sábado, 12 de dezembro de 2009

Prova de amor

A recíproca é verdadeira. Boa frase para se começar um texto, não? Boa ou não será essa a que dará início a esse. A recíproca é verdadeira. Verdade ou não poucas coisas são tão verdadeiras quanto à recíproca quando verdadeira. Afinal, há recíproca falsa? Homens, mulheres, quiçá mulheres ou homens, seres racionais pensam em reciprocidade como algo importante. Sorrir para seu amigo ereceber em troca um rosto fechado, amargurado? Não, de volta, um sorriso aberto é aceitável e sempre bem vindo.

Amor por retribuição? Ahh, deve ser essa a maior das recíprocas. A batizemos “recíproca mor”, afinal, amor rima com dor e no final todos adoecem , se medicam e quando curados, resolvem estar prontos e novamente adoecem. Viram? Amor rima com dor. Estar doente, gritar pela mãe, pelo pai, pelo irmão sempre chato, precisar de alguém. Quando se tem, grita-se por quem? Isso mesmo, pelo namorado:

- Amorrrrr...estou tão sozinha, me sentido dodói, cuida de mim?

- oww amor, claro, estou indo.

Amor recíproco é lindo, é como ver o mar a quilômetros e sentir a brisa, é ser brisa do mar para alguém. Você , eu , eles. Todos os pronomes querem amar, desejam amor. “Recíproca mor”!

-MoOooO, te amo, quero você.

-MooOoooOOO, também te amo, você me amaaa? Meeeeesmo?

- Amo MooooOO, você é meu tudo! Smackkkkk

-Da prova de amor, mOoOO?

A recíproca é verdadeira, boa frase para se terminar um texto, não? Sim! Amor rima com dor, amor mor mais ainda, moOOoOO. Provas de amor são classicamente a maior falácia do amor. Imaginem., oque vem após a prova de amor? Isso! O presente! Uma sacola que rompe após nove meses. Nove lindos meses de dor. Dor, e o amor? Amor rima com dor, esqueceram? Que coisa menino(a). E quando não há amor?shihihii, quando não há amor? DOR! Muita dor. Ué, amor não rima com dor? Ahh, amor mor rima com dor. Amor, esse que juram amor ao julgar amar, não, esse não tem outro nome que não dor.

Ótima frase para continuar um texto. Pode-se ser feliz amando reciprocamente? pode-se amar amando sozinho? Até pode-se pensar em provas de amor. Não esqueça, sempre haverá dor. Escolha sua prova de amor. Ahh, meu amor rima com dor. Te amo.

Helder Santos

9:02 pm

12-12-2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Ode temporal

Quando você voltar,
Flores, perfumes e beijos.
Sons, revelações ao luar,
Quando você voltar,

Palácios, adornos magnos,
Palavras, gracejos.
Quando você voltar,
Rosas de algum lugar da África

Pátria primeira de teu sangue
Brasil, tua marca.
Placa afã escrita em teu olhar,

Poesia cantada, palavra lida,
Quando você voltar,
Aplausos, recitais, cantoria.
Escuma do mar.

Quando você voltar,
Sonhos a viver, laços recentes,
Outro olhar

Nos velhos que passam devagar pela rua ao lado,
Aos que desfilavas na mocidade, presenciam teu novo olhar.

Recente na lógica de imaginar,
Quando você voltar
A paisagens distantes
De lugares inabitáveis

Presentes no seu pensar.
Do respirar diário e matinal,
Dos verdes campos na tua cidade.

Os pequenos andando , achando tudo lindo,
As moças rebolando com um som próximo e distante,
Seu olhar em tudo que foi e ainda não é,
Seu sonho aqui e ali.

Quando você voltar
E o lugar ser o mesmo.
Quando você for,
O lugar será o mesmo.

Até você voltar.

Helder Santos
12:19 pm
10-12-2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Saudade ou MF

Cansada te espero
Parada, quando chegarás?
Sozinha, não vejo
Que estou triste.

Dolorida e casada
Te amo sem medida
De porta fechada,
Sem dor na despedida.

Cansada seguro
A mão que outra abraça
Amando com
Meu coração...canção

Dolorida e muda
Do meu passado,
Lágrimas gritantes, não vês?
Saudades, amado.


Helder Santos
03:03 pm
18-11-2009

No seu aniversário ( ou saudade )

Quero escrever coisas em seu coração que te
Façam sentir o que sinto quando penso em você,
Quando estou ao teu lado e me resta esperar...escrever algo
Que te faça imaginar o que sinto quanto estou longe de ti e

Minha mente para, meus olhos cegam, a boca seca.
Te querer envolve movimentos maiores que o simples imaginar,
Te amar é mais que toque, mais que olhar.

É não saber o que fazer quando estás longe,
Não saber o que pensar quando somes,
É te amar em silêncio.

Desejar o movimento sutil dos seus olhos
Vindo e indo antes que eu, calmamente, perceba seu sorriso desabrochar.
É cobrir de beijos quem me faz feliz,
É beijar mesmo distante quem amo. Quem me faz amar.


Helder Santos
07:43 am
18-11-2009

sábado, 14 de novembro de 2009

Meu terceirão

Sinto-me como alguém que teve um enorme sonho bom, acordou e está aqui,
Entregue a mim mesmo por não ser só eu,
Por não ser só meu o enorme sonho bom.

Estou forte e feliz, entregue a doce magia desses anos a dormir bem e acordar aqui.
Em cada sorriso dado, conhecidos braços nos abraços desses anos.
Pequenas intrigas resolvidas, quem ama, briga.

Luta pela volta dos sonhos nos sorrisos dos que se foram,
Nos sorrisos que vão, surgem novos, velhos sorrisos brilhantes
Te olhando como quem sonha com seu sorriso, sorri sabendo que sorrirás. SONHO!

Sonho com o amanhã no abraço fraterno de sermos para sempre, por isso te olho agora.
Te vejo saudosista em lágrimas felizes
Acenando num olhar o até mais que muitos chamaram “despedida”.

Entendo que amanhã, a ausência matinal em nossa visão, não apagará a presença do que somos em nossos corações,
Escrevemos novas linhas no presente,
Pressentimos novos grandes sonhos no futuro que virá.

Sei o que vou ser quando crescer. Sou grande!
Somos enormes. Pequenos-gigantes-corações-imensos
Agregando corações como o que vos fala.

Então escrevi intenso. Ninguém apagará o que escreveram em mim;
Sorri pra você, você sorriu pra mim...
E amanhã, quando sonhos, linhas, sorrisos fizerem parte de algo chamado saudade,

Faremos novos dias como esse,
Lembrando os melhores anos do que chamam de vida,
Do que a seu lado chamo felicidade.

Helder Santos
8:34 am
14-11-2009

sábado, 31 de outubro de 2009

Doze

Anos passaram fazendo-nos crer num recomeço. Particularmente acreditei nisso. Patrícia voltaria, seria o que ansiei. Dia a pós dia persegui tal desejo. Maldita crença a pungir, despedaçar, cortar, mutilar. Não apenas um, ou meu fiel sofredor companheiro e eu. Sofríamos, meu coração, elas e eu. Até quando estive só, masoquistamente feria-me. Meticulosamente maculava resquícios de sobriedade resistentes, sofríveis em mim. Impassível, nem piscava, nada sentia.

Quão inútil à luta dos que perdem o propósito? Deve ser! Não menor que a luta dos que nem souberam um dia algum propósito. Não menor que a luta dos que parasitaram existência a dentro. Essa crença me fazia sorrir com o canto da boca. Nada de mágoa, ressentimento ou angústia. Você morreu! Morte dando lugar à vida em outro coração. Fazendo do medo antes combatido, velho amigo nos antídotos contra males e você. Estamos bem, sua dor e eu. O que és ao telefone e pessoalmente dissimula; o que fui sem negar e prefiro deixar no passado. Morremos! Assassina! Matou-nos a sutis golpes, lenta, meticulosamente. Nada que disser supera os fatos. Estamos mortos e a culpa é toda sua.

Por mais certeza que exista nas argumentações, fatos levarão você à incredulidade em suas ações. Voltas atrás. Estamos mortos , não entende? Morremos abraçados a cruz invisível , a mesma que supostamente uniu-nos um dia. Acabou! Recolha sua mochila repleta de argumentações lógicas sobre o sentido da vida, encolhe os ombros. Tantos encolheram, tantos encolherão, não está sozinha nessa. Morremos, acabou! De grito em grito senti que toda cidade conseguia me ouvir: “Acabou! Morreu! Morremos!”

Sorri ao justo destino de ser o único a não decidir a própria vida, encolhi os ombros e gritei: “Morri!” Dessa vez ninguém ouvia, não queriam que eu morresse assim tão rápido. Morri e estava só. Patrícia igualmente morte e igualmente só nada falou. Frios e calmos na certeza de termos morrido nem mexíamos; até que alguém contemplou o céu azul-poluído nos sorrisos falsos bem representados e jogou uma flor. Felicite você mesmo, é o dia mais feliz de sua vida. Você morreu.

Helder Santos

31-10-2009

3:15 pm

sábado, 10 de outubro de 2009

Onze

Moramos numa cidade ainda provinciana e poucas pessoas ocupavam os espaços repletos de vazio dos que lá habitavam. Coadjuvantes passivos da história que não se construía homens indo e vindo a lugares que de longe não enxergavam. Nosso lugar. Calmo, simples e pacífico. Estado de não se viver algo, vivíamos. Pessoas reunindo-se paulatinamente em torno de algo que julgavam construir mesmo sem saber estavam por presenciar acontecimentos incomuns a cidades como essa. De imaginar cidades crescendo ao lado dessa, estanque, passiva e monótona. Éramos felizes na certeza de criamos leis próprias a cidade interior de nós mesmos Acontecimentos paralelos a esses se enquadravam normais aos olhos dos seres lá viventes. Acontecimentos corriqueiros a homens e mulheres adaptados ao que entendiam como comuns não apeteciam nosso espírito, precisávamos de mais, muito mais.

Olhos se entregando, confessando desejo, necessidade de toque. Presença. O que a cidades próximas a nossa seria entendido normalmente aqui não seria. Ilegais, nos entregávamos ao que entendíamos por paixão sem saber nome exato, sem entender como poderia acontecer de uma cidade no interior dessa cidade possuir algo especial, incomum aos demais. Nos encontrávamos simples, atenciosos, retilíneos e precisos no desejo singular de felicidade.

Aos atores, essa realidade que além de singular mostrar-se-ia irreal, não havia muitas alternativas. Não que não vivêssemos o que estávamos vivendo, não que não sentíssemos o que se diz sentir banalmente em cidades parecidas com a nossa. Sentiam de fato. Havia um algo mais entre constelações no céu púrpura e corações desenhados na terra molhada que chuva e vento apagariam. Deles, chuva ou vento, nada apagaria. Nenhum fenômeno natural ou quiçá a força de deus teria força de destruir cidades como aquela. Sociedade homogênea a dois. Duas mãos. Dedos entrelaçados ao carinho incomum em cidades comuns as que não desejariam habitar.

Em cidades como a deles pouco importava futuro ou passado se presente era guia, condição indispensável ao que julgavam, e era certo que parecido e igual são condições divergentes quando se trata de ter alguém sendo de alguém ao lado de ter alguém por ter alguém. Pose, posse torturante a corações pulsando febrilmente em desejo por desejo. Corações condicionados ao medo de se ter corpo enquanto há corpo e daí sair de encontro à outra cidade. Coração pulsando, peito trêmulo, respiração ofegante. Gestos, olhares. Passos uniformes em sentido único, o sentido de ser sentido. Sentido por um só meio, diretamente proporcional e sem desvios. Dois belos bêbados astros circulando ante constelações povoadas de anjos no espaço só nosso.

Passeávamos embalados pela silenciosa música que ouvíamos. Cantarolávamos com os olhos respirando com o peito o abraço justo de ser laçado pelos braços da ternura. Criávamos condições inimagináveis para aquela coisa presente a poucos, viva em nós, que chamamos de amor. O deserto florido que de longe observávamos nada remetia a paisagem tropical inalada em nossa caixa em formato de coração. Não se ouvia grito ou barulho estranho ao ronronar plácido da cidade com dois habitantes. Como em comunidades fechadas fabricávamos as próprias armas de defesa e medicamentos. Cardiologistas¹ singulares há inexistência de dor, pessoas preparadas para o inesperado esperado do amor sem rimar amor e dor, sem desaperceber o sabor da flor, ser cor. Em janeiro, Patrícia e vivíamos na mesma cidade, a cidade dos nossos corações. Em pouco tempo chegaria fevereiro, em nossa cidade já era feriado.

Helder Santos

01:47 pm

10-10-09

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Dez


Final de ano não era a época ideal para Patrícia. Aliás, nenhum tipo de final. Final de filme, final de livro. Todos os finais para ela representavam o fim de uma trama e sem tramas não podia viver. Não que fosse de chorar nos finais, até acontecia. Raramente é verdade, mas, acontecia. De fato preferia sorrir e contemplar a inata precisão de seus movimentos e narcisísticos.

Mesmo que a presença certa do fim representasse a confirmação estática do início de um novo ciclo em novos velhos doze meses de apreensão e dúvida, lá estava feliz e determinada da consciência mutável e estável de suas ações. Do controle sobre ações ao domínio exterior de outro alguém o início confrontava-se com o fim. Afinal, há aprendizado nos finais proporcionando maior campo de ação no recomeço para um e para outro. Não era apenas a garota dos sonhos de um garoto, era a mulher nos sonhos dos sonhos de um homem. A constante luta entre o poder que um exercia na subserviência do outro e a relação de medo entre eles poderia mudar. Finais iniciando o que antes parecia impossível são comuns em histórias de pessoas assim. Satisfação e dúvida eram latentes a ambos. Se por um lado Patrícia acumulava assertivas eu somava-as em dúvidas. Questionar-se é fundamental. Assim como ela, estava ciente disso. Precisava mudar , mover-me num novo caminho. Só seria possível com ela, por ela, para ela. Para isso, restava-me confrontar-lhe. Palavras belas ou carícias não renderiam nada, não renderam até então. Cabia a mim tomar seu lugar, agir a partir de suas ações, possuir sua moeda de câmbio. Ser indiferente.

O sino bate as 11 aproximando-nos do fim quando entregamo-nos ao princípio supremo da vida, a libertação do mundo, do velho mundo nos remetendo ao espírito supremo da humanidade antes de pecar. Rezávamos ao mesmo Deus o mesmo pedido. O inerente egoísmo de Patrícia vinculava-se a mim. Lá estávamos vestidos de pecado suplicando aos céus o domínio sobre o outro. No fim, iniciamos um novo começo. Fiquei no passado. Patrícia, passado e presente, ação imutável prestes a confrontar-se com outro eu. Meia noite, abraços e beijos saudaram o novo ano. Não era mais início o que Patrícia via. Não era mais final o que eu conseguia avistar. Atentamente, olhos nos olhos, não como antes, vi seu alter ego refletido em seus olhos. Esse ano ninguém dormiria.

Helder Santos

06:31 pm

07-10-09

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Nove


Hoje é um ótimo dia para se apaixonar. Então, gênios como eu resolvem se apaixonar pela mesma mulher. A que escreve cartas para você e envia a outro, a que faz juras de amor em segredo quando entristece por estar com outro. A que te ama. Afinal, amor é mais que presença, amor é amar independe de contato. Amor é INCONDICIONAL! Então me apaixonei outra vez. É, estou apaixonado e provavelmente sozinho. O quarto azul e branco com paredes silenciosas presencia essa diária e muda paixão. Ontem estava menos apaixonado que hoje, ontem me apaixonei. Como hoje, sei que ontem foi um devaneio do que hoje é real. Beijar você, dar-te bálsamo, me machucar. Hoje igual a ontem fez-me vilão, prisioneiro de mim mesmo no que vejo do que não vês em mim.

Enterneço-me nisso e ganho vida na ausência que emanas de minha presença. Te amo sem o sol coadjuvante dos amores de fim de tarde, sem a lua dos amantes nas noites de verão, amo como nuvens carregadas assistindo felizes a chuva molhar alguém, esse alguém sou eu. Na eternidade de mais uma tarde chuvosa presencio minguados raios de sol nas juras de amor eternas a se findar no fechar da porta do mesmo quarto. No seu cheiro em algum livro aberto entre os fios de cabelo na cama. Vai-se no mesmo enredo e drama. Cismo de dentro para fora ao ver-te cruzar a mesma rua que esqueces ao me esquecer de repente.

Amo mais e mais o que de longe é real ao assustar de perto. Querendo mais e menos o que amo e temo. Patrícia simples e diversa, sem telefonema ou conversa. Disca e não fala, pensa e cala. – era mais uma proposta de cartão de crédito – Seus créditos não acabam. O telefone que toca é sempre o seu. Comigo não fala. Seus dedos sorriem encontrando um novo amor. Até a verdadeira noção de que amando uns e outros Patrícia distancia-se de quem sempre a amou. Acordei febril. Não há pesadelo em sonho.

Helder Santos

2:56 pm

30-09-09

sábado, 26 de setembro de 2009

Oito

Escurecia quando Patrícia sorriu mais uma vez. Para ela sempre fora especial o sorriso de setembro. Ao redor algumas árvores cantando a força dos ventos enquanto o lago refletia a lua. Brilho, ressonância, cores e sons em quadros de músicas nossas. O rosto aparentava ausência de problemas. Olhos indecisos, atentos, ansiosos e viris. Patrícia chamava por algo indefinido na definição do que é amor. De longe estava a imaginar a paisagem ideal nos olhos de menina. Se só eu via, paciência. Esses são os olhos, essa é a garota. Não precisava de outra se ela estivesse ali, e mesmo não estando, lá estava eu em sonho e real. Medo e comedimento em seres tão distintos. Aflitos e amorosos seguíamos a nossa maneira de sermos seguros no que temos de mais inseguros, em nos amarmos.

Seduzia, contagiava, sabia o que queria, dominava a situação. Patrícia, sedução e domínio, vida e controle. Até pensei poder vencer isso, pensei...luzes , movimento e doçura são maiores que insegurança. Temi, calei observando o espelho dos sonhos límpidos nos olhos de Patrícia. Sempre acredito haver um poder maior que o meu guiando os atos de Patrícia. Ela falando, dissimulando ou pensando seria mais que ela mesma, era o todo num só, um isto de “dD” de aquilo, acervo e atitude, era presença, saúde e doença. Saudades e lágrimas primaveris em setembro.

Helder Santos

26-09-09

11:25 pm

Espelho

Vaidosos, guardamos virtudes. Quem será melhor que nós? Nós que somos tão inteligentes, bonitos, espertos e ávidos. Sempre os melhores. Ao nosso redor o mundo aberto, o fechado mundo de nós mesmos, de nossas verdades. Sabemos tudo e ai daquele que duvidar. O mais especial em mim é o erro mais gritante no outro. O real também em mim, é motivo de chacota para o outro. Acordar cedo, fazer tarefas diárias, esforça-se. Minha dor e vontade é maior que a sua. Minha angústia e incerteza é maior que a de qualquer um. Dói um umbigo, não, não é o meu. O coração que chora não é meu. A voz que fala silenciosamente não é a minha. Logo você, esperava de qualquer pessoa. Você precisa melhorar. Seu espelho está quebrado? Tão linda em presença.- a um passo – Que horrível!

Manhãs silenciosas, manhãs de sonhos. Sonhos da pretensa juventude também minha. De dentro pra fora a analisar o mundo. Tão pequeno. Tão meu...O que me importa?! Pra que levar a vida a pensar em alguém, qualquer alguém se a vida é minha? Faço o que quero e pouco importa quem está ao lado. Do lado? Lágrimas e sorrisos. Sorrisos e mais lágrimas. Ela superará. Ele superará. Vai passar. Na caixa as paredes são iguais. Tamanho e cores iguais do meu sorriso branco e preto sempre colorido.. Quem sou eu? Sei muito bem. Sou o que preciso e me basto.

Ah...o que sabe de mim é igual. Eu tão diferente de você a se julgar especial. Logo você? Se ao menos fosse outro. Você, jamais. Nós tão bonitinhas e inteligentes. Tão especiais. Nós! Sozinhos não somos nada. Nada mais que a esperança de ser alguém, o alguém que és por haver outro alguém. O alguém ao lado, que do seu lado...precisa ser alguém.

A voz do egocentrismo tomou um susto.

- O espelho da sala mostrou uma sala que só existe porque na sala insiste em existir algo mais que um reflexo. O espelho rachou.

Não, não foi capaz de quebrar ou desmoronar sonhos...o espelho ainda funciona. E meu espelho?

Helder Santos

08:00 Am

25-09-09

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Amável e expressiva

Enquanto quero mais, o que quero passa pela janela fechada. Aqui , aquecido e agasalhado assisto a chuva lá fora a molhar o chão que não é meu. Sempre voando assisto nuvens se formando, anjos ruflando assas cândidas, anjos caídos. O sol entre nuvens cinzas antecede mais chuva na presente luz turva nos rostos que sempre vejo. Não há dia ou noite pra quem deixa de lado o sono por não dormir sempre dormindo, sempre acordado em espírito cálido, pálido em teu ser.

Ao abrir as poucas duas janelas vejo entre essas paredes um que de luz ao passo que um turbilhão aqualirado alimenta o pouco que sobrou. Discos, azulejos bordados de alguém que me amou. Setas, imagino palavras entrecortadas. O telefone não toca. Chove, sua voz não vem. Nuvens escuras, lua e além. Onde estás agora, grita a voz do meu coração. Chove, terra e céus multiplicando ilusão. Anjo, onde estás? Dias a fio sua casa, seu quintal visto de várias janelas. Parcelas do seu ser espalhadas em seu lugar que não vejo. Não fecho as janelas. Anjos que não você tocam músicas agitadas e tudo que desejo é sua sinfonia, melanina rara a cor plácida em sua pele. Aqui você me impele a ser o que sou ignorando minha presença. Não te esqueço. Cometa, comenta. Reverencie o meu tão seu a se perder de mim. Vive intensidade nas palavras tão suas quanto minhas, ignora meu alfabeto lendo palavras que só escrevo pra você. Escrevi pra você sonho que criaste numa noite em várias manhãs. Não chovia.

Cheia de luz, branca e azul, quente e presente de março a março. Abril...inverno antecipado em tanto passado que não escrevi. Pra você ou pra mim o mundo toca sons tristes e de longe aproximamos versos como se não fossem nossos. Choramos...a janela fechada esconde raios de sol enquanto cai a chuva. Nem flores nem culpa. Um som toca, você dorme.

Helder Santos

00:02 am

22-09-2009

Sobre igualdade

E, falam em igualdade, pessoas vivendo em paz, justiça, direitos. Direito a moradia, saúde, alimentação, a vida. Tantos direitos. Ter emprego, casar, filhos. Viver razoavelmente bem. Ser feliz. A vida humana paira sobre as máximas, felicidade e tristeza. Como previa Mani, ou Plotino, o homem luta intensamente entre opostos bem e mal ou é degeneração de algo bom, por consequência, é mal.

Democracia ou tirania? Quem decide o que é o estado de direito, cidadãos ou políticos? Vamos percebendo a relação de poder que existe entre o ter e não ter. No amor há sempre quem manda e quem obedece. Na vida há sempre quem manda, quem obedece. Obedecemos lei da natureza (physis) sem saber o que é natureza ao creditar nessa a forma ideal, - de ideia (eidos) - e por isso invertemos a ordem. Na opinião (doxa), cremos que ao fazermos coisas boas como sermos dignos e honestos chegaremos a felicidade e alcançaremos uma vida boa. Criticamos crimes como roubo e por meio da razão (logos) abolimos crimes hediondos. Julgamos e condenamos, pois essa é a forma de manter estável nossa segurança, nossa vida.

Tantas situações e questões. O que leva alguém a cometer um crime? Porque alguns são culpados, outros não? O mesmo crime é visto com olhos atentos e olhos cegos a depender de quem o comete. Para alguns é falta de vergonha, para outros é problema psicológico. Somos iguais. Vemos tv e pela tv presenciamos o melhor das possibilidades e estar vivo. Comprar um carro, uma tv nova, roupas, mais roupas e celulares. Três, um de cada operadora. Comprar créditos , fazer ligações. Malhar, adquirir produtos de beleza, perfumes, cerveja. Ter dinheiro. Comprar, comprar. Deduzir que todos tem um preço, se vender, comprar pessoas e assim todos ou quase todos são felizes. Assim, todos ou quase todos, esquecem de si mesmos ao esquecer quem está ao lado.

Helder Santos

10:24 pm

21-09-2009

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Quando é amor.

Amor é ansiedade,
É espera também.
Amor é ânsia em sentir alguém:
É o dia que estar por vir.


Amor é desejo,
É sossego pra si.
O amor verdadeiro quer bem, quer paz,
É doce cortejo.


Amor não é dor,
É esperança, ensejo.
Olhos nos olhos
Ponte para um beijo.


Amor é segurança,
Sorte, gracejo.
Amor verdadeiro não é dança,
Quando é amor não é só desejo.

Helder Santos
20-10-2008
11:47 am

In : http://escrevipravoce.blogspot.com/2008/10/quando-amor.html

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O mal do século ou solidão

“Como é triste a tua beleza/que é beleza em mim também/vem do teu sol que é noturno/ não machuca e nem faz bem” Cazuza



O coração que toca triste,
Calado em gritos de dor.
Toca silencioso-gritantante a valsa do amor,
Embala solitário a marcha fúnebre do canto sem voz.

Cutuca feridas abertas nas portas fechadas da estrada em dor.
Toca coração triste, toca notas de amor,
Notas de dor.
Vagaroso imprime circunstâncias felizes,

Prova a felicidade indolor e
Matuta impreciso,
Vacila nocivo o que conhece... temor.

Exprime teu riso
Lázaro, lascivo...
Esconde teu rancor.

Helder Santos
10:00 pm
16-09-09


terça-feira, 15 de setembro de 2009

Rebeca e os laços de cristal.


Toda manhã era sempre igual a caminhar de cabeça erguida, sorrir aos quatro ventos, sonhar a enganar taxas de amor com doses de açúcar. Manhãs doces, doces olhos castanhos em presença mel. Toda manhã...planos precisos do que ser amanhã, o príncipe encantado, a fada a uni-los após merecido toque noturno do sono. Sonhos nunca esquecidos por sonhar igual, viver a condição igual de querer alguém preenchendo espaços vagos de calor. Dar calor e na esperança cotidiana a aquecer-se, esquentar o coração de outro alguém na forma calma e simples que esquenta-se nas noites com seu cobertor bordado em corações. Rebeca sabia muito dos que estavam ao redor, muito de si. Misturando autosuficiência e medo fingia não saber nada. Ponderava ações como se essas prenunciassem decepções, motivos futuros de misantropia e tristeza nas asas da xícara que tomara café toda a vida. Recordações de amores antigos misturando-se ao café, pratos limpos a espera do refinado toque matinal. Rebeca com seus métodos afastavam-lhe a tristeza. Como uma criança a brincar de comidinha pouco aproveitava do alimento a aproveitar o prazer de pouco comer, a colecionar em todo café da manhã a manhã antecipando à tarde, seu melhor momento.

Todas as tardes comungando ao mesmo centro, encontrar-se e perder-se ansiando a noite esperada e temida. Tarde comum a alguém incomum, amável, sozinha, pensativa. Rebeca respirava calma e profundamente e o ar enchia seus pulmões minimizando suas angústias e dores. Árvores e pudores, expectadores viris de seu monólogo entediante. No palco solitário alternava perguntas e respostas a si mesma sabendo que nenhum treino didático poderia leva-la ao real encontro de alguém. A certeza de conhecer o mundo e si mesma era seu guia enquanto a tarde passava e seus medos aumentavam a dor sufocante de estar chegando à noite e continuar só. O crepúsculo a fazer-lhe companhia distanciava problemas menores pois a noite tende ser longa. A noite, toda noite ao encontro do mesmo corpo, cobertor bordado em forma de coração colocando-a a sonhar com o mesmo homem, mesmo rosto, o esboço do fim da solidão unicamente possível nesse corpo, dorso apenas presente metaforicamente em sonhos e cobertor bordado. Toda noite...ao fim da noite o bom dia silencioso a xícara de café sem asas fazia-se companheiro ao gole indefeso daquela que espera por alguém no distante do cobertor bordado, próxima ao sonho que sempre tem com um alguém que não vem.

Helder Santos

10:04 pm

15-09-09

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Como se faz um fim XIII.


Quero e consigo dizer que algo acontece quando te vejo. A velha experiência nova ao contemplar sua Beleza, delinear seus contornos, vagar no que penso ser você. Me ouves, lê em olhos ansiosos o que só alguém como eu poderia ser pra você quando no reflexo deles pintam-se imagens de como seríamos sendo nós. Me vê presença física e moral do que é o homem nos seus sonhos. A sedução em minhas palavras, o toque desengonçado típico dos apaixonados, o gesto tenro na maciez de um olhar.

Não quero e preciso ouvir algum motivo que iniba tais gestos. Nem a crença inexistente na amizade que nunca tivemos ou a pseudo certeza de que não seremos nada conseguem me calar. Não me ouves, deixa de ler nos ansiosos, destemidos tentos olhos o que é destinado exclusivamente a você e num sopro de autosuficiência desnorteia a linha em meus olhos, o plano traçado, a tela em construção. Resta a presença física daqueles desengonçados, inibidos olhos.

O que vou dizer se uma parte de mim nega e outra parte transborda? Negar que existe amor está na consciência machista dos que não se entregam a tal sentimento. Curiosamente ai estão os que amam mais amando menos, os que satisfazem em você quando te satisfazem à falsa certeza em de ser amada. É você sorrindo em letras garrafais a música gritante-silenciosa que te espera, o desejo a morrer na ausente tela juvenil da beleza.O exato momento para lembrar seu verdadeiro amor. Quando ele, diferente de você, encontrar sua verdadeira cor, a que não rima ao preto e branco fosco nos seus olhos de adeus. Alguém acordou.

Helder Santos

0:28 am

11-09-09

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Coadjuvante nos filmes de amor no papel.

Sempre me considerei um menino. Ser chamado pelo termo “homem” fez parte da condição geral da espécie. Ir a escola da forma desengonçada que só eu sabia, tomar banho de chuva aos trinta, divagar adulto nos olhos adolescentes de uma menina. O que fiz, o que faço e o que penso tentem ao mesmo lugar. O menino em mim habitando o corpo homem, o espelho juvenil da infância.

Homem e menino comungam o mesmo centro ao lembrar-me o autorama em que habilmente desviava os carrinhos dos “meus” enquanto esses batiam de frente e sorriam. Também sorria ao julgar-me diferente ante iguais. A necessidade de distinção no futuro seria o desejo de igualdade. Aos vinte entre hábitos infantis amava o que não me amava, vivia o que julgava ser a vida, ainda era criança. Vivia...pernas longas, negros cabelos lisos, um sorriso. O modelo clássico de beleza a atrair com um toque distante, a me prender num olhar sem garras, me tentava. E tentando mesmo se tornava alguém, um alguém que não sou, o ser vivendo no reflexo de seus olhos.

Mãos suando frio, lábios secos. Ela passando...ele não era mais criança quando o filme acabou.

Helder Santos

09-09-09

1:01 am

Aos leitores assíduos desse que vos fala especialmente a Maria Gabriela, JP E Djennifer. Obrigado pela força! =*

sábado, 5 de setembro de 2009

II – Cheia de alegria


E Renata agigantava-se ao diminuir o campo de ação de sua destinada infelicidade, ao ampliar visões da pretensa felicidade que regozijara seu ser. De pequenina a gigante no desejo de amar que antes a sufocara e agora a faz respirar com leveza. É o mundo lhe ditando regras básicas e ela aprendendo. Não o aprender decorativo dos livros que não lia, não o aprender mecânico da escola que sempre odiou. O aprender da vida que a espera, o apreender sobre si, o seu maior desejo. Eis o catálogo de Renata em não ter a pressa dos apaixonados tendo a ânsia dos que lutam contra a morte vivendo dia após dia na pausa continua em sua respiração movendo-a ao olhar analítico sob o diafragma. O aliciador lugar em seu corpo antecipava paixões antes mesmo do olhar, antes mesmo do pensar. Esse grito interior corroendo tantas vezes às noites em claro, esse clarão provocado pelo calor de seu corpo ao encostar-se ao amor de sua vida. Tudo controlado por medo, angustia e solidão de não ser passado. Tudo que fizera antes, planos, tudo que está agora. O sempre incerto ser do presente num futuro ignorado. Aquele olhar, o olhar único de quem seria apenas uma pessoa passageira em sua vida ganhara outros contornos, outras perspectivas. É Renata recordando.

- Segure minha mão, a imagem projetada pelos meus olhos não é exclusivamente sua. É a tal felicidade que vejo em seus olhos quando olha os meus, é o calor alucinante de sua respiração próxima a meu rosto, é seu sorriso.

Como num diário escrito antes dos fatos acontecerem à história foi contada entre olhares, gestos, palavras unilaterais nos beijos não dados. Ela se entregou. Já era noite e a esperança do amor verdadeiro e incondicional criará um mundo próximo ao desejado, longe do real. O real ainda seria distante para ela. Ela sempre condicionada ao irreal se limitaria ao destino rendendo-se as mãos gélidas do presente distante num futuro incerto. As palavras ainda confusas em sua percepção confirmavam-se no olhar do rapaz buscando-a noites a fio, seu nome, Joe.

Renata pensou:

- Como posso se ainda não estou pronta?

Vendo nesse olhar o pensamento citado acima, Joe consegue ouvir metade de seu sonho pelo olhar nos ouvidos da boca da garota.

- Você é tudo que sempre quis, é o quero, é como se estivesse a pessoa certa a certo dia na hora errada.

Leitora, certamente isso desanimaria se fosse dito a você, certo? Não nesse caso, ele sabia a dosagem do que ouvira e mais ainda, sabia que era a coisa mais sensata a ser dita naquele momento. Percebem como são parecidos, Renata e Joe?

O reflexo de um dia a mais nos sonhos a mais de Renata causava suspense, dúvida. A realidade seria mais simples se não se tratasse de uma história sobre sonhos de alguém. Ela dormia quando o celular tocou. Ao despertar sorridente da espera atendia como nunca. Antes de condescender levemente ao que sentia ouviu a voz desejando boa noite, mandando um beijo. Retribuiu. Voltou a dormir.

Helder Santos

02:34 am

05-09-09

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sonhos de Renata I - Da chegada do amor

Chegara a casa de uma forma diferente das outras, cansada , entregue a si mesma. Tirou a roupa e jogou-se no chuveiro. A água quente produzindo vapor misturou-se a seu corpo como se a alma emanasse novas idéias de si. Nem ponderou, seguiu a catalogar nas paredes ainda úmidas o sorriso ainda vivo mesmo que cansado em seus sonhos. Prosseguiu refinando lembranças boas, reciclando ruins, fazendo planos. Amanhã como será meu dia? Seu cotidiano misturava relações de ternura, repulsa, desconfiança e devaneios. Amor? Precisa de um amor maiúsculo desses que não cabem em romances. Seria o único amor que conseguiria tocá-la especialmente agora que se via numa situação não nova, inusitada, de precisar amar. Não amar qualquer um, não amar um rosto bonito,não de amar o desejo. Seu desejo era apenas amar enquanto via claramente a imagem do amor, o que sempre desejou. As paredes comungavam com a névoa causada pelo chuveiro o intrínseco desejo em seus olhos a ofuscarem levemente a imagem a ser vista. Sentia, e essa força trazida inusitadamente tocava sua mão, acalentava seu espírito. Quando o devaneio a trouxe de volta o telefone tocou.

Palavras ditas, ouvidas e o costumeiro ponderar pressentindo o novo vivo a inspirar-lhe amor, dar-lhe amor. Seus olhos fitando algo lembravam uma criança precisando da mãe, a mãe não era tudo que ela pensava no momento. O que parecia surreal chegaria em breve. Em breve era tudo que uma mulher jovem ou grisalha gostaria de sentir. Era anunciação da felicidade que até então supunha ser virtual. O olhar dizendo estou aqui, a mão soando, o sorriso. Misturava conclusões controvérsias para aquela coisa estranha que se chamava amor. Pensava dizer não, ter controle. Controle para ela era fundamental. - Cara leitora, não confunda controle como algo inato a essa moça. Algo aconteceu, algo sempre acontece e transforma o que achávamos ser imutável. Não é hora de saberes o que motivou, saberás em breve – Enquanto abria o fortuito presente que lhe chegara, conclusões mil pairavam em seu pensamento. Daria certo dessa vez? Será um desses que conseguem o que quer e vai embora? O que é essa coisa estranha chamada Amor?

Nada é por acaso, sabia disso e conjeturou colher mais informações. Seguiram-se leituras sobre o mimo. - leituras essas que descobrirás mais tarde.- O suspense antes inexistente tornar-se-ia maior que a surpresa a absorvendo em observações profundas enquanto o sim saia incondicionalmente por seus lábios sorrindo com expressão como era seu jeito lindo de sorrir. Andava devagar, paisagens iam e vinham aos cuidados de seu maior desejo. Ser feliz.

Helder Santos

01: 18 am

12-05-09

02:50 am

05-09-09

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Cartão postal.

O endereço para correspondência enunciava um lugar. Olhos distantes, presentes olhos ao desconhecerem a proximidade distante ao toque, a distância calculada da sorte. Anos a fio separam olhares, pessoas afins. Quando que num olhar, num gesto desconcertado pessoas se unem desobedecendo a lei em que a distância racha vínculos e destrói sentimentos. Lá estão juntos, separados na tela que os une fazem planos, escrevem recados, cartas adiadas. Quantos ainda terão esse prazer adiado de sentir o que se anunciava, anos, décadas atrás? Quantos não terão o prazer no desprazer de não haver mais o que sentir, de estar no tempo que passou o prazer de estar ali, o consentimento de não precisar daquele tempo, de não haver nada além dele? Quantos como nós que entendemos o que se diz aqui, estão felizes ao se reconhecerem felizes no reencontro do sentir?

É, quantas cartas deixaram de ser escritas antes, quantas estão prontas a espera dos doces olhos negros que lêem essa, a carta que fala do antes falando agora, que falou antes, falando agora e mesmo distante, falou antes, falou ausente para leres agora. Tu que escreve cartas, que recebe flores, que tem amores, me tem agora. Eu que mando cartas, mando flores, mando amor, te vejo. Por dentro felicidade, por fora dúvida, certeza, verdade. O que é amor está dentro. O que cansaço, fora. O que for medo ausente-se, vai passar à sua hora.

Anos após, meses atrás, há horas. Seu sorriso é o cartão postal inesquecível nas memórias que a juventude efêmera não devora. É a cor negra aos olhos nada contrastante à pele branca que em ti aflora. É o bom dia mesmo “à” noite de um sorriso cansado. É “à” boa noite, pelo dia num sorriso velado. São meus, seus olhos pensando, falando em alguém, calados. E no gritante bom dia, a nova em mais uma noite de acaso ao casarmos os olhos na lembrança de hoje por sermos passado. Por termos ficado assim guardados em seu cartão postal.

Helder Santos

01:21 am

03-09-09

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sete


A vida pode ser confundida com uma pergunta. Por mais que busquemos respostas, perguntar é o que mais fazemos. O que vou ser quando crescer? Quem é minha alma gêmea? Quem sou? Questionar faz parte do processo doce-doloroso de viver. Julgava-me questionador, esperto. Por vezes iludia-me a ideia de ser discípulo de Sócrates, e fazer da vida um “diálogo” do mundo comigo mesmo em que eu seria o constrangedor universal e assim aprenderia ensinando aqueles que julgava como eu, serem ignorantes. Como disse, iludia-me. A real noção de não saber nada não acorda com a realidade de que outros sabem. Ela sabia. Patrícia não só sabia como transpirava saber. Entre a realidade do conhecimento e a ausência do mesmo ela se mostrava segura em seus “silogismos”, levava qualquer um a reconhecer-se incapaz, em partir a outro plano. Assim, de professor tornei-me aluno, assisti a menina dos meus sonhos colocar-me a par da realidade da única forma que se pode chegar a ela sem esquece-la, a “forma em dor”. Sofri odiando mais, amando mais. Calculei errando menos, senti fingindo não sentir. De professor a aluno Patrícia levou-me a qualidade jamais imaginada a pessoas passionais, sentimentais e carinhosas. Gradativamente ganhei o que de impassibilidade aprendendo a lidar com o sentimento que me dominava. Patrícia e suas armas não me feriam a ponto de demonstrar a tal dependência característica dos enamorados. De aluno a professor, de cópia imperfeita à imagem fidedigna captei o que precisava minha estrela negra. Precisava de si mesma, era “forma pura” primeiro motor , imóvel, uniforme. Então, como “Deus” em imagem e semelhança fiz-me Deus em “ato puro”. Não gritei, não ouvi, não falei. Imutável e despreocupado com o mundo o mesmo passou a adorar-me afim de apanhar em mim aquilo que busca e só encontra quando possui o verdadeiro conhecimento. Buscava perfeição. O amor. Na condição de “Eros” restou-me esperar o inevitável. Patrícia. Correndo em direção ao que julguei não possuir, estando em suas mãos, não relutei. Vendo-a lutar como lutei, buscando a perfeição que busquei. Longe de ser Afrodite passou a traduzir em mim o que antes traduzia em si mesma. E, diante daquele antes imperfeito, fez espelho, quis morada. Era madrugada e o telefone não parou de tocar. Era cedo, tarde demais para Patrícia. Manhã para Narciso. Solitária dizia a si mesma repetindo aos soluços, a seu único companheiro na madrugada um triste-rasgado grito de boa noite. O telefone só chamava.

Helder Santos

01-09-2009

01:01 am



Atividade para os primeiros anos:
Tentar encontrar a teoria de Aristóteles, Sócrates e Platão no texto, em que passagens dele(do texto) essa teoria está presente explicando-a. Sucesso! Vale um ponto extra.

sábado, 29 de agosto de 2009

A partir de pequenas coisas.


O homem aprende mesmo fazendo muito que nunca é necessário, que fazendo pouco outrora pode bastar. Descobre a importância das grandes coisas ao engrandecer as pequenas. Percebe solitário o prazer de estar com quem ama, o doce sabor de ser amado. Tem o “insigth” de que sozinho nunca se é bastante e, ao caminhar alado salta ao imaginário, não está parado.

Capta pelos sentidos que se ama com reciprocidade amando sozinho, que, por vezes se engana com facilidade aos olhos de quem julga ser seu caminho. Converge racional ser o justo par de si mesmo na multidão, ser o público preciso das situações que só você conhece.

Com os seus apanha a palavra exata nos momentos indecisos, nos momentos de paixão desbrava o arco retorcido dos passos sem razão, constrói universos paralelos a sala de estar, abraça o mundo á mesa de jantar.

Juntos realizam que só podem ser quando de mãos dadas com o tempo, passionais, centrados ou sonolentos transpiram o que outros chamam amor sem conjugá-lo no tempo.


A Samara, meu tudo =*



Helder Santos

28-08-2009

9:32 pm