sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
domingo, 5 de fevereiro de 2012
I – Da chegada do amor.
Sonhos de Renata
Chegara à casa de uma forma diferente. Cansada e
entregue a si mesma, tirou a roupa e jogou-se no chuveiro. A água quente
produzindo vapor misturou-se a seu corpo como se a alma emanasse novas idéias
de si. Nem ponderou, seguiu a catalogar nas paredes ainda úmidas, o sorriso
ainda vivo, mesmo que cansado em seus sonhos. Prosseguiu refinando lembranças
boas, reciclando ruins, fazendo planos.
- Amanhã, como será meu dia?
Seu cotidiano misturava relações de ternura, repulsa,
desconfiança e devaneios. Amor? Precisa de um amor maiúsculo desses que não
cabem em romances. Seria
o único amor que conseguiria tocá-la, especialmente agora que se via numa
situação não nova, inusitada: a de precisar amar. Não amar qualquer um, não
amar um rosto bonito,não de amar o desejo. Em seu desejo de amar, via claramente
a imagem do amor, o que sempre desejou desejando. As paredes, comungavam com a
névoa causada pelo chuveiro, o intrínseco desejo em seus olhos a ofuscarem
levemente a imagem a ser vista. Sentia, e essa força trazida inusitadamente
tocava sua mão, acalentava seu espírito. Quando o devaneio a trouxe de volta o
telefone tocou.
- trimmmmmmm...trimmmmmmm
Palavras ditas, ouvidas e o costumeiro ponderar pressentindo
o novo vivo a inspirar-lhe amor, dar-lhe amor. Seus olhos fitando algo lembravam
uma criança precisando da mãe. A mãe não era tudo que ela pensava no momento. O
que parecia surreal chegaria em
breve. Em breve era tudo que uma mulher jovem ou grisalha
gostaria de sentir. Era anunciação da felicidade que até então supunha ser
virtual. O olhar dizendo aqui estou, a mão suando, o sorriso. Tudo a misturar
conclusões controvérsias para aquela coisa estranha que se chamava amor.
Pensava dizer não, ter controle. Controle para ela era fundamental. - Cara
leitora, não confunda controle como algo inato a Renata - . Aconteceu algo que
sempre acontece e transforma o que achávamos ser imutável. - Não é hora de
saberes, saberás em breve – Enquanto abria o fortuito presente que lhe chegara,
conclusões mil pairavam em seu pensamento.
- Daria certo dessa vez? Será um desses que conseguem
o que quer e vai embora? O que é essa coisa estranha chamada Amor?
Nada é por acaso, sabia disso. Conjeturou colher informações.
Seguiram-se leituras sobre o mimo. - leituras essas que descobrirás mais tarde.- O
suspense antes inexistente tornar-se-ia maior que a surpresa absorvendo-a em
doses profundas, enquanto o sim saia incondicionalmente por seus lábios
sorridentes, flexionando sua expressão como era seu jeito lindo de sorrir. Andava
devagar, paisagens iam e vinham aos cuidados de seu maior desejo. Ser feliz.
Helder Santos
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