quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Escrevi pra você ( estações do ano )




Como em histórias com finais previsíveis, Patrícia contava seus dias a partir dos meses do ano. O conto no contar assemelhava-se a calendários de astrologia, previsões proféticas despreocupadas naturais. Janeiro , mês de amores. Seriam flores primaveris determinantes em seu espírito, ou a primavera existiria exclusivamente para semear seu coração ? Patrícia sabia exatamente o que sentir, por isso não fazia planos ou gostava de surpresas. Surpresas impulsionavam sua ira, fossem presentes ou sustos, o que fugia de seu poder a levava ao inverno mesmo odiando agosto.
Pássaros anunciando a primavera e sorrisos enamorados em maio estendido a junho não impressionavam Patrícia. Datas e nomes não faziam parte do calendário místico adotado em sua mente , referendado em seu olhar. Mortais anunciam datas comemorativas como tábuas de salvação: maio , casamento; junho, namoro; novembro, finados; Se Patrícia detesta o casual , repudia o usual . Ela sabe o que deseja sem precisar que seu desejo venha a esmo, calcula , mensura rasuras por criar obras sem rascunho , plenas. Límpido é seu sorriso, doce é sua voz, tenros são seus lábios , intrigante é seu cérebro. Fases, entendem? Não, estou falando sobre fases em Patrícia , nada se compara com fases da lua. Se a lua tem luz própria, Patrícia ilumina universos, escurece hemisférios. Certa vez, ousado, procurei explicar-lhe sobre o amor por meio de mimos. Ledo engano, mimos não atraem cores independentes. Em suas magias o bosque enluarado, a sensualidade dominante, sua notoriedade.
O normal seria pensar dezembro enquanto fim marcando o previsível janeiro em nós. Nela, não! Dezembro é apenas um mês, e seus meses são regulados á sua vontade , lembram? Ao lerem podem se ver em Patrícia , saber isso é esplêndido por haver em ti o que toda mulher sonha, ser vista assim, ser assim todos os dias, todos os meses, todos os anos , toda a vida...Ahh, é janeiro e Patrícia sorri por conseguir ser lida ¹.


Lida : percebida , sentida, respeitada, amada.


Helder Santos
10-01-2013
10:28 pm
      (...) (continua).

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Cinco de Janeiro




Nem o céu será capaz de reproduzir o brilho enluarado capaz de mover mundos num inusitado encontro de olhares. Escrevo pra você por saber estar escrevendo nosso destino em palavras que não cabem frases incompletas, verbos sem ação. Somos você, eu e o mundo desenhado por nós, nos bastamos ao apreciar a lua inexiste e nosso olhar vislumbra o só nosso, ser assim. Não preciso estar próximo para me fazer presente, não precisas ser quem não és ao meu lado, sabes , mesmo sem receber todos os adjetivos, que minha respiração transpira suas cores preenchendo a aquarela antes machucada em seu coração. Pode ser fácil encontrar beleza numa flor, difícil e cultivar o universo botânico necessário para seu desabrochar. Talvez seja simples atrair-se por suas curvas, complexo é passear em sua mente que de tão carente, faz-se pura. É mágico conhecer alguém que te faz sentir o mundo em tom púrpura... é tenro ler amistosamente declarações de sua felicidade contando-me como têm sido esses dias. Bom dia, Bosque Ensolarado.

Helder Santos
03:02 am
09-01-2013