sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Páginas da existência

O deslumbramento pelo belo envolve minha mente.
Seria belo o que julgamos ou o que nos falta?
Estou cansado de olhares que nada dizem
E pessoas respirando ares de perfume poluído.

Dos louros da juventude, tragamo-nos nos velhos erros da tenra idade
O tempo em que críamos, talvez podermos ser algo além do que negamos fielmente.
Enganamo-nos, it faut!

A visão obtida é mais clara que a página branca por escrever e nada escreve: remói, tritura, ferve a memória que temos dos dias que não fomos senão, crianças...
Pobres os que como eu, mortais, crêem ser metafísicos

Repetindo com os novos ex-amigos de amanhã momentos que têm somente hoje
Sentindo na pele o preenchimento vazio do presente amanhã nada ser.

Contemplando a página em branco da vida, percebi ter falhado:
Escrevi em linhas, contei estórias a lápis.
Ocorreu “delas” terem apagado.

Onde estão os que escrevem histórias?
Devem estar no passado ou no tempo em que... éramos crianças.

Helder Santos
11:08 pm
16-02-2012

domingo, 5 de fevereiro de 2012

I – Da chegada do amor.



Sonhos de Renata



Chegara à casa de uma forma diferente. Cansada e entregue a si mesma, tirou a roupa e jogou-se no chuveiro. A água quente produzindo vapor misturou-se a seu corpo como se a alma emanasse novas idéias de si. Nem ponderou, seguiu a catalogar nas paredes ainda úmidas, o sorriso ainda vivo, mesmo que cansado em seus sonhos. Prosseguiu refinando lembranças boas, reciclando ruins, fazendo planos.
- Amanhã, como será meu dia?
Seu cotidiano misturava relações de ternura, repulsa, desconfiança e devaneios. Amor? Precisa de um amor maiúsculo desses que não cabem em romances. Seria o único amor que conseguiria tocá-la, especialmente agora que se via numa situação não nova, inusitada: a de precisar amar. Não amar qualquer um, não amar um rosto bonito,não de amar o desejo. Em seu desejo de amar, via claramente a imagem do amor, o que sempre desejou desejando. As paredes, comungavam com a névoa causada pelo chuveiro, o intrínseco desejo em seus olhos a ofuscarem levemente a imagem a ser vista. Sentia, e essa força trazida inusitadamente tocava sua mão, acalentava seu espírito. Quando o devaneio a trouxe de volta o telefone tocou.

- trimmmmmmm...trimmmmmmm

Palavras ditas, ouvidas e o costumeiro ponderar pressentindo o novo vivo a inspirar-lhe amor, dar-lhe amor. Seus olhos fitando algo lembravam uma criança precisando da mãe. A mãe não era tudo que ela pensava no momento. O que parecia surreal chegaria em breve. Em breve era tudo que uma mulher jovem ou grisalha gostaria de sentir. Era anunciação da felicidade que até então supunha ser virtual. O olhar dizendo aqui estou, a mão suando, o sorriso. Tudo a misturar conclusões controvérsias para aquela coisa estranha que se chamava amor. Pensava dizer não, ter controle. Controle para ela era fundamental. - Cara leitora, não confunda controle como algo inato a Renata - . Aconteceu algo que sempre acontece e transforma o que achávamos ser imutável. - Não é hora de saberes, saberás em breve – Enquanto abria o fortuito presente que lhe chegara, conclusões mil pairavam em seu pensamento.
- Daria certo dessa vez? Será um desses que conseguem o que quer e vai embora? O que é essa coisa estranha chamada Amor?
Nada é por acaso, sabia disso. Conjeturou colher informações. Seguiram-se leituras sobre o mimo. -  leituras essas que descobrirás mais tarde.- O suspense antes inexistente tornar-se-ia maior que a surpresa absorvendo-a em doses profundas, enquanto o sim saia incondicionalmente por seus lábios sorridentes, flexionando sua expressão como era seu jeito lindo de sorrir. Andava devagar, paisagens iam e vinham aos cuidados de seu maior desejo. Ser feliz.



Helder Santos
01: 18 am
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10:41 pm