domingo, 22 de janeiro de 2012

Escrevi pra você XII


Após anos, ouvir-te soou imensurável. Sensação incomparável ao que vivi antes, após perder-te. O clamor gritante nos versos destinados a ti nada são senão música de fundo a voz adulto-jovem fazendo-me rir nessa madrugada de domingo. Seu nome, canção conhecida e verso próximo, dicionário a partir de 1998, posiciona-se numa intensidade correspondente ao pensamento, indizível. Nenhum Platão demonstraria em ideia a representação sensível que tenho de ti e até Platão silenciaria a teu poder, sucumbiria a teu nome. Patrícia, esse sentir iguala-se ao perfume “ferormônico” cravado em nosso primeiro encontro, ao verso não dito nos anos de nossa infância e o mel adolescente em sua voz ainda estridente cantando “um dia de cada vez”. Energicamente te louvo.

O que sou é a resposta de agora no tempo que desejastes resposta.
O que penso é o que desejas agora quando pensas em não desejar.
O que sinto é o que não sentes ao querer sentir...
O que preciso ter!

            “Palavra é fonte de mal entendidos.” Entendo ,palavras necessárias aos olhos fitando ouvidos, fieis aos sentidos. De jovens, precoces e imaturos a adultos experientes e bobos, carregamos soluções antitéticas a nossos dramas. Razão, sou chama queimando possibilidades de amor numa ansiedade conhecida. Pontuas o presente. Sonho a partir do pesadelo passado em faíscas tênues do horizonte desse sorriso. Avisto o banho de chuva em dia de sol, os espinhos doces em sertão florido, as aves terrestres ao mar. Devaneio... Muda, estatizas inerte o movimento gritante ao negar tais imagens tentando fugir do “ser bobo” presente, passado em ti, suavizando tua pureza. No dia que voltastes e fostes, horas uniram-nos como veias bombeando corações cansados, sorrisos jovens. Quando dormires, sentirá palavra, música a ninar teus sonhos. “Dorme minha pequena, não vale a pena despertar”. Boa noite.

Helder Santos
09:31 pm
22-01-2012

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Escrevi pra você XI

                Cato seus cacos em lugares desconhecidos, vielas transpassadas de suas dores. Cores, odores a espreita d’algo que me caiba. Lá, desconhecidas vertentes e um ser gigantescamente assustado com o bravo mundo novo, dedicado a prazeres, estranho aos olhos, me assustam. Onde estão os sonhos carregados na virtude poética que nos guiou?
                 Aos poucos, algo com quê de mistério dá lugar a adicta sensação de perda que esse ano levou consigo. Imagino cada lugar onde estivestes e cada pensamento advindo disso é carregado de dor e angústia dada incapacidade em proteger-te. De mister a ausente, cuidar de ti parece pouco dada a mutabilidade latente, consoante de voz.
                 Raros, repetidos rompantes, rochedos em súplicas dedicadas a teu ser, alimentariam mendigos tocando campainhas mudas a porta do miocárdio preso em meu peito.
                 Lidos, romances são fatos irreais se comparáveis a expressão azul esverdeada provocada por suas palavras quando lançadas a mim. Astutas, vorazes, algozes ataques. Mortíferas vogais de teu nome aprisionando-me sem crime, com perfeição. Absolutas, assonantes consoantes condizentes, desconcertantes escapismos proporcionais a tua personalidade conduzindo-me ao lago\abismo da superfície em teu olhar dando-me lágrimas negadas, tragando comigo o lenço, laço sem cor borrado, envelhecido pela mocidade.
                 Adorada deusa fidedigna da Idade Moderna devolvendo-me em dor. Odor, ardor, furor. Calor fraterno. Límpida luz medieval, o que iluminas? Meu coração, um que de cansado a clamar, evoca-te, sublima pulsões, corações indesejados e te mitifica, te imita por motivação em canção afinada, em coro plenos pulmões desejado, cais atracado em navio naufragado, cálice vazio no vinho do passado.
                 Cuidadosa Vênus despedaçada pela paz altruísta de agora, compreendes ser mais que amor? Sabes que ultrapassa a dor? Sente mais que furor? Avista a repetida paisagem iluminada em luz languida a partir do olhar espelho lendo o lindo lugar lactante no berço ao lado?
                 Ao lado, a vida anda, canta, nina canções antigas agitando velhos, mordazes corações vorazes, artífices pra uns, coadjuvante a outros, intensamente presentes na ausência consentida dos “eus” aforismos plantados no agora.
                 Ruidosa fúria ausente ,guia-me a força céu limite impetuosa em tuas palavras livrando-me do pesadelo kamikaze de teu céu. Dá-me teu céu sendo ação contra a tradição contradição feita em ti.
                 Ordene a magia escamoteada pelo medo, com a força que tens, com a paz conveniente às palavras cantadas no século talvez XII e as ninfas do século talvez II sendo a palavra prosa poética nos versos de hoje, amanhã e sempre.
                 Leia carinhosamente palavras advindas dum tempo mais que lembrado como clichês imutáveis na realidade do nosso corpo e ação no nosso existir enquanto o mundo perdido cravou palavras vãs a desconhecedores duma metafísica estritamente nossa, distantes do que foi Patrícia.
                 Imitamos propósitos sem nexo propositalmente suicidas, intencionalmente destruidores de nós. Construirmos um agora repleto de incógnitas, suspeito em solidez. Sentimos saudades para simplesmente sentirmos algo aproximando-nos de nós, fomos, somos planos de ontem num presente infinitamente ilimitado, tensionalmente perigoso e limitado pelas circunstâncias.
                 Nada comparável a simplicidade sufocante nas confidentes palavras dessa manhã, ou equiparável às palavras sempre ditas ao ápice da dissimulação, no limiar entre desejo e paixão.          
                 Ela que brinca com dizeres como quem desenha calçadas em ruas virgens, catalisa sonhos sem dormir, fortalece vidas sem vida e reascende vidas inertes, é mais que vaidade, é represa de verdades enquanto escrevo seu nome, reinvento nossa história, detesto meus erros amando os teus, ao te afirmar Carol, aquela que é forte.

Helder Santos
02:47 am
18-01-2012

Escrevi pra você X

Não há força contrária que possa tirar o pensamento em ti, Carol. O cotidiano pacato da vida simples que levo está entre afazeres domésticos e cuidar do que mais venero: minha inspiração, você. Lembra quando seu corpo fugiu do meu? Sucessivas, quilométricas vezes imaginei ter errado supondo uma infinidade de enganos para aquilo se fez distância no nosso último encontro. A quantidade de cigarros embotando o lugar ainda cômodo de sua inconstância falta como ar límpido aos pulmões enfermos hoje em grito.  Questionamentos felizes sopram a ventos constantes criando versões apuradas de nós.  Por onde andou o sorriso nos lábios fugidios de outrora? Saudade e canção tocam energicamente na indecisão chamada mente, designada Carol. O que nos coube, cabe a ti. A força existente em planos perfeitos, - antes imperfeitos - faz-se íntegra sem plano algum. Não posso, acabo fazendo planos no plano Carol cravado em nossas canções tal qual se incrusta seu caminhar apressado pela rua de barro da minha infância.  
Planos no plano que tinha o garoto roto caminhando pela rua que hoje bailam seus passos, matam-me de saudade. O ser desbravador no menino nada lembra o que hoje está no homem. Comedido e temeroso, difere o garoto ofegante à rua de barro. Poluída e asfaltada, a rua desenvolvida carrega rastros do que ontem foi alguém no momento em que você, tão mulher e tão menina, habita a casa conhecida por coração.    
Vencido, seus passos representam mais que saltos aos buracos causados por passeios vãos em terras de ninguém. Estou consciente na inconsciência de ti mesmo quando o que falas apunhala-me o peito arrastando o resto de esperança relativo a sua volta.
Sem planos ou esperanças, somos o que se escreve por estradas onde nunca pisamos. Carol, por mais que pensemos, estamos além do pensamento, o mesmo pensamento a nos distanciar do que há aqui.

Eu tenho o mundo inteiro pra salvar e pensar em você é kriptonita.\ Você é tão bonita de se admirar\ Tão bonita (8)

Helder Santos
10:47 am
17-01-2012

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Constelações silenciosas

Nenhuma palavra deve ser dita
Nem devem existir palavras recíprocas
Mas estou com saudade de escutar teus olhos embaçados
e ver os acordes do piano assustado.
Preciso de um sorriso cansado
Do incerto um tanto mendigado, do coração machucado.
Das lágrimas despencadas
Da expectativa contemplada
E talvez da infância roubada.
Precisamos da imaginação para brincarmos.
Brincaremos de mãos dadas em leve rotação
sem precisar de sentido, oração, ou razão.
Apenas de mãos dadas, ou não.
Minha alma poderá caber na palma da tua mão
E só assim ressurgirá a "tal explicação"
Mais não precisamos de sentido, principio, infinito partido.
Tudo está guardado.
Nada foi quebrado, esquecido, perdido, iludido.
Tudo está presente em um passado ausente,
Incomodado bastante ressurgirá em alguns instantes.
O sonho mastigado será relembrado, revivido, acendido.
É simples.
Quando chegar a hora não seja intrasitivo
Junte tudo e veja que já é a hora
Considere, Julgue, exista, insista, persista.
Lembre-se que um dia o poente foi transparente
e que o silêncio pode ressurgir com uma possivel expectativa
Assim como um dia estive a seu lado nada poderá ser apagado.
Talvez reinventado, concretizado e novamente idealizado.



Com carinho, Carol. (23/03/2009 - 21:02)


obs.: Não vá perder a hora certa com a pessoa errada... ( Escutando Nuvem- Engenheiros.)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Escrevi pra você IX (Patrícia em mar calmo agitando as ondas)

Mar calmo, tal qual sorriso de criança feliz. Paisagem natural, comparável ao primeiro encontro de quem não soube ser do outro quando foram um e outro. Dos sonhos inimagináveis a quem não dorme à realidades oníricas dos insones, passando pelo sono de não dormir, quis quando não soube ter, contradisse sorrisos de criança, paisagens naturais e a infinidade de pequenas, gigantes realidades nunca sentidas a partir do medo em senti-las. Enquanto sua fotografia superlativa o cansaço de não ter sabido admirá-la quando do poder vivenciá-la, reservo-me ao hoje, Patrícia. Sinto-te no olhar às 14 velas de suas mãos aos ouvidos do sopro aniversário de nossa infância, com uma calma que me liberta para o que acontece lá fora, fazendo intenso o que há aqui dentro.

Seu olhar está em mim, tal qual a casa vazia ansiando habitantes, remetendo-me aos dias em que sua franja realçava o sorriso matinal dos sábados e a casa se enchia de alegria em função de ti. Casa e coração seus lêem palavras tão suas e tão minhas que coração, casa e palavras tão nossas colorem sua volta. Parte em nós partilha a parte o que partiu: sua insegurança, Patrícia. Palavras, casa e coração reposam enquanto a caneca laranja ainda morna aquece seu ascender atiçando a cafeína em doses cavalais. Não dormiremos até lá. Somos, seremos o que somos por sermos você e eu: ásperos e doces quando separados, agridoces amargos juntos. Patrícia, sua inevitável volta é música conhecida que sinto ao ver inseguro o texto que seus dedos projetam na mente segura que te lê. Belos, bêbados e loucos sonhos os de sermos um quando separados por algo além dos mapas, longe dos acasos, próximos do insano.

O sentimento que nasce ao te ler, funde-se no que tenho ao avistar diariamente – sem me ausentar um dia – a casa geograficamente sua sem sua presença real por dentro. O sentimento ainda vivo em seu susto vislumbrando o corajoso ato em me ver, ao pé da porta de seu coração, real por dentro, cotidiano e firme quando necessário. Patrícia abre a porta e sente a brisa. Patrícia deixa cair uma lágrima. Patrícia, supro sua falta com nosso amor e assim canto para o amor que me ama. "É só saudade mas"...Ansioso...dói tanto quanto amor.

Helder santos

10:01 pm

10-01-2012

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O intervalo entre o fim e o início: “adeus” ano velho.


Cacos de coração espalhados pelo chão de vidro decoram a sala de jantar vazia. Ao lado, batidos votos de um novo ano velho acompanhadas aos votos, amontoam-se novas, velhas pessoas acompanhadas de si mesmas. Velhas novas pessoas repletas de companhias fugazes tal qual o cigarro no fim e o último gole de cerveja igualmentes tornando-se  mais que amigos fundamentais  e necessários.
Pessoas e pessoas reais enquanto sonho de consumo numa prateleira vazia desarticulam-se na sala de estar de sentimentos ausentes, forçosamente presentes em fotos, alegrias destoam-se em fatos onde vidas reais são meros retratos lutando contra o que temos sido, virtuais!
Tive propósitos pecando no propósito de ser. Sonhei sem acordar para o que há aqui. Estou... estamos tal qual a janela fechada no cômodo de visitas, solitária. Somos e permaneceremos violados tal qual o cigarro ainda aceso a queimar. O gole esperado e descartado, temeroso e teimoso a esquentar.
Enquanto doer lembrarei ter cortado os pulsos com a faca cega das paixões inventadas dum mar repleto de barcos sem ancorar.
Se por sorte houver cais que seja num olhar impreciso, o mesmo dos votos as avessas em nosso novo ano velho, que esse adeus seja mais que o olhar fugidio delineando crime que cometemos.
Que seja um ano cheio de alegria. Feliz ano velho.
Helder Santos
00:52 am
04-01-12