:

Ó sons nostálgicos da despedida cantada prosa e verso,

Ó dias de nosso futuro, do reencontro chamando.


Não, hoje não posso, não vou chorar,

Não quero, não devo lamentar

E sei, não há noite chegando

No sorriso de tristeza alegre, na despedida


Anunciada , adiada pelo amor

Do nosso abraço falando, no nosso toque conhecido desde a ida.

Aqui estamos, braços e vozes gritando, ausentes de dor.


É saudade: montanha erguida nos dias bons.

É segredo contando por sentimentos interligados.

É cumplicidade, façanha, nosso achado.

É, apenas começou, é, sentiremos saudades.


11:00 pm

18-11-10

Helder Santos


Dedicada a meus erternos alunos, amigos, formandos 2010 do colégio São Francisco e do Colégio Santa Cecília.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sobre conversas informais com “sua marca no mundo”.


Ontem pensei em você. Como em clichês, aparecestes. Exprimi solene o que se exprime em situações como essa: “ ela não morre mais”, ainda bem. Desejei sua vida, estar em sua vida, ser sua vida. Pouco importa se outros tantos pensam ou pensaram isso. Como ser romântico o que importa está em meu ser como o benigno egocentrismo ao qual vários fogem sendo esse o sentido da minha vida dando-me vida, a vida que desejei. A vida que desejo? Vai saber. Viver é complicado e danado de bom. Onde mesmo está você ? Estive pensando nisso, pensar é demasiado complicado e cheio de clichês. Estou pensando em você.

11-11-10

08:39 pm

Helder Santos

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Escrevi pra você II

A espera do seu chamado o músculo cardíaco bate além dos tic-tacs do relógio. Minutos, horas, dias surperlativando angústias e ansiedades pelo que está por vir. Meses do que não vivemos somam-se aos dias que não estivemos juntos desfazendo, refazendo o que penso e sou . Percebo nada saber do vivi quando em mim o movimento de antes dá lugar ao de hoje guiando-me ao desconhecido dependente de você. Chegando, levaste consigo o valioso dom subjetivo desse coração agora seu. A partir dessa ausência conduzo-me a idolatria possível: Ó deusa agrestina nas palavras que grito. Ó musa violinística nas músicas que ouço em silêncio. Ó paisagem litorânea a remar em meu coração árido. Aparece! Clame presença ao espaço preenchido nos olhos ansiosos por ti. Some! Agarrei fundos ao banco em greve que jurei te ver. Ó miragem! Apareces em filas, em ônibus, em salas, no escuro do quarto, no calor aterrador do sol, no grito, ao lado, perto, distante, em silêncio. Ó onipresente que amo. Ó beijo sem suor entre os dedos ou enlace na cintura. Ó chama a queimar sob água. Ó gelo petrificando meus medos.Surges! Seja mais que silêncio. Indague, questione a alma hoje tua. Devolva-a somando-a ao que guardas com ou sem medo. Entrega teus desejos. Lute, vença seus medos com a igual força que levaste a parte próxima a meus pulmões. Devolva-me ar travando em nós a parte ausente em mim lapidada pelo brilho em teus lábios ausentes por razão, cientes do que chamo medo sentido emoção. Volte ao caminho percorrido uma semana atrás. Conte com igual furor o ser límpido, languidamente sensual do nosso primeiro aniversário.

Cento e sessenta e oito horas sem a cor do rosto corado por esses lábios me fazem pensar que dia seria o hoje se o mais importante acentua-se ao momento primeiro de outubro na camiseta escrita England miopemente lida enfermagem nos fazendo rir.

- Dormi pouco, tenho estudado muito.

- (pensamento..ela se sente só) – Tem se alimentado bem?

- As vezes, quando tenho tempo, nunca tenho tempo...

- Conseguirá, acredite. Não se cobre tanto, acontecerá tudo a seu tempo.

Por instantes percebo estar próximo à memória, longe do toque. Enquanto a presença me leva ao caminho de sua casa sem ao certo saber onde. Em nome da avenida sagrado coração sigo e devaneio pelos quarteirões fotógrafos do amanhã em nossas mãos dadas. Abaixo dos residenciais petrifico em todas as janelas que apareces, em todas as portas que abro sutilmente no condomínio fechado do seu coração.

É tarde e ainda assim pensamos como intensidade as vezes sinônimo de loucura é mais sinônimo de similaridade, empatia. Não tema! Sou o que precisas, és o que anseio e nos seus braços dou pistas. Atravesso pontes escalando o íngreme muro aparentemente obstacularizado por seus objetivos. - Meu objetivo está em você e no que te cerca. Preciso de seus cuidados. Estou doente. Exerça medicina em meu coração. Nele seu diploma foi expedido sem testes ou dor. - Uma moça ao lado estava de branco. Não era você. Ceguei com a claridade vinda de cima, te enxerguei no céu.

Continua....

07-10-10

11:45 pm

Helder Santos

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Escrevi pra você

Lutei com essa caixa de mensagem, não consegui vencê-la. Na verdade não consegui vencer a tal ansiedade do ritmo as vezes egoísta, outras igênuo e até nenhum dos dois sendo apenas saudade. Saudade da garota que desejo conhecer e sei ter uma rotina cansativa ao ponto de não sobrar tempo para o resto do mundo. Mas, é preciso agir assim e mostrar como a partir do momento que ela surgiu trouxe consigo um divisor de águas. Do antes vago ao depois inconcreto e possível criador de pecados por excesso sem trazer a tona pecados por falta. Confesso estar rendido, entregue ao que desconheço e me toma separando razão, instinto e emoção tão claramente que pareço conhecer tal sentimento com propriedade. É, não consegui ouvir sua voz. Misturei insegurança, medo, tristeza, angústia, desilusão, pavor. E se ela sumir? A pergunta é o que será de nós, o que será daquele momento se somos perfeitos em nossos defeitos sem sabê-los de cor. Nem faz tanto tempo. Outubro não pode ir embora levando-a consigo.

Primeiro de outubro.

Há dias que você poderia congelar o tempo, tudo é perfeito em dias assim. Se nos resta a memória eternizo na mente o primeiro reflexo da minha imagem nos seus olhos; a forma como você morde o lábio enquanto pensa; a ansiedade pela próxima palavra; o som da sua respiração. O inédito, mágico e inusitado encontro de seres inimagináveis antes.

- posso sentar ao teu lado?

- claro!

(...)Silêncio....

Enquanto o sol acelerava o calor de nossos corações fazia surgir a comprovação em não termos lembrança alguma de quem estava ao lado a igual noção de sermos desconhecidos desaparecia a cada palavra proferida com similaridade, proximidade. O sermos desconhecidos assumindo voz de “curiosidade”, intensidade, carinho no primeiro toque suave do seu rosto em minhas mãos, o simples tchau típico de pessoas que certamente não se veriam substituindo-se pelo até mais no sms que você não leria naquela noite. Beijo no rosto, insegurança em olhar pra trás, a saudade.

(...) bah, bah...calor.

- Não conseguirá colocar a cortina na janela, a mulher está agarrada com ela ai atrás.

(...) risos.

- H...

-Y...

-Prazer.

- Igualmente.

Sabe, o tempo poderia parar, aquela janela poderia nunca fechar eternizando o dia em que fomos felizes. O preenchimento naquele olhar, a sutileza daquele que sabe ser o mais especial dos seres sem precisar de mais que o silêncio fitando o horizonte pensativo de quem estava ao lado. Você tão simples e segura me fazendo rir num calmo e consentido olhar, um sorriso interno daqueles que acabaram de conhecer o amor da sua vida sem saber como será o dia seguinte. Até o dia em que seremos felizes.

Continua...

06-10-10

08:06 pm

Helder Santos

domingo, 19 de setembro de 2010

Sobre Flores e Rosas

Meu coração está repleto de uma coisa a qual não sei. Sorrio com coisas engraçadas, fico feliz com inteligentes, acredito no amor. Um amor maior que o universo presente em todos que amo sem necessidade de algo carnal. Um que de paixão nas coisas que faço e sinto povoa meu ser como o abraço dado ontem, hoje e amanhã em pessoas que sei, estarão sempre ao meu lado. Guardo intensos sorrisos encontrando esses de volta. Estou feliz como um pássaro livre, estou radiante como uma bailarina em seu número. Hoje sei o que sou, sei o que tenho. Hoje sou feliz pela existência dos pequenos, enormes corações que trago junto ao meu. Vi um sorriso, vou abraçá-lo.

Helder Santos

01:25 pm

19-09-10

sábado, 18 de setembro de 2010

A menina que trabalha na rua ao lado. ( nem sabia =*)

Muito desejo do que desejo dizer em poesia representas num sorriso,

Intensificam-se carinhos, gestos mostrando-te em ação,

Chego a pensar ser sonho ou parte dessa confusão.

Há algo em mim , um que misterioso entre nossos passos e essa estrada.

Entre nós. O mundo vêm de você para mim como seguem águas ao mar

Lembrando o infinito em teus olhos abertos enquanto durmo

Entre seu abraço, - sobre estrelas invejosas no espaço - ouvir seu cantar.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

32 dentes


É só o começo e seu espírito provoca o âmago do meu ser igualmente a placa de siga a direita na rua ao lado da sua, que ainda não conheço. Coloco-me ante a esquina e seus carros parados, atentos ao bailar musical no sorriso 32 dentes sentindo-o só meu. Curioso, seus olhos são o sol aberto num dia de sábado e meu descanso pousa neles como a chuva na terra em dias nublados: calma, intensa, paciente a espera do calor provocado pelos apressados passos-sandália-rasteira nos seus pés. Alegrias mudam de cor, pele muda de cor, sorriso, muda de cor. Até o universo cria espaços minuciosos após seu simples toque menina-mulher. Em seu sorriso singelo por qualquer bobagem que falo, a rua ao nosso lado se move e sorri junto, se vê feliz como os passos apressados das sandálias brancas e rosas soando de mãos dadas. Encostamos os rostos, fitamos os olhos, lançamos aos lábios ao doce gosto da chuva caindo com o sol do nosso primeiro beijo... Enquanto a rua ao lado da sua assiste elétrica e enciumada os corações repletos no abraço milimetricamente encaixado do dia que cheguei a sua casa.

Helder Santos

00:45am

17-09-10

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Portas de não ser

É cedo e ainda tiras meu sono.

Faz tempo e ainda não consigo pensar o pensamento em dormir,

Jazigo de há tempos, os lugares que não te encontro tiram o pensamento,


O pensamento em dormir

O pensamento em dormir vem e foge como foges sem vir.

Janelas opacas da minha alma,

Janelas fechadas, desde então


É tarde e o pensamento em ti não dorme,

Acordam adormecidos pensamentos do passado...

Penso e ti, nenhuma imagem além da sua povoa o céu púrpura no meu peito.


Desperto, a sensação de preenchimento no vazio é minha companheira.

Estou só como carruagem sem cavalos parada ao lado da janela sorrateira,

Estou preenchido como vácuo numa ferramenta solitária a espera de engrenagens solitárias como ela.


Posso sentir gosto de sono na janela ao lado,

O sono não vem, essa noite não acaba.

Estou cansado como janelas de casas que não abrem por não haver moradores,

Estou sonolento das atividades que pretendo e não consigo iniciar.


A menina que passa ao lado sorri,

Sorri o sorriso de menina que senti na infância.

Não era você, sorriso que não mais vi

E se vir, verei outro. Distante da infância


A casa ao lado da janela tem portas que não abrem,

Passo curioso pensando abrir a porta...

O sono vem, não sono de ti, o sono em abrir a porta.

Quantas portas abrir próximas da janela que não abre?

Quanto sonhos em janelas distantes da sua?


Não minha casa tem uma porta, ela abre, fecha

E você não traz sua chave.

Estou só como a fechadura solitária da porta que não abre,

Estou cansado como a menina que fecha a porta e não sabe pra onde ir.


Fechei a porta, fechei a porta de ser.

Além disso, a janela ao lado ainda está fechada.

O ônibus chegou ao ponto, preciso descer, descansar, dormir.

A menina ao lado não era você. Não abri mão de abrir a porta.



Enquanto chove aqui dentro, lá fora, a janela fechada assiste

A menina ao lado sorrir entre gotas de chuva e lágrimas,

Estou parado no ponto de ser, subi escadas no ponto de não ser.

A menina ao lado, entre a janela,

A menina sorrindo...

Janelas de não ter.



07:01 pm

09-09-10

Helder Santos

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Sobre olhos que preciso mesmo hoje ausentes.


Escrevi pra você coisas que não conto a ninguém. Você sabendo, o mundo se exploda. Enquanto estivermos nesse quarto, enquanto você pedir pra te escrever algo que fale sobre você, não ligo, já não me importo com nada além de ti . Só de sentir o brilho nos teus olhos quando penso neles igualmente preenchidos pelo amor que sinto do que não sentimos ainda. Sinto só. Tão só quanto o dia em que te disse que eras única e você duvidou, só como o retalho que fica fora do vestido que usarás amanhã, tão só quanto a garota que passa e não consegue ser o mínimo do que você representa no universo que criei pra nós. Aí, penso em você, em coisas que não irão mudar pelo fato simples de sermos nós. Ela com seu olhar esquisitamente perfeito e eu com meu estilo desengonçado formamos o par que poucos conseguirão. Não, ninguém conseguirá! Só nós e mais ninguém consegue a química que existe quando duas pessoas se unem por serem únicas...o sorriso sem jeito, o aperto de mão, o beijo molhado. Nós e o encontro que hoje promete sonhos de ontem a serem revistos no presente. Não estou só, estou com sonhos que criei e você está neles de quando durmo até o acordar. Estou de pé com as coisas que te disse, te amando como nunca, que querendo como hoje e sempre, saudades do seu beijo que sexta era perfeito. Te amo como uma parte de mim que não conheço e descubro dia a dia. Simplesmente te amo. Pensando nisso, olhos esquentam como o café que esfriou. Estou só e ainda vejo a garrafa pedindo mais calor. Sonho e meus sonhos nada são além do fogo que ascende apagando o que vejo quando não vejo o que mais quero. Você preferiu dormir. Pra que?

05-09-10

05:42 pm

Helder Santos

Fran Câmara

domingo, 5 de setembro de 2010

Sorrisos noturnos ao meio dia

Estou com frio, preciso de café e a noite só está começado...Enquanto não encontro em quem pensar, penso em você. É! Penso, e mesmo acreditando ser tempo perdido, encontro tempo pra pensar em algum momento de um novo tempo. Pode ser hoje, amanhã. Haverá o tempo em que pensar será uma tarefa recíproca, provavelmente não estarás nesse pensamento. Esteve por anos povoando o solo inabitado desse coração insólito. Creio! Acredito em momentos que não serão repetidos quando houver outro alguém, momentos sólidos que só podem ser vividos por quem se dispõe entendê-los. Você não os entende, nunca entenderá coisa alguma enquanto o alvo for seu próprio umbigo. Dei o melhor de mim, tentei ser perfeito até quando catei raspas dos amores que vivesse. Polui meus sentimentos com algo distante do desejado por não te ter. Machuquei pessoas negando o que sentia ao sentir por ti o que deveria sentir por elas.

Fraquejei brincando de roleta russa com meu pobre coração. E, quando na madrugada de um novo devaneio você surgir, procurarei ser forte e fechar a porta ainda aberta que deixasse quando dormiu na cama ao lado e preferiu a TV aos meus braços. Estou só como a porta da casa que nunca abre por não haver moradores. Estou cansado como o trabalhador que termina o serviço de sempre e amanhã sabe que ele o esperará sem mudança alguma. Quero alguém que faça o mundo parar num sorriso, quero sonhos estando acordado, quero acordar e ainda estar com ela ao lado. Não , você não estava quando acordei...Enquanto não encontro, penso no que nunca tive, penso em ser a porta aberta numa casa habitada, penso ser o trabalhador que chega cansado e encontra paz e sossego num abraço.

Penso ser aquele que ama o que conhece sem medo de acordar com a cama vazia. Penso ser aquele que tem alguém que conhece um pouco todos os dias, ser o que sorri e tem um espelho presente e vivo mesmo sendo oposto. Penso na garota que está do outro lado e sofre como eu, penso em ser alguém que ela busca, ser alguém que , como ela, precisa de alguém como eu. Penso...o café acabou, nem preciso de açúcar....boa noite.

00:40 pm

05-09-10

Helder Santos

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Cansei, escrever versos?


Cansei, hoje não escreverei versos!

Do que adiantarão os versos de hoje, se amanhã não serão lidos?

Mesmo torcendo pelo contrário, os versos de hoje nada serão amanhã,

São como o amor que senti ontem, hoje nada me convém.

Minto, versos ainda convém, mesmo os de hoje que estão sendo escritos sem ser.

Louco, uma vez acreditei no amor, no amor produzido por versos, sei, foram lidos.

Não mais escrevo versos, não amo.

Ao lado da porta, a menina olha, olha e acha um papel no canto da parede, versos!

Versos , meu Deus! Versos que não serão lidos, a não ser pela menina ao lado da porta.

A porta se abre, se fecha e lá estão os versos.

Quanta insanidade! Não estou escrevendo versos e essa menina encontra versos.

Acreditar nisso, manter-me intacto.

Os versos que não fiz, a menina que não mais verei.

Versos, versos, versos de não ser.

Mas, o que ser sem versos?

A menina que os lê acha algo engraçado, teve realmente paciência para com eles?

Versos de não sei o que em algum lugar.

A cidade onde vivemos, o amor que não tivemos.

Versos de ser, verso pra ser o que não sou quando escrevo versos,

Os acabo, escrevendo.

Escrevo, estranho, empenho, entulho...

Versos em algum lugar isolado ao lado da porta fechada, versos!

Cansei, amanhã escreverei versos!

Será a mesma menina a encontrar novos versos?

Versos de quem ? Cansei, amanhã escreverei versos!

00:52 am

31-08-10

Helder Santos

domingo, 29 de agosto de 2010

Enquanto isso, no mundo perdido.


O mundo está perdido! Homem sentindo coisas estranhas, sentimentos verdadeiros. Coisa esquisita! Enquanto isso no mundo perdido, coisas se acham, se completam. Sentem-se tão completamente que chegam a fingir ser dor o amor que sentem. Talvez alguém tenha dito isso, certamente disse. Pouco importa, muitos falaram sobre palavras repetidas, aquelas sempre ditas. O mundo continua o mesmo, não? Te sentes como mulher? Que estranho! Logo tu, o mais homem dos homens e sentes como mulher? O mundo está perdido! Ao longe, distante do mundo perdido soam-se vozes estranhas, sons desconexos. Se o mundo está perdido, de onde vêm esses sons? Porque fazes tantas perguntas? Lá vem você, porque insistir em respostas? Nada está pronto, acabado, o mundo é uma pergunta! Como você está? O que têm feito? Como foi seu dia? E a aula de hoje? Tantas perguntas repetidas esperando novas respostas, enquanto te espero no mundo perdido, o mundo continua perdido.

Nada que faças, sinta ou pense fará desse mundo um novo mundo. Por isso, insisto: o mundo está perdido! Perdido e ninguém encontra a chave. Acordar cedo, passar o dia estudando, entupir-se de chocolates e sucos pensando a hora exata que terminará aquele trabalho e poderá dormir. Dito, feito: o mundo está perdido e não pude te ver essa noite. Mal falamos, estava tão atarefada e nem notou o brilho dos meus olhos certos, retos , perdidos nas curvas do seu olhar... distante, quilômetros de distância.

Você pega o mesmo ônibus e todos os dias por mim, passa apressada, nem nota, sente ou fala. Lá estou, perdido no mundo perdido a sua espera. Nesse movimento pareces segura em não perder-se. Ainda lembro: ontem você sorria e eu te olhava com a cara de quem viu a coisa mais linda de toda existência e mal sabia que isso era possível.Claro, tentei falar coisas engraçadas, te mimar e até fingir que você era uma garota normal.Esse mundo está perdido. Espero te encontrar, quem sabe no ponto que você nunca para e sempre estou a te esperar? Quem sabe no olhar que deixei pra ti da última vez que nos vimos? Quem sabe no seu nome, letra A dos meus sonhos? Ou quem sabe, nas palavras repetidas que disse a alguém enquanto esperava por ti? Que, quando te encontre, estejam esses lugares, todos presentes, coadjuvantes do que encontrei nesse mundo! Ponto. Que me encontres nesse mundo! Porque hoje, sei que quero te encontrar e dizer as coisas mais bonitas, porque hoje sei que posso amar como amei antes, mais que hoje, menos que ontem. Com a intensidade dos olhos que te sentem a quilômetros sem ter ideia de onde você mora. E, quando te avistar, que você me ame como ontem, me ame como te amo. Enquanto isso, te espero, te vejo nas lentes do mundo perdido.

11:00 pm

29-08-10

Helder Santos

Te canso?!

Eu Canso você?

Então encontre uma forma freudiana de cuidar seu pequeno mundo:

Cate suas futilidades associadas ao ridículo senso de humor dos últimos anos...

Continue fazendo planos medíocres de uma vida feliz.


Eu sei o que você QUER:

Uma cópia feminina de sua ausência. É o que pode dar?

Você, que um dia fez-me crer em algo bom, agora sei bem o que queria.


Eu canso você?

PRECISA DE ALGO NOVO?

Divirta seu brinquedo em outro lugar, não tem nada além dele.

Eu sei o que você quer quando diz coisas aparentemente bonitas.

Você que nada é sem seu brinquedo percebe que agora ele está quebrado.

Pouco importa se um dia conseguiu algo, não é nada sem seu brinquedo e agora ele está defeituoso.


Eu ainda canso você?

As vezes chega a hora de parar e ver o mundo de uma nova forma.

Ainda canso você? Seu brinquedo está quebrado, nem se você quisesse se cansaria como te cansei.


Não, não canso você!

As vezes chega a hora de encontrar novos brinquedos, o seu está quebrado.

|Precisa de algo novo? Seu brinquedo quebrou!


Helder Santos

02: 16 am

29-08-10

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Uma infância feliz

Parte I

Gordinhos como nós, são felizes. Confesso ter sido possuidor de uma infância agitada. No futebol , enquanto todos eram ágeis, exímios velocistas, eu era o goleiro; No pega-pega, procurava uma posição que pudesse alcançar os menos destemidos. O menos destemido era eu. Todos me pegavam, não pegava ninguém. - acreditem, isso se repetiria de outra forma no futuro e , igualmente triste salve devidas proporções - Nem por isso deixei de ter uma infância feliz, tinha amigos, eles gostavam de mim, afinal, sempre tinha lanche em casa, eles adoravam, eu também, só eu engordava.

Enquanto meu corpo ganhava volume e meus desejos resumiam-se ao que comer no almoço, os amiguinhos namoravam. Até o fatídico dia de verter-me em paixão, nem tinha ideia do que seria aquilo, algo esquentando por dentro. Um calor. Suava frio. Crendo ser parte do processo digestório, pouco me incomodei. Continue comendo. Comia , comia, na verdade, nada comia.

As porcarias ingeridas por meus amiguinhos eram muito mais deliciosas e, eles levavam uma vida nova sem pensar em comer aquilo que para uns seria super nutritivo. Esse algo novo, esse despertar, que a noite, se chama polução, pelo dia chamasse sexo. Seguidas noites sofrendo com algo novo, quente e distante da realidade dos meus amigos, eles tinham namoradinhas. Não as tratavam como - quem sabe elas merecessem- as tratavam! Elas gostavam. - gostaria de tratar alguém , pena que o mais próximo de tratar que conhecia era quando mainha preparava peixe. Meus amigos também comiam peixe, adoravam. Quanto a mim, restava-me o peixe de minha mãe - Elas deviam gostar muito, estavam sempre com eles. Ao passo que meu corpo tomava formas colossais, as meninas tomavam formas delineadas e os garotos cresciam, não na horizontal como eu, cresciam verticalmente.Ah, essa história continuará com meu coração batendo, batendo tão forte quanto um cardíaco, tão pesado quanto o mundo, tão distante quanto o infinito de não ter... (continua)

Helder Santos

10:11 pm

24-08-2010

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Amor, por que não?

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(...) então...é o fim das coisas que você acreditava. Após ser dor, causar dor, tornar-se dor. Nada mais és que dor. Dor de alguém que nunca fostes, dor de amores que nunca tivestes, simplesmente...dor. Um ardor que queima o peito, dissolve o que tens, não tens ou tivestes.
Pura magia da dor presente na ausência do fim sem começo  num verso sem rima ,um não esperando sim repetido, metafísico. Definitivo talvez. O sempre amor[1] indivisível nos que acreditam, repudiado aos que repulsam, o não. Esse indefinível sim que chamam sentir. O esse presente distante capacitor desiludido,.O amor. Aquele que sente, não sente, te divide. Ó amor...tão próximo ao dizer coisas tão belas na bela hora... fora de hora. Sois, perdes sucumbes ao desejo de um simples instinto. Tu que sempre foi certeza?! Tu que um dia jurou diálogo? Tu, sempre ausente recatado amor, virtual, imprescindível furor. Tu...Ninguém mais que tu soube amar, ninguém além de ti, soube evitar, ninguém além de mim soube amar, fez sofrer, fez chorar, não soube amar? Tu, eu. Nós não sabemos amar. Amaríamos amor, amaríamos que sabe amar? Eu que te amo, não sei amar. Tu, amando-me, não me amas. Ela, sabe amar, sofre. Eu, sabendo amar, sofro. Quem sabe amar? Quem sabe o que é o amor?
Sabes amar. Sentes amor vermelho no magro rosto pálido da despedida[2], no presente, distante beijo fatídico, verídico, inverídico de um, dois nãos em mim ausente. Distante, presente beijo em sucessíveis nãos. Tão adulto, tão criança, tão esperto e ingênuo fim. Início das coisas que você não acredita acreditando. Amores verdadeiros? Falácias! Amores vãos, verdades. De tanto repetir mentiras fabricam-se verdades: fim, início, morte. Nuances amorosas de falsidade. Acabou, amor. Fostes medo, sois verdade. Amor, acabou amor... somos de outra cidade.


[1] Desejo contraditório eleitor de modelos nem sempre desejados estabelecendo padrões dicotômicos como padrões corretos. Simples e egoísta age como um fardo em corações que realmente amam.
[2] Mágoa presente, ausente nos que julgam sentir. Fim do que sente multiplicando amor-ódio presente.Trama recorrente até ser despedida.

domingo, 7 de março de 2010

Quando conversei com seu coração

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Então, quis um amor. Procurei no céu. Lá era muito alto, muitos anjos viviam no paraíso. Lá, faziam festas, comiam, bebiam delícias seletas, viviam numa clima harmônico. O céu era demais pra um mortal como eu, aí pensei: preciso de algo mais palpável, de um amor que viva simplicidade, esteja disposto a se apaixonar de verdade. Fui á lua. Lá encontrei corações preenchidos e corações partidos como o meu. Havia uma divisão clara, do lado escuro ficavam os corações partidos, do lado claro ficavam os repletos de amor, os correspondidos. A lua é linda, cheia de buraquinhos no solo, luz e corações, partidos corações. Desisti daquele clima, só havia chance de conquistar destroçados corações como o meu. Passei semanas pensando noutro lugar, num que pudesse liberar meu espírito, libertar minha alma, acalmar meu coração. Decidir ir à terra. Na terra era tudo muito complicado, as pessoas eram egoístas, criavam estereótipos fazendo conjecturas absurdas a respeito do que era amar. Lá , salve raras exceções, o que importa é a beleza física. Não tem essa de pensar em amor verdadeiro, as pessoas gostam de poder, de luxo, se apaixonam por moeda, por interesse. Conheci umas garotas lindas, perfeitas. Gordinhas, magrinhas, loirinhas e moreninhas. Todas lindas, legais, inteligentes, espertas, descoladas. Estava sozinho ali, elas viam algo legal em mim. Só não viam meu coração. As meninas da terra eram estranhas, pareciam se guiar por uma coisa indefinida e imprevisível, gostavam de festas ao luar, de sonhos com anjos, de olhar pra o céu. Eu que já havia conversado com anjos, ido à lua e agora conhecia a terra, achava aquilo muito esquisito. Como pensavam nessas coisas e agiam distanciando-se delas? Nessa hora me bateu um vazio muito grande, um oco colossal, algo incontrolável. Imaginei, onde poderia ir agora? O que fazer se em todos os lugares há tanta solidão e as pessoas boas não são felizes. O que fazer? Parei instantes, remontei pensamentos. Fiquei em silêncio e resolvi que depois de tanto viajar só poderia conhecer um lugar. Ele era meu amigo, conversamos constantemente. Confio e acredito nele. Então, como se começasse tudo do zero, parei de procurar lugares distantes, pessoas perfeitas. Fui ao lugar mais belo e perfeito de todos. Conheci meu coração.
07-02-10
02:16 pm
Helder Santos


07-02-10
02:16 pm
Helder Santos

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

13


Você é diferente, representação do começo desmontando o que julgo conhecer. Planos mudaram com a percepção do brilho nos meus olhos avistando seus lábios. Assim seus olhos convergiam os meus enquanto ao longe tacava-me sua mão.

Quando o relógio bateu 6:30 ela estava cansada, sentia-se especialmente distante quando ainda sonolenta precisou acordar. Desligar-se ao doce prazer do sono encontrando a rotina igual ao novo-velho dia. O dia de hoje. Ter frio, o frio carente de uma gata. O cansaço solitário num ser arrojado e independente que hoje estava só, entregue a si mesmo como um copo vazio. Só, presente em si mesmo como uma folha em branco. Preenchida, submersa em ar rarefeito como se possuísse volume. Saudosista do que não viveu.

Patrícia sublinha no céu paisagens felizes, sonhos impossíveis, medos presentes e carinhos ausentes quando o especial “ser seu’ está distante. Teme a cor, o som os gesto que não gesticulam. O silêncio aterrador das aves numa terra sem aves. Patrícia e a solidão presente num amor que não vem. Não passava das 8, nada mudava a não ser o relógio a bater a mesma hora de ontem quando ela pensou em mim, num verso introvertido falando extrovertidamente ao nosso lado, numa palavra parando o mundo parábola no vértice desse coração.

Seu pensamento chegava em vibração e instinto carregando a chama ausente num homem cheio de amor. Conseguia captar o que sentia e precisava. Esse era o querer alguém característico de Patrícia, comedimento, sonho, silêncio e pensamento. Ela, o que sente e pensa, o que age e controla a controlar. A distante chama de paixão e sangue secular imprevisível desse sentimento infinito. Ávido, intrigante gostar. Se poucas mulheres poderiam ser , só ela sabia ser o que poucas mulheres saberiam ser para um homem. Patrícia é desejo, intensidade e fúria. Assim surgida num devaneio, assim colocando-se em gestos singulares de amor e medo, ela gritava em silêncio para aquele que sempre a amou se recolher-se.

Ao sentir o que ela emanava, ao imaginar que estivera aqui. O amor antes surreal - hoje possível- não me deixava pensar. Tomei em punho a primeira caneta e escrevi isto tentando dizer ainda te amar.

06:51 pm

Helder Santos

23-02-10

Quando um anjo cantou e dançou ( parte I)

Era um dia aleatório como são os dias de verão, um dia de calor insuportável. Para meu consolo existia cerveja, cerveja e vontade de nada. Passei alguns minutos do tempo que tive para não pensar em nada pensando em algo que libertasse meu corpo do mal estar causado pelo calor. Ascendi um cigarro, tomei o último gole da cerveja, levantei a cabeça. - Se tem algo poderia repetir diversas vezes era esse levantar de cabeça – Em meu rosto espantou-se a marca desajeitada de quem acaba de se apaixonar. É, paixão! O que ela tinha demais? Uma garota como tantas. Linda, loira, magra, sorridente que andava como se o mundo fosse feito tão e somente para ela. Não, não andava. Levitava, transpirava ao mundo um sentimento que outra mulher jamais conseguiria ou conseguirá. – Leitora, se por acaso fores loira, magra, linda e achar que pode conseguir, tente, duvido que consiga, ela sim se estiver lendo sabe que consegue, vocês, parem de ilusão, se a realidade dói é melhor enfrentá-la – Me deixar levar por esse sentimento era a pergunta viável considerando o looser¹ que vos fala. Se para mim paixão e realização amorosa não andavam juntas, deveria refutar toda e qualquer tentativa de conquistá-la. Teimoso que sou desconsiderei o possível insucesso trançando o plano de dessa vez não sofrer e rir. Claro, jamais alcançaria a potência do sorriso daquela que passara do outro lado da rua. Eu, o possuidor do sorriso mais sem-graça que se tem registro tendo por máxima conquista um sorriso de canto de boca da menina mais feia que se tem conhecimento – fazíamos 4ª série, ela tinha 9 anos e quarenta e cinco quilos de amargura - nada poderia fazer a não ser esperar e sorrir como sabia, sorrir de desajeito, sorrir para ela na esperança de chegar nela.

Outro dia não tão quente como aquele seria um dia gélido. Precisava do calor diário que só aquele sorriso poderia proporcionar. Descobrir em pouco tempo que algo deveria ser feito e bem feito, era o mesmo que descobrir não ter controle algum sobre a situação. Para mim nunca foi problema delegar a mulher. Que um amor recíproco me controlasse sobre o que deve ser feito, mas, na categoria de desconhecido, ela nada sabia, muito menos que faço parte de sua vida. Casualmente acabei enamorado de alguém desconhecedor da minha inteligência e virilidade, pior que isso, desconhecedora da minha existência. Era constante divagar naquele sorriso me esbaldado a espera da realização do sonho em ser feliz. E se tão loira quanto veio ela sumiu me restara lembrar. Lembrava alto e baixinho, olhava em volta sentido o perfume desconhecido, respirando o toque não dado. Sonhava com ela, e como uma criança calma nos braços da mãe , dormia, dormia acordado e dormindo. Dormir nos aproximava, acordar seria pesadelo real da existência irreal daquela mulher em minha vida. Quantos dias? Nem contava os dias ou sabia se era dia ou noite, se chovia ou fazia sol. O calor antes aterrador daria lugar ao calor de olhos agora ausentes ainda que cheios de esperança.

Fui ao mesmo bar, alcancei à mesma mesa, tomei a mesma cerveja. Cerveja e cigarros, mudos companheiros da visão celestial de outrora a acompanharam-me, mudos, porém mais intensos á nova visão apresentada. Como se Deus houvesse descido á terra e mandado arcanjos escoltando o anjo do dia dos meus sonhos, dessa vez algum demônio subiu e do inferno carregou nada menos que a escolta principal de anjos caídos trazendo ao lado deles a única mulher que não precisava encontrar naquele bar: minha ex-mulher. Quem já foi casado há de concordar, ex-mulher e ex-marido deveriam não existir, não que esteja propondo genocídio coletivo, sugiro um acordo: mudem de país, estado, galáxia! O importante é deixar que seus ex possam ao menos tomar uma cerveja em paz, terem um possível segundo encontro e que esse aconteça sem a infeliz presença dos olhos de quem antes amou, agora odeia.

Mesmo duvidando da feliz coincidência de um raio cair duas vezes no mesmo lugar, quer dizer, de um anjo descer duas vezes do mesmo céu. Continuei no bar fingindo a inexistência demoníaca da minha ex, esperando a aparição angelical da moça loira ainda sem nome. Imputei fé em paradoxos. Estabeleci relações positivas para o surgimento da ex-esposa, para o bem ou para o mal alguma coisa acontecerá naquele ambiente, ser negativo poderia trazer surpresas desagradáveis.

A terceira cerveja trouxe mais que alterar minha percepção sobre as coisas. A visão celestial de outrora confrontando a teoria de raios caírem duas vezes no mesmo lugar concretizou-se. Como nos sonhos que tive acordado ela apareceu mais linda que da última vez. Perfeitamente alinhada, surreal, divina e plena, desconcertou-me. Enquanto a olhava com cara de cachorrinho a procura do dono, ela caminhava pelo bar imponentemente fingindo não existir nada ali além de si mesma.

(continua)

04:40 pm

23-02-10

Helder Santos