segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A casa (ou feliz Natal)




Eu que penso ter o mundo e esbarro no muro da casa ao lado.
Eu que acredito sem acreditar, continuo crendo num não sei o que de ontem dum amanhã sempre incerto.
Eu que te olho e não vejo, tenho sem ter e desejo
Não podendo ter, pensar, crer ou ver:
Não passo daquele que sonha o sonho de ontem irrealizável em seus impedimentos,
Não sendo mais que a plateia silenciosa de um espetáculo que nunca protagonizarei,
O show sem instrumentos que ninguém ouvirá, o dia ensolarado em inverno torrencial.

Eu que tenho cansado sem sair de casa pensando o dia que sairei,
Não faço nada a não ser imaginar coisas que não vivi a espera do que não viverei...
Lembranças das tardes que não terei por fazer das tardes que tenho um programa sem espectadores,
Uma vida sem vida numa vida cheia de amor sem amores,
Um sonho intercalado pelo acordar aterrador de um relógio sempre atrasado:
Triiiiiiimmmmm
Triiiiiiimmmmm
Triiiiiiimmmmm
Corro de um lado para o outro, do tudo ao nada, do rock ao fado,
Admiro a beleza da vida mas não acho nada
Do nada sempre igual, calado...
À rua da minha casa...
Tantas casas contentes, iluminadas e solícitas.
Eu em minha casa, parado, atônito, cansado !
Eu e a campainha da casa ao lado, parada.

O sol se põe a porta da rua.
Ruas que não transito por serem conhecidamente transitáveis
E eu à porta da mesma casa: a sua!
Durmo...sonho sonhos que nenhum Freud decifraria por serem mais que malucos, insonháveis:
Vejo sem ver minha casa, grito por gente minha num sonho insone em nomes.
Signos, segredos dispersos em eternos desejos saudosistas fazendo de mim o que sou.
Jardim, jasmim, junquilho.
Todas expiro, aspiro, estou.

Triiiiiiimmmmm
Triiiiiiimmmmm
Triiiiiiimmmmm

Atordoado, durmo para mais um dia à espera do sonho sabendo pra onde vou:
À casa que habito, a casa do meu amor.

01:11 am
Helder Santos Pereira
24-12-2013






 




segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Nove de dezembro





Sussurros matinais no seu sorriso
ultrajam meu rosto cansado de gozo.
Estimulam cada motivo
Levando-nos à poesia, ao choro...

E você vê, crê descrente
No poder desse amor novo:
Visceralmente louco...

O que sentias não passou de sonho
cedendo ao passado, presente há pouco
em cada gesto de retorno ao seu sempre igual.

Lindo final sem início:
outros medos, novas alegrias
umidificam a terra árida de seu coração normal
Como enchem de lágrimas o que era cheio de energia.

Agora nos resta esquecer o inesquecível
no amor invisível inventado por ocasião.
Aos dias perfeitos cravados em seu corpo
o que não calará: você é assim ?

Helder Pereira
09-12-2013
11:59 pm


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A menina dos meus olhos



O sinal sonoro dos seus medos estrondando minhas intenções.
O te amo silencioso na íris dos seus olhos
cotidianos aos nossos corações

Avistam a casa repleta de crianças além de nós...
Alegria e felicidade mimando suas ensolaradas manhãs pelas janelas de vidro na casa vizinha à sua
Honram seu brilho em só...

Não posso aceitar ser seu nos termos audaciosos do seu não sei
Se posso aguentar o tempo até o tempo de ser seu
Em ventania diáfana “purpurosa”, indecisa em seu talvez...te ame...

06-12-2013
09:43 pm
Helder Santos Pereira

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Novas páginas

            Os sentidos nem sempre conjugam o que realmente desejamos, o cheiro rosa da flor pode ser amargo se não souberes podá-la, a feiura faz-se bela num olhar afável, meiguice torna-se fel ao perder seu mel...Renascer é reaprender a lidar  com o sentir. 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Devaneio titã

            
            Cada verso reside um sentimento incontrolável, temores, dores, satisfação, angústia, medo, entrega, preenchimento...vazio. Nasço e morro em linhas que lês em pouco caso. Toda palavra tende ao mesmo centro, busca o reencontro daquilo que um dia foi magia e alegria caminhando por uma estrada segura em que nossos caminhos não se perdiam em placas enganosas. O caminho à nossa rua não precisava de  atalhos mal traçados ou desvios esburacados, era plano, seguro, uniforme. 
            Amar a suave brisa ao passarmos pelo bosque capaz de inflar o pulmão juvenil do nosso velho amor e chegar à casa em que tantos de nossos planos nasceram, viveram , temeram e proliferam a relação de nós para com nós mesmos  e , de lá, sentir que algo mudou, espanta quem nos julgou capazes...nós mesmos.
            Meus planos tão nossos, o sorriso próximo, o abraço demorado, ir de mãos dadas à lua secreta mais que vista são lembranças indestrutíveis à caminho do adormecimento iniciado por soltares minha mão. Atordoado, entrelaço os dedos em seus cabelos, a pele em seus dentes. Entro em sua mente , torturo-me em sua inconstância, reluto aceitar morrer um pouco em você...
            Metas, medos, mentes, medidas inexatas avisam-me o que está por vir, a solidão virá destruindo o resto dos sonhos que nutro, das esperanças a sete chaves que abristes com sorriso e fechastes siso. Teimosias inversamente proporcionais, o medo de perder e o desejo de partir, partindo, partida, minha casa.
            Irmãos, amigos fadados ao prazer egoísta sendo punidos pela inexatidão do que foi sentido. Um tudo nada inundado em mar revolto. Apelos continuam, zelos sem cessar.Te amo mais que a luz avistada em teus olhos quando ao seu lado. Amo sem vê-la...Passeando em minhas ações, Clarinha não temeu...

Helder Santos
9:51 am

003-07-2013  

Devaneio titã

            
            Cada verso reside um sentimento incontrolável, temores, dores, satisfação, angústia, medo, entrega, preenchimento...vazio. Nasço e morro em linhas que lês em pouco caso. Toda palavra tende ao mesmo centro, busca o reencontro daquilo que um dia foi magia e alegria caminhando por uma estrada segura em que nossos caminhos não se perdiam em placas enganosas. O caminho à nossa rua não precisava de  atalhos mal traçados ou desvios esburacados, era plano, seguro, uniforme. 
            Amar a suave brisa ao passarmos pelo bosque capaz de inflar o pulmão juvenil do nosso velho amor e chegar à casa em que tantos de nossos planos nasceram, viveram , temeram e proliferam a relação de nós para com nós mesmos  e , de lá, sentir que algo mudou, espanta quem nos julgou capazes...nós mesmos.
            Meus planos tão nossos, o sorriso próximo, o abraço demorado, ir de mãos dadas à lua secreta mais que vista são lembranças indestrutíveis à caminho do adormecimento iniciado por soltares minha mão. Atordoado, entrelaço os dedos em seus cabelos, a pele em seus dentes. Entro em sua mente , torturo-me em sua inconstância, reluto aceitar morrer um pouco em você...
            Metas, medos, mentes, medidas inexatas avisam-me o que está por vir, a solidão virá destruindo o resto dos sonhos que nutro, das esperanças a sete chaves que abristes com sorriso e fechastes siso. Teimosias inversamente proporcionais, o medo de perder e o desejo de partir, partindo, partida, minha casa.
            Irmãos, amigos fadados ao prazer egoísta sendo punidos pela inexatidão do que foi sentido. Um tudo nada inundado em mar revolto. Apelos continuam, zelos sem cessar, o fim.

Helder Santos
9:51 am

003-07-2013  

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Inversamente proporcional



Comece por pensar como seria se você escrevesse o nome de todas as pessoas que você ama caracterizado seu sentimento por elas. Poderia subitamente descobrir não amar várias pessoas amando o que precisa nelas, atenção, respeito.

Ainda assim, continuas e cataloga tudo que sente. Dores, prazeres, vivências. Cada sentimento num edital onde regras internas não precisam de racionalidade e a presença desse amor se basta. Nenhuma medida parece o conter. Ee dói mais que as belas sensações, se faz menos que fazes, se não existe reciprocidade. Do que importa se é amor e o nome escrevesse em ti como o sentimento que nutres sem racionalizar?

Mas, pra que pensar em retorno? As pessoas representam mais que sua volta e a triunfal sensação que de és amado. Escrevê-las em sua mente é mais que diferenciar maiúsculas e minúsculas , é transportar suas letras para um lugar maior que grafias ou palavras, é doar-se. Isso pode doer escondendo a pontinha de felicidade que multiplica sua alegria quando ela sorri e confirma minimamente seu sorriso.Muito embora escrevas em sua cabeça uma história bonita, podes escrever para alguém que te dedica outras linhas. E aí, o que pensar se seu cérebro é refém do seu coração? Não há controle remoto no amor. Sem ter pra quem escrever podes escrever pra qualquer um. Pode ser bem mais doloroso que dedicar linhas a quem amas se você sabe que essas são linhas bem escritas.

Ias bem, muito mimo, lindos livros, idas, lidas aventuras. Aí, inventas amar amando o mundo conhecidamente desconhecido em outro ser. Ser, não ser o que achavas ser ao descobrir-se entregue, sem forças, inerte. Um controle emocional descontrolado, teleguiado por quem te controla consciente disso. Outro ser, um ser mágico em sutileza, horripilante em frieza. Seu não ser dando-te vida, fazendo-te ser o que és, ser de alguém.

Lá é belo, desconhecido, intrigante e envolvente. Sentes como se tivesses o que não podes até perceber não ter . Vives um algo só seu  que por vezes é lindo e seu medo de perder o que não tem por maior que perder-se de si, então, perdes a ti perdendo-se no outro, perdendo pra si.

Lua, estrelas, amanhecer, o despontar o do sol, o cair da tarde e até o renascer não importam se a plácida luz viesse hoje e dissesse, te amo, aqui estou.  Está não estando, abrindo concessões, as fechando numa promessa vã de volta . Nasces, morres, suplica. Fazes o impossível em letras nunca lidas, palavras não ouvidas, descasos acumulados.

Amas o céu na vã tentativa de aproximar-te das nuvens, desenhas a lua na esperança de ser estrela, caminhas atrás na tentativa de estar ao lado, relutas contra o vívido não à espera de um sim. Amas o sol, sentes a luz. Não sente que quem mais te sente , sente por não sentires que estás o apagando? Dessa vez, Clarinha não chorou.


Helder Santos

27-06-2013

07:51 pm