segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Cansei, escrever versos?


Cansei, hoje não escreverei versos!

Do que adiantarão os versos de hoje, se amanhã não serão lidos?

Mesmo torcendo pelo contrário, os versos de hoje nada serão amanhã,

São como o amor que senti ontem, hoje nada me convém.

Minto, versos ainda convém, mesmo os de hoje que estão sendo escritos sem ser.

Louco, uma vez acreditei no amor, no amor produzido por versos, sei, foram lidos.

Não mais escrevo versos, não amo.

Ao lado da porta, a menina olha, olha e acha um papel no canto da parede, versos!

Versos , meu Deus! Versos que não serão lidos, a não ser pela menina ao lado da porta.

A porta se abre, se fecha e lá estão os versos.

Quanta insanidade! Não estou escrevendo versos e essa menina encontra versos.

Acreditar nisso, manter-me intacto.

Os versos que não fiz, a menina que não mais verei.

Versos, versos, versos de não ser.

Mas, o que ser sem versos?

A menina que os lê acha algo engraçado, teve realmente paciência para com eles?

Versos de não sei o que em algum lugar.

A cidade onde vivemos, o amor que não tivemos.

Versos de ser, verso pra ser o que não sou quando escrevo versos,

Os acabo, escrevendo.

Escrevo, estranho, empenho, entulho...

Versos em algum lugar isolado ao lado da porta fechada, versos!

Cansei, amanhã escreverei versos!

Será a mesma menina a encontrar novos versos?

Versos de quem ? Cansei, amanhã escreverei versos!

00:52 am

31-08-10

Helder Santos

domingo, 29 de agosto de 2010

Enquanto isso, no mundo perdido.


O mundo está perdido! Homem sentindo coisas estranhas, sentimentos verdadeiros. Coisa esquisita! Enquanto isso no mundo perdido, coisas se acham, se completam. Sentem-se tão completamente que chegam a fingir ser dor o amor que sentem. Talvez alguém tenha dito isso, certamente disse. Pouco importa, muitos falaram sobre palavras repetidas, aquelas sempre ditas. O mundo continua o mesmo, não? Te sentes como mulher? Que estranho! Logo tu, o mais homem dos homens e sentes como mulher? O mundo está perdido! Ao longe, distante do mundo perdido soam-se vozes estranhas, sons desconexos. Se o mundo está perdido, de onde vêm esses sons? Porque fazes tantas perguntas? Lá vem você, porque insistir em respostas? Nada está pronto, acabado, o mundo é uma pergunta! Como você está? O que têm feito? Como foi seu dia? E a aula de hoje? Tantas perguntas repetidas esperando novas respostas, enquanto te espero no mundo perdido, o mundo continua perdido.

Nada que faças, sinta ou pense fará desse mundo um novo mundo. Por isso, insisto: o mundo está perdido! Perdido e ninguém encontra a chave. Acordar cedo, passar o dia estudando, entupir-se de chocolates e sucos pensando a hora exata que terminará aquele trabalho e poderá dormir. Dito, feito: o mundo está perdido e não pude te ver essa noite. Mal falamos, estava tão atarefada e nem notou o brilho dos meus olhos certos, retos , perdidos nas curvas do seu olhar... distante, quilômetros de distância.

Você pega o mesmo ônibus e todos os dias por mim, passa apressada, nem nota, sente ou fala. Lá estou, perdido no mundo perdido a sua espera. Nesse movimento pareces segura em não perder-se. Ainda lembro: ontem você sorria e eu te olhava com a cara de quem viu a coisa mais linda de toda existência e mal sabia que isso era possível.Claro, tentei falar coisas engraçadas, te mimar e até fingir que você era uma garota normal.Esse mundo está perdido. Espero te encontrar, quem sabe no ponto que você nunca para e sempre estou a te esperar? Quem sabe no olhar que deixei pra ti da última vez que nos vimos? Quem sabe no seu nome, letra A dos meus sonhos? Ou quem sabe, nas palavras repetidas que disse a alguém enquanto esperava por ti? Que, quando te encontre, estejam esses lugares, todos presentes, coadjuvantes do que encontrei nesse mundo! Ponto. Que me encontres nesse mundo! Porque hoje, sei que quero te encontrar e dizer as coisas mais bonitas, porque hoje sei que posso amar como amei antes, mais que hoje, menos que ontem. Com a intensidade dos olhos que te sentem a quilômetros sem ter ideia de onde você mora. E, quando te avistar, que você me ame como ontem, me ame como te amo. Enquanto isso, te espero, te vejo nas lentes do mundo perdido.

11:00 pm

29-08-10

Helder Santos

Te canso?!

Eu Canso você?

Então encontre uma forma freudiana de cuidar seu pequeno mundo:

Cate suas futilidades associadas ao ridículo senso de humor dos últimos anos...

Continue fazendo planos medíocres de uma vida feliz.


Eu sei o que você QUER:

Uma cópia feminina de sua ausência. É o que pode dar?

Você, que um dia fez-me crer em algo bom, agora sei bem o que queria.


Eu canso você?

PRECISA DE ALGO NOVO?

Divirta seu brinquedo em outro lugar, não tem nada além dele.

Eu sei o que você quer quando diz coisas aparentemente bonitas.

Você que nada é sem seu brinquedo percebe que agora ele está quebrado.

Pouco importa se um dia conseguiu algo, não é nada sem seu brinquedo e agora ele está defeituoso.


Eu ainda canso você?

As vezes chega a hora de parar e ver o mundo de uma nova forma.

Ainda canso você? Seu brinquedo está quebrado, nem se você quisesse se cansaria como te cansei.


Não, não canso você!

As vezes chega a hora de encontrar novos brinquedos, o seu está quebrado.

|Precisa de algo novo? Seu brinquedo quebrou!


Helder Santos

02: 16 am

29-08-10

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Uma infância feliz

Parte I

Gordinhos como nós, são felizes. Confesso ter sido possuidor de uma infância agitada. No futebol , enquanto todos eram ágeis, exímios velocistas, eu era o goleiro; No pega-pega, procurava uma posição que pudesse alcançar os menos destemidos. O menos destemido era eu. Todos me pegavam, não pegava ninguém. - acreditem, isso se repetiria de outra forma no futuro e , igualmente triste salve devidas proporções - Nem por isso deixei de ter uma infância feliz, tinha amigos, eles gostavam de mim, afinal, sempre tinha lanche em casa, eles adoravam, eu também, só eu engordava.

Enquanto meu corpo ganhava volume e meus desejos resumiam-se ao que comer no almoço, os amiguinhos namoravam. Até o fatídico dia de verter-me em paixão, nem tinha ideia do que seria aquilo, algo esquentando por dentro. Um calor. Suava frio. Crendo ser parte do processo digestório, pouco me incomodei. Continue comendo. Comia , comia, na verdade, nada comia.

As porcarias ingeridas por meus amiguinhos eram muito mais deliciosas e, eles levavam uma vida nova sem pensar em comer aquilo que para uns seria super nutritivo. Esse algo novo, esse despertar, que a noite, se chama polução, pelo dia chamasse sexo. Seguidas noites sofrendo com algo novo, quente e distante da realidade dos meus amigos, eles tinham namoradinhas. Não as tratavam como - quem sabe elas merecessem- as tratavam! Elas gostavam. - gostaria de tratar alguém , pena que o mais próximo de tratar que conhecia era quando mainha preparava peixe. Meus amigos também comiam peixe, adoravam. Quanto a mim, restava-me o peixe de minha mãe - Elas deviam gostar muito, estavam sempre com eles. Ao passo que meu corpo tomava formas colossais, as meninas tomavam formas delineadas e os garotos cresciam, não na horizontal como eu, cresciam verticalmente.Ah, essa história continuará com meu coração batendo, batendo tão forte quanto um cardíaco, tão pesado quanto o mundo, tão distante quanto o infinito de não ter... (continua)

Helder Santos

10:11 pm

24-08-2010