quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Escrevi pra você II

A espera do seu chamado o músculo cardíaco bate além dos tic-tacs do relógio. Minutos, horas, dias surperlativando angústias e ansiedades pelo que está por vir. Meses do que não vivemos somam-se aos dias que não estivemos juntos desfazendo, refazendo o que penso e sou . Percebo nada saber do vivi quando em mim o movimento de antes dá lugar ao de hoje guiando-me ao desconhecido dependente de você. Chegando, levaste consigo o valioso dom subjetivo desse coração agora seu. A partir dessa ausência conduzo-me a idolatria possível: Ó deusa agrestina nas palavras que grito. Ó musa violinística nas músicas que ouço em silêncio. Ó paisagem litorânea a remar em meu coração árido. Aparece! Clame presença ao espaço preenchido nos olhos ansiosos por ti. Some! Agarrei fundos ao banco em greve que jurei te ver. Ó miragem! Apareces em filas, em ônibus, em salas, no escuro do quarto, no calor aterrador do sol, no grito, ao lado, perto, distante, em silêncio. Ó onipresente que amo. Ó beijo sem suor entre os dedos ou enlace na cintura. Ó chama a queimar sob água. Ó gelo petrificando meus medos.Surges! Seja mais que silêncio. Indague, questione a alma hoje tua. Devolva-a somando-a ao que guardas com ou sem medo. Entrega teus desejos. Lute, vença seus medos com a igual força que levaste a parte próxima a meus pulmões. Devolva-me ar travando em nós a parte ausente em mim lapidada pelo brilho em teus lábios ausentes por razão, cientes do que chamo medo sentido emoção. Volte ao caminho percorrido uma semana atrás. Conte com igual furor o ser límpido, languidamente sensual do nosso primeiro aniversário.

Cento e sessenta e oito horas sem a cor do rosto corado por esses lábios me fazem pensar que dia seria o hoje se o mais importante acentua-se ao momento primeiro de outubro na camiseta escrita England miopemente lida enfermagem nos fazendo rir.

- Dormi pouco, tenho estudado muito.

- (pensamento..ela se sente só) – Tem se alimentado bem?

- As vezes, quando tenho tempo, nunca tenho tempo...

- Conseguirá, acredite. Não se cobre tanto, acontecerá tudo a seu tempo.

Por instantes percebo estar próximo à memória, longe do toque. Enquanto a presença me leva ao caminho de sua casa sem ao certo saber onde. Em nome da avenida sagrado coração sigo e devaneio pelos quarteirões fotógrafos do amanhã em nossas mãos dadas. Abaixo dos residenciais petrifico em todas as janelas que apareces, em todas as portas que abro sutilmente no condomínio fechado do seu coração.

É tarde e ainda assim pensamos como intensidade as vezes sinônimo de loucura é mais sinônimo de similaridade, empatia. Não tema! Sou o que precisas, és o que anseio e nos seus braços dou pistas. Atravesso pontes escalando o íngreme muro aparentemente obstacularizado por seus objetivos. - Meu objetivo está em você e no que te cerca. Preciso de seus cuidados. Estou doente. Exerça medicina em meu coração. Nele seu diploma foi expedido sem testes ou dor. - Uma moça ao lado estava de branco. Não era você. Ceguei com a claridade vinda de cima, te enxerguei no céu.

Continua....

07-10-10

11:45 pm

Helder Santos

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Escrevi pra você

Lutei com essa caixa de mensagem, não consegui vencê-la. Na verdade não consegui vencer a tal ansiedade do ritmo as vezes egoísta, outras igênuo e até nenhum dos dois sendo apenas saudade. Saudade da garota que desejo conhecer e sei ter uma rotina cansativa ao ponto de não sobrar tempo para o resto do mundo. Mas, é preciso agir assim e mostrar como a partir do momento que ela surgiu trouxe consigo um divisor de águas. Do antes vago ao depois inconcreto e possível criador de pecados por excesso sem trazer a tona pecados por falta. Confesso estar rendido, entregue ao que desconheço e me toma separando razão, instinto e emoção tão claramente que pareço conhecer tal sentimento com propriedade. É, não consegui ouvir sua voz. Misturei insegurança, medo, tristeza, angústia, desilusão, pavor. E se ela sumir? A pergunta é o que será de nós, o que será daquele momento se somos perfeitos em nossos defeitos sem sabê-los de cor. Nem faz tanto tempo. Outubro não pode ir embora levando-a consigo.

Primeiro de outubro.

Há dias que você poderia congelar o tempo, tudo é perfeito em dias assim. Se nos resta a memória eternizo na mente o primeiro reflexo da minha imagem nos seus olhos; a forma como você morde o lábio enquanto pensa; a ansiedade pela próxima palavra; o som da sua respiração. O inédito, mágico e inusitado encontro de seres inimagináveis antes.

- posso sentar ao teu lado?

- claro!

(...)Silêncio....

Enquanto o sol acelerava o calor de nossos corações fazia surgir a comprovação em não termos lembrança alguma de quem estava ao lado a igual noção de sermos desconhecidos desaparecia a cada palavra proferida com similaridade, proximidade. O sermos desconhecidos assumindo voz de “curiosidade”, intensidade, carinho no primeiro toque suave do seu rosto em minhas mãos, o simples tchau típico de pessoas que certamente não se veriam substituindo-se pelo até mais no sms que você não leria naquela noite. Beijo no rosto, insegurança em olhar pra trás, a saudade.

(...) bah, bah...calor.

- Não conseguirá colocar a cortina na janela, a mulher está agarrada com ela ai atrás.

(...) risos.

- H...

-Y...

-Prazer.

- Igualmente.

Sabe, o tempo poderia parar, aquela janela poderia nunca fechar eternizando o dia em que fomos felizes. O preenchimento naquele olhar, a sutileza daquele que sabe ser o mais especial dos seres sem precisar de mais que o silêncio fitando o horizonte pensativo de quem estava ao lado. Você tão simples e segura me fazendo rir num calmo e consentido olhar, um sorriso interno daqueles que acabaram de conhecer o amor da sua vida sem saber como será o dia seguinte. Até o dia em que seremos felizes.

Continua...

06-10-10

08:06 pm

Helder Santos