segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A casa (ou feliz Natal)




Eu que penso ter o mundo e esbarro no muro da casa ao lado.
Eu que acredito sem acreditar, continuo crendo num não sei o que de ontem dum amanhã sempre incerto.
Eu que te olho e não vejo, tenho sem ter e desejo
Não podendo ter, pensar, crer ou ver:
Não passo daquele que sonha o sonho de ontem irrealizável em seus impedimentos,
Não sendo mais que a plateia silenciosa de um espetáculo que nunca protagonizarei,
O show sem instrumentos que ninguém ouvirá, o dia ensolarado em inverno torrencial.

Eu que tenho cansado sem sair de casa pensando o dia que sairei,
Não faço nada a não ser imaginar coisas que não vivi a espera do que não viverei...
Lembranças das tardes que não terei por fazer das tardes que tenho um programa sem espectadores,
Uma vida sem vida numa vida cheia de amor sem amores,
Um sonho intercalado pelo acordar aterrador de um relógio sempre atrasado:
Triiiiiiimmmmm
Triiiiiiimmmmm
Triiiiiiimmmmm
Corro de um lado para o outro, do tudo ao nada, do rock ao fado,
Admiro a beleza da vida mas não acho nada
Do nada sempre igual, calado...
À rua da minha casa...
Tantas casas contentes, iluminadas e solícitas.
Eu em minha casa, parado, atônito, cansado !
Eu e a campainha da casa ao lado, parada.

O sol se põe a porta da rua.
Ruas que não transito por serem conhecidamente transitáveis
E eu à porta da mesma casa: a sua!
Durmo...sonho sonhos que nenhum Freud decifraria por serem mais que malucos, insonháveis:
Vejo sem ver minha casa, grito por gente minha num sonho insone em nomes.
Signos, segredos dispersos em eternos desejos saudosistas fazendo de mim o que sou.
Jardim, jasmim, junquilho.
Todas expiro, aspiro, estou.

Triiiiiiimmmmm
Triiiiiiimmmmm
Triiiiiiimmmmm

Atordoado, durmo para mais um dia à espera do sonho sabendo pra onde vou:
À casa que habito, a casa do meu amor.

01:11 am
Helder Santos Pereira
24-12-2013






 




segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Nove de dezembro





Sussurros matinais no seu sorriso
ultrajam meu rosto cansado de gozo.
Estimulam cada motivo
Levando-nos à poesia, ao choro...

E você vê, crê descrente
No poder desse amor novo:
Visceralmente louco...

O que sentias não passou de sonho
cedendo ao passado, presente há pouco
em cada gesto de retorno ao seu sempre igual.

Lindo final sem início:
outros medos, novas alegrias
umidificam a terra árida de seu coração normal
Como enchem de lágrimas o que era cheio de energia.

Agora nos resta esquecer o inesquecível
no amor invisível inventado por ocasião.
Aos dias perfeitos cravados em seu corpo
o que não calará: você é assim ?

Helder Pereira
09-12-2013
11:59 pm


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A menina dos meus olhos



O sinal sonoro dos seus medos estrondando minhas intenções.
O te amo silencioso na íris dos seus olhos
cotidianos aos nossos corações

Avistam a casa repleta de crianças além de nós...
Alegria e felicidade mimando suas ensolaradas manhãs pelas janelas de vidro na casa vizinha à sua
Honram seu brilho em só...

Não posso aceitar ser seu nos termos audaciosos do seu não sei
Se posso aguentar o tempo até o tempo de ser seu
Em ventania diáfana “purpurosa”, indecisa em seu talvez...te ame...

06-12-2013
09:43 pm
Helder Santos Pereira

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Novas páginas

            Os sentidos nem sempre conjugam o que realmente desejamos, o cheiro rosa da flor pode ser amargo se não souberes podá-la, a feiura faz-se bela num olhar afável, meiguice torna-se fel ao perder seu mel...Renascer é reaprender a lidar  com o sentir. 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Devaneio titã

            
            Cada verso reside um sentimento incontrolável, temores, dores, satisfação, angústia, medo, entrega, preenchimento...vazio. Nasço e morro em linhas que lês em pouco caso. Toda palavra tende ao mesmo centro, busca o reencontro daquilo que um dia foi magia e alegria caminhando por uma estrada segura em que nossos caminhos não se perdiam em placas enganosas. O caminho à nossa rua não precisava de  atalhos mal traçados ou desvios esburacados, era plano, seguro, uniforme. 
            Amar a suave brisa ao passarmos pelo bosque capaz de inflar o pulmão juvenil do nosso velho amor e chegar à casa em que tantos de nossos planos nasceram, viveram , temeram e proliferam a relação de nós para com nós mesmos  e , de lá, sentir que algo mudou, espanta quem nos julgou capazes...nós mesmos.
            Meus planos tão nossos, o sorriso próximo, o abraço demorado, ir de mãos dadas à lua secreta mais que vista são lembranças indestrutíveis à caminho do adormecimento iniciado por soltares minha mão. Atordoado, entrelaço os dedos em seus cabelos, a pele em seus dentes. Entro em sua mente , torturo-me em sua inconstância, reluto aceitar morrer um pouco em você...
            Metas, medos, mentes, medidas inexatas avisam-me o que está por vir, a solidão virá destruindo o resto dos sonhos que nutro, das esperanças a sete chaves que abristes com sorriso e fechastes siso. Teimosias inversamente proporcionais, o medo de perder e o desejo de partir, partindo, partida, minha casa.
            Irmãos, amigos fadados ao prazer egoísta sendo punidos pela inexatidão do que foi sentido. Um tudo nada inundado em mar revolto. Apelos continuam, zelos sem cessar.Te amo mais que a luz avistada em teus olhos quando ao seu lado. Amo sem vê-la...Passeando em minhas ações, Clarinha não temeu...

Helder Santos
9:51 am

003-07-2013  

Devaneio titã

            
            Cada verso reside um sentimento incontrolável, temores, dores, satisfação, angústia, medo, entrega, preenchimento...vazio. Nasço e morro em linhas que lês em pouco caso. Toda palavra tende ao mesmo centro, busca o reencontro daquilo que um dia foi magia e alegria caminhando por uma estrada segura em que nossos caminhos não se perdiam em placas enganosas. O caminho à nossa rua não precisava de  atalhos mal traçados ou desvios esburacados, era plano, seguro, uniforme. 
            Amar a suave brisa ao passarmos pelo bosque capaz de inflar o pulmão juvenil do nosso velho amor e chegar à casa em que tantos de nossos planos nasceram, viveram , temeram e proliferam a relação de nós para com nós mesmos  e , de lá, sentir que algo mudou, espanta quem nos julgou capazes...nós mesmos.
            Meus planos tão nossos, o sorriso próximo, o abraço demorado, ir de mãos dadas à lua secreta mais que vista são lembranças indestrutíveis à caminho do adormecimento iniciado por soltares minha mão. Atordoado, entrelaço os dedos em seus cabelos, a pele em seus dentes. Entro em sua mente , torturo-me em sua inconstância, reluto aceitar morrer um pouco em você...
            Metas, medos, mentes, medidas inexatas avisam-me o que está por vir, a solidão virá destruindo o resto dos sonhos que nutro, das esperanças a sete chaves que abristes com sorriso e fechastes siso. Teimosias inversamente proporcionais, o medo de perder e o desejo de partir, partindo, partida, minha casa.
            Irmãos, amigos fadados ao prazer egoísta sendo punidos pela inexatidão do que foi sentido. Um tudo nada inundado em mar revolto. Apelos continuam, zelos sem cessar, o fim.

Helder Santos
9:51 am

003-07-2013  

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Inversamente proporcional



Comece por pensar como seria se você escrevesse o nome de todas as pessoas que você ama caracterizado seu sentimento por elas. Poderia subitamente descobrir não amar várias pessoas amando o que precisa nelas, atenção, respeito.

Ainda assim, continuas e cataloga tudo que sente. Dores, prazeres, vivências. Cada sentimento num edital onde regras internas não precisam de racionalidade e a presença desse amor se basta. Nenhuma medida parece o conter. Ee dói mais que as belas sensações, se faz menos que fazes, se não existe reciprocidade. Do que importa se é amor e o nome escrevesse em ti como o sentimento que nutres sem racionalizar?

Mas, pra que pensar em retorno? As pessoas representam mais que sua volta e a triunfal sensação que de és amado. Escrevê-las em sua mente é mais que diferenciar maiúsculas e minúsculas , é transportar suas letras para um lugar maior que grafias ou palavras, é doar-se. Isso pode doer escondendo a pontinha de felicidade que multiplica sua alegria quando ela sorri e confirma minimamente seu sorriso.Muito embora escrevas em sua cabeça uma história bonita, podes escrever para alguém que te dedica outras linhas. E aí, o que pensar se seu cérebro é refém do seu coração? Não há controle remoto no amor. Sem ter pra quem escrever podes escrever pra qualquer um. Pode ser bem mais doloroso que dedicar linhas a quem amas se você sabe que essas são linhas bem escritas.

Ias bem, muito mimo, lindos livros, idas, lidas aventuras. Aí, inventas amar amando o mundo conhecidamente desconhecido em outro ser. Ser, não ser o que achavas ser ao descobrir-se entregue, sem forças, inerte. Um controle emocional descontrolado, teleguiado por quem te controla consciente disso. Outro ser, um ser mágico em sutileza, horripilante em frieza. Seu não ser dando-te vida, fazendo-te ser o que és, ser de alguém.

Lá é belo, desconhecido, intrigante e envolvente. Sentes como se tivesses o que não podes até perceber não ter . Vives um algo só seu  que por vezes é lindo e seu medo de perder o que não tem por maior que perder-se de si, então, perdes a ti perdendo-se no outro, perdendo pra si.

Lua, estrelas, amanhecer, o despontar o do sol, o cair da tarde e até o renascer não importam se a plácida luz viesse hoje e dissesse, te amo, aqui estou.  Está não estando, abrindo concessões, as fechando numa promessa vã de volta . Nasces, morres, suplica. Fazes o impossível em letras nunca lidas, palavras não ouvidas, descasos acumulados.

Amas o céu na vã tentativa de aproximar-te das nuvens, desenhas a lua na esperança de ser estrela, caminhas atrás na tentativa de estar ao lado, relutas contra o vívido não à espera de um sim. Amas o sol, sentes a luz. Não sente que quem mais te sente , sente por não sentires que estás o apagando? Dessa vez, Clarinha não chorou.


Helder Santos

27-06-2013

07:51 pm

   


domingo, 16 de junho de 2013

Uma infância feliz XIV

Possuo um sentimento que não deveria me caber. Sem conseguir desvencilhar-me dele, aceito-o maior que arranha-céus, estádios , parques, impérios. Carrego-o numa subjetividade passionalmente submissa , descompromissada de razão. Sendo devoto de santos presentes num passado teimando em corroer o resto de esperança que tenho, tento presença, laço, união. Assim, nego o que sou para pertencer a um lugar hoje desconhecido, lugar que não estou, onde não sou mais que passado.
Clarinha reluta ao escrever coisas que me comovem, sonhos que não partilho afirmando em sua doçura que preciso permitir e sonhar sonhos não meus. Ferimentos na pele saram deixando pequenas marcas; ferimentos na alma apavoram mais que sangue, machucam mais que a dor de um membro retirado, enferrujam o coração, secam seu ímpeto, devoram seu espírito. Gestos, pedidos de trégua, silêncio, grito. Faço-a chorar em minhas lágrimas. Tanto tempo na doce entrega em tentar evitar as suas para hoje ver tudo tornar-se um rio de mágoas nadado por nós.
Gostaria de voltar ao tempo em que éramos apenas crianças e nada ultrapassava o desejo de longos banhos de chuva, brincadeiras na rua e sentimento amizade. Nosso amor trouxe dor, o amargo ódio está por vir. Nossa separação física não dói mais que a separação do espírito, que a fragmentação do nosso ser antes único. Não há raio de sol , noite enluarada ou canção que se compare à paisagem macia em seu rosto, tela insistente em minhas lentes. Estou com frio, sede, fome e cansaço. Um descanso partido por sua partida viria com sua volta, a Clara dos tempos de criança . O que seremos se agora não formos o que fomos na infância? Do que servirá enganarmo-nos ao afirmar que está tudo bem se é hora de sentimos a dor do outro? Uma nuvem egoísta passa por nós, sinal de trovoada.

16-06-2013
11:20 am
Helder Santos


terça-feira, 16 de abril de 2013

As luas em sorriso





Há algo em seus olhos, um que de mistério e magia indecifrável adentrando no finito em mim. Isto me torna indestrutível. O olhar aprovativo, a doçura submersa em lágrimas, a euforia constante, o grito extasiado, desmedido. Toda nuance de sua personalidade concatenada no que trago e nego. Em todo momento a celestial imagem sublimando desejo, polarizando angústias, medos.
Concentro em mim um ser nunca visto numa perfeição mais que sonhada, buscada ou imaginada. Um viver imensurável iluminando em afetos a paixão desconhecida, o reencontro de seres multicolores, indivisíveis. Sigo seus saltitantes passos vislumbrando um futuro desconhecido à incerteza bipolar em seus encantos. Mudos, ressonantes ou estanques , somos o sol num dia chuvoso, o sorriso no rosto abatido, a paz numa guerra sem armas, o abraço em trégua, a luz , a relva. Nascemos diariamente com a morte de nossas dores tornando-nos Titãs pós-modernos na luta chamada amor verdadeiro.
         O que tens erguendo-me ao lugar mais alto, impondo em ópera monumental a placidez terrena que me leva aos céus? O que és de sutil, devastadora e completa ao ponto me transportar a lugares inimagináveis fundidos ao centro de mim mesmo? Lua, lúcida, púrpura, purificada. Nua, crua, iluminada. Carregas de mim o Sol, o farol... No peito um nó, a voz embargada. Um te amo só, o beijo mor, duas vidas, uma saga.

Helder Pereira
15-04-2013
11:36 pm
        

domingo, 7 de abril de 2013

Uma infância feliz XIII



         A cada passo, fui percebendo o quanto minha lentidão era dissonante se comparada à agilidade de Clarinha, claro, o que podia se esperar de alguém aos 16 anos? Tínhamos muito a dizer. Se Clarinha falava com o olhar, eu falava com medo. Inseguro, temeroso e bobo, passei a temer a força catalisadora nela. Qual o preço? Não sabia, garotos como eu não mensuram tais valores ou escrevem tabulas de salvação em  bloco de notas. Há pouco estávamos tão próximos. Há dias estamos distantes numa proximidade assegurada por insanas, passionais atitudes suicidas num coração juvenil.
         Avistando um leque de possibilidades, peço sinais aos montes. Clarinha não os vê, se vê, prefere não entender. Penso, penso, existo? Minha existência dada por outro ser torna-se tão dele roubando-a de mim ao ponto de nenhum Werther registrar dias felizes tais quais retrato ao relembrá-los antes, durante e após o sono. Sonho passionalmente, acordo atordoado à espera do bom dia acalmando-me, fazendo-me avistar o brilho em meus, seus olhos mostrando-nos um ao lado do outro.
         Uma longa estrada ligava meus sonhos aos honestos desejos de Clarinha. Sós, mudos e sedentos, fazíamos planos inimagináveis numa perfeita dupla imperfeita. O que podíamos senão sonhar? Nossa infância nos dava o melhor roubando o melhor de nós, nossos sonhos. Mas, sonhávamos mais, íamos tão longe que o infinito parecia pequeno quando contávamos o tempo restante até revermo-nos. Clara, pálida, sorridente e feliz, Clarinha dizia a frase dita em minha circulação: o eu te amo púrpura como o batom que vi sair de seus lábios. Não sei onde estamos, sei onde queremos ir. Distante quanto o infinito ou próximos à nossa casa, não importa. O determinante é estarmos, ao lado do outro, sonhando sonhos que de tão improváveis, doces e eternos, nos fazem o que sempre seremos: um sonho.

Helder Pereira
07-04-2013
10:09 am

sexta-feira, 22 de março de 2013

Dois corações




Dois segundos.
Dois minutos.
Dois dias.
Duas semanas,
Dois meses.
Dois anos.
Dois universos.

Um dia.
Um sonho.
Um coração.
Um amor.

Dois, um.
Um, dois.

Seu segundo,
Meu minuto.
Seus dias,
Meus anos.
Suas semanas,
Meus meses.

Nosso universo.
Dois corações,
Um amor.

Helder Pereira
22-03-3013
03:57 pm



terça-feira, 19 de março de 2013

Bosque enluarado II




O espírito romântico sucumbe aos seus encantos;
O que nega, o que afirma aos prantos.
Repetidas ideias na ideia de querer

O universo encantado em teu sentir.
Os soluços embargados em teus “senãos”
Não me fazem rir.

Aguardo ansioso em seu coração
A parte que me cabe.
Estamos separados em nossos medos,
Próximos em nossos afagos.

Contamos os dias nos dedos,
Os beijos nos lábios.
Nosso segredo...
O bosque enluarado.

Helder Pereira
19-03-2013
06-31 pm



quinta-feira, 14 de março de 2013

Lindas leituras em seu nome


Quantas vezes meus olhos pararam frente aos seus suplicando sua volta? Quantas vezes mais, suplicarão? Onde está o olhar, doce paisagem rubra em meu peito? Após homéricas batalhas travadas juntos, de nosso olhar, restou o meu, o seu inalcançável sorriso. Mas, não canso de lutar. Luto por mim, por nós. Noite e dia, chuva e sol, claro e escuro em prol do que chamam beleza e grito farol.
Quantas vezes seus olhos pararam frente aos meus suplicando o que sinto e temo? Onde está o toque suave, tenro? Somos cúmplices do destino que escrevemos por escolha, dos sonhos retalhados pelo tempo. Estamos tão unidos que nos afastamos, tão próximos que nos repelimos, mas, não paramos de amar, de sentir a dor de um só. Podemos ser. Esse poder está distante para não falharmos no poder ser. Decidir o não está diretamente ligado a nossa afirmação futura, então, não...
Vá embora.
Não vá.
Lindas línguas longínquas a falar o idioma-silêncio efusivo proferindo a palavra estamos.Nos confortamos sendo algo que só nós conhecemos: o andar de mãos dadas desconhecido, o beijo roubado não dado, o abraço tímido, a casa habitada em nossos sussurros. Nossa presença. Nossa ausência. O seu-meu* sentir abalado por um mundo que negamos e nos afirma...
Levemente literários, longe da leitura padrão, amamo-nos de mãos dadas ao tempo em que seremos mais que perguntas sem respostas arrancando doces sorrisos. De mãos dadas caminharemos ao oceano açucarado em seu sorriso, aos rios banhados por seus lírios, aos “ls” casados em nosso nome. Escolha sorrir.


Helder Pereira.
15-03-2013
01:55 am

segunda-feira, 4 de março de 2013

Sol, lua e nós


Nos meus sonhos você aparece real. Talvez noutra vida tenha tido devaneios próximos à realidade em seu sorriso, ledo engano. Constato, atônito, não haver sonho possível senão o sonho de poder sonhar ao teu lado nos dias em que somos um só. Em nós, presente e futuro escritos continuamente nas brincadeiras felinas em seus gestos, na doçura em seus lábios e gosto tenro do eu olhar. Capto cada memória nossa fazendo um glossário que nos eleva ao ponto de elevarmo-nos a condição de deuses. Estamos! Somos a parte real do sonho imagético de um dia sermos, vivermos sem medo a certeza incerta, concreta de sermos um só ao som que nos puxa para cima.
Em seus sonhos apareço real. Quem sabe nessa vida sou o que imaginastes numa versão passional te levando ao sonho táctil de poder sonhar? Nas vezes que me observa, surjo lânguido, plácido, meigo. Sentes cada sentir como em leque de sensações maximizado em seu peito, hipertrofiado em seu jeito constantemente inconstante elevando-nos ao ilustre pico de sermos puxados para cima pela doce magia em seu beijo.
Em nossos sonhos somos tão reais que o medo dá lugar a certeza em sermos infinitamente melhores, copiosamente melosos, sutilmente eternos ao comprovarmos discretamente indiscretos cada passo que nos puxa para cima, nos eleva ao céu presenciando nossos diurnos passos a luz da lua. Amamo-nos distantemente próximos ao dia em sermos afeto e toque mais que sorte, paz e desejo sem segredo, sol, lua e nós, terra, universo, você , eu , dois sóis.

Helder Santos
04-03-2013
9:20 pm   

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

"Vivo" o sonho de poder sonhar.



Passeia comigo, Patrícia.
Emaranha teu braço ao meu e caminhemos como o vento:
Rápido quando em tempestade, lento quando em calmaria.

Percebes, enquanto te vejo, estou atento.
Simples, sereno e tenro rumo por essas vias
No vir a ser do apreciar do momento em que estamos a sós na
Verdade de nós

procuro compor versos em alegria
pelas estradas onde não passamos - haveremos de passar -.
Patrícia,somos únicos, constantes nos afetos, intensos no amar.

Avistas o monte?
Sabes, lá estivemos e lá deveremos estar.
Seja como for, teu braço estará cruzado ao meu
e alcançaremos a fonte

No sentido de sermos, ao lado do outro, o que foram Julieta e Romeu.
Sede de vós ao pé da fonte, corpos lambuzados
Ao pé do monte.

Odores, calores, sabores.
Se existiram , Julieta e Romeu,
quem seríamos senão a versão contemporânea deles?  

Helder Santos 
13-02-2013
00:16 pm




sábado, 2 de fevereiro de 2013

Desfeito o sonho de poder sonhar.




A imensidão condena o ambiente ao esquecimento.
Horizonte vago e águas distantes, paisagens desérticas no meu ser.
Árido em lamento.

Sinto-me completo tal qual um copo sem líquido
Preenchido pelo silêncio.
Uma nuvem sorrindo ao desfazer-se
Num céu de um sol fazendo-me derreter...

Sinto dores que não são minhas
Em amores não meus.
Bailo num traçado sem linhas
Rabiscando uma chuva torrencial de Deus.

Uma inundação cética fuzila meu cérebro
Na mesma intensidade que esfacela o coração
Carente em palavras corretas,
Desfeito da promessa em ser eterno.


Helder Santos
3:41 pm
02-02- 2013







quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Escrevi pra você ( estações do ano )




Como em histórias com finais previsíveis, Patrícia contava seus dias a partir dos meses do ano. O conto no contar assemelhava-se a calendários de astrologia, previsões proféticas despreocupadas naturais. Janeiro , mês de amores. Seriam flores primaveris determinantes em seu espírito, ou a primavera existiria exclusivamente para semear seu coração ? Patrícia sabia exatamente o que sentir, por isso não fazia planos ou gostava de surpresas. Surpresas impulsionavam sua ira, fossem presentes ou sustos, o que fugia de seu poder a levava ao inverno mesmo odiando agosto.
Pássaros anunciando a primavera e sorrisos enamorados em maio estendido a junho não impressionavam Patrícia. Datas e nomes não faziam parte do calendário místico adotado em sua mente , referendado em seu olhar. Mortais anunciam datas comemorativas como tábuas de salvação: maio , casamento; junho, namoro; novembro, finados; Se Patrícia detesta o casual , repudia o usual . Ela sabe o que deseja sem precisar que seu desejo venha a esmo, calcula , mensura rasuras por criar obras sem rascunho , plenas. Límpido é seu sorriso, doce é sua voz, tenros são seus lábios , intrigante é seu cérebro. Fases, entendem? Não, estou falando sobre fases em Patrícia , nada se compara com fases da lua. Se a lua tem luz própria, Patrícia ilumina universos, escurece hemisférios. Certa vez, ousado, procurei explicar-lhe sobre o amor por meio de mimos. Ledo engano, mimos não atraem cores independentes. Em suas magias o bosque enluarado, a sensualidade dominante, sua notoriedade.
O normal seria pensar dezembro enquanto fim marcando o previsível janeiro em nós. Nela, não! Dezembro é apenas um mês, e seus meses são regulados á sua vontade , lembram? Ao lerem podem se ver em Patrícia , saber isso é esplêndido por haver em ti o que toda mulher sonha, ser vista assim, ser assim todos os dias, todos os meses, todos os anos , toda a vida...Ahh, é janeiro e Patrícia sorri por conseguir ser lida ¹.


Lida : percebida , sentida, respeitada, amada.


Helder Santos
10-01-2013
10:28 pm
      (...) (continua).

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Cinco de Janeiro




Nem o céu será capaz de reproduzir o brilho enluarado capaz de mover mundos num inusitado encontro de olhares. Escrevo pra você por saber estar escrevendo nosso destino em palavras que não cabem frases incompletas, verbos sem ação. Somos você, eu e o mundo desenhado por nós, nos bastamos ao apreciar a lua inexiste e nosso olhar vislumbra o só nosso, ser assim. Não preciso estar próximo para me fazer presente, não precisas ser quem não és ao meu lado, sabes , mesmo sem receber todos os adjetivos, que minha respiração transpira suas cores preenchendo a aquarela antes machucada em seu coração. Pode ser fácil encontrar beleza numa flor, difícil e cultivar o universo botânico necessário para seu desabrochar. Talvez seja simples atrair-se por suas curvas, complexo é passear em sua mente que de tão carente, faz-se pura. É mágico conhecer alguém que te faz sentir o mundo em tom púrpura... é tenro ler amistosamente declarações de sua felicidade contando-me como têm sido esses dias. Bom dia, Bosque Ensolarado.

Helder Santos
03:02 am
09-01-2013