Beijo parece ser algo sério nos dias de hoje. Muitas vezes encontramos um amigo e o cumprimentamos com um abraço, às vezes um beijo, outras nem consumamos ato algum, apenas dizemos: beijo para dizer até mais ou o próprio tchau. De onde surgiu a idéia de beijo? Na época da escola, ainda na sexta série tínhamos colegas muito metidinhas – nojentinhas era é a forma que os meninos gostavam de chamar as meninas chatas, cheias de não me toque – não queriam saber de ninguém encostando nelas, imagina dizendo : beijo. E dando beijo? Isso menos ainda , seria a morte pra elas. Outras, aquelas que nós, meninos nunca enxergávamos- engraçado ,quando temos realmente que usar a visão, quando esse sentido deve nos valer, não o usamos dignamente – é , não víamos as meninas mais bonitas aquelas tímidas e caladas são as mais lindas de todas. Eu particularmente percebi uma , pena que tarde. Enfim, meninos são meio lentos, vamos voltar à história do beijo? Então , aqui estamos e eu queria muito beijar uma menina. Era sexta série e ela parecia um anjo: cabelos pretos, olhos grandes e um lindo sorriso. Eu , gordinho e desajeitado sempre lançava olhar até ela e essa , a mesma fazia-se desentendida , bem que gostava. Isso percebi depois. Por hora, estava no auge da minha infância, tinha um profundo amor por ela. Me guiava o troféu , o tesouro esperado, seu beijo. O que fazer para beijá-la era um questionamento diário. Como seria meu primeiro beijo? Aqueles olhos? Aquele sorriso?
Um dia, cheguei pertinho dela , e, quando estava prestes a cometer o maior feito da minha vida: puft!
A professora : o que você faz levantado? Sente-se! Anda menino!
A turma desatou a rir, tive que adiar meu desejo. A essa altura todo mundo sabia que havia amor em mim; eu continuava a não saber o que a menina dos meus sonhos infantis sabia sobre mim até o dia da brilhante idéia: escrever uma carta e nela dizer o quanto tenho vontade de beijá-la. Meu eureca durou pouco, quem cai nessa conversa mole? Tive discernimento sem que precisassem caçoar mais uma vez da nobre intenção amorosa, aquela que mais tarde veria ser posta à prova. Quando resolvi declarar-me, tive minha primeira decepção amorosa, ela simplesmente ignorou o que senti. Percebi um sorriso sarcástico que só hoje consigo entender. Mal sabia eu o que era sarcasmo ou decepção amorosa. Esses porém, parecem ter gostado do papel de algoz em minha vida teimando em repetissem mais tarde de forma mais cruel e banal. Ela seguiu namorando e eu, perdendo meu grande amor. Quando finalmente ela acabou o namoro, dei pulos de alegria, saltitava , eu não ria , meus dentes eram uma avenida, só faltavam carros. A olhei , quando fui até ela , mais uma decepção, não era mais um namorado que ela arrumara, era seu rancor, seu ódio por mim que aumentara. Por mais que eu fizesse, por mais que gritasse , o mundo me escutaria , ela não, nem queria me ver. O tempo passou , não éramos mais crianças , ela já tem seu amor. Eu fiquei com as lembranças dos beijos que não dei na infância.
Helder
10: 09 pm
25-03/2008