Quantas vezes meus olhos pararam frente aos seus suplicando sua volta? Quantas
vezes mais, suplicarão? Onde está o olhar, doce paisagem rubra em meu
peito? Após homéricas batalhas travadas juntos, de nosso olhar, restou o meu, o
seu inalcançável sorriso. Mas, não canso de lutar. Luto por mim, por nós. Noite e dia,
chuva e sol, claro e escuro em prol do que chamam beleza e grito farol.
Quantas vezes seus olhos pararam frente aos meus suplicando o que sinto e
temo? Onde está o toque suave, tenro? Somos cúmplices do destino que escrevemos
por escolha, dos sonhos retalhados pelo tempo. Estamos tão unidos que nos
afastamos, tão próximos que nos repelimos, mas, não paramos de amar, de sentir a
dor de um só. Podemos ser. Esse poder está distante para não falharmos
no poder ser. Decidir o não está diretamente ligado a nossa afirmação futura,
então, não...
Vá embora.
Não vá.
Lindas línguas longínquas a falar o idioma-silêncio efusivo proferindo a
palavra estamos.Nos confortamos sendo algo que só nós conhecemos: o andar de
mãos dadas desconhecido, o beijo roubado não dado, o abraço tímido, a casa
habitada em nossos sussurros. Nossa presença. Nossa ausência. O seu-meu* sentir
abalado por um mundo que negamos e nos afirma...
Levemente literários, longe da leitura padrão, amamo-nos de mãos dadas ao
tempo em que seremos mais que perguntas sem respostas arrancando doces
sorrisos. De mãos dadas caminharemos ao oceano açucarado em seu sorriso, aos
rios banhados por seus lírios, aos “ls” casados em nosso nome. Escolha sorrir.
Helder Pereira.
15-03-2013
01:55 am