Não tem fórmula ou se aprende na escola. Quando chega: “puft”! Te pega, não tem escapatória. Do mais moço ao mais experiente, todos rendem-se ao mistério simples da paixão... Para alguns é divino, espiritual, transcendente. Outros sentem o que sente a pele comparando-a a desejo e tão só. Ah, a paixão dá nó nesses e até nos outros. Paixão é minúcia, é jogo. Não tem meio termo, é faca de um gume só. Ou se está apaixonado ou não. Acontece virtualmente, na fila do pão, em casa, no trem , até na contra-mão. “Sim desde que eu te vi eu te quis, quis te raptar, eu fiz um altar pra te receber”. Esse Nando tem cada sacada. E você nem se liga, são igualmente suas, minhas, nossas. A paixão é de domínio público, cara! É letra, toque, fala. Mas, paixão engasga, trava, lacrimeja. Hoje, apaixonada, ela deseja. Igualmente apaixonado, pestanejo por paixão ser , ida, volta, sim, não, ausência, intensidade...silêncio, canção. Quando adolescente, acreditei que amaria pra sempre e o que sentia era paixão. Ainda estou apaixonado, embevecendo . Não aquela loucura clássica que vem e fica. A loucura do “chega saí e some e eu te amo assim tão só”. Falo de algo sublime e do que nasce na impossibilidade. Do dissonante, do que acabou ou julgam verdade. Hoje, adulto, penso paixão como um menino engatinhando: mente apressada, passos milimetricamente dispostos, sem direção. Hoje, descubro ser intenso o gosto amargo, o dissabor da paixão não correspondida e o doce entendimento de sentir uma alma milimetricamente disposta à sua. Ahhh, paixão. Se tiveres de ficar, fica. Se precisar, vais. E, se houver de voltar, volta que hei de receber-te , braços e coração abertos. Num olhar maduro, te verei, paixão, como o menino que engatinha, calmamente apressado, suave e até sem direção.
Helder Santos
10:46 pm
27-06-2011