A espera do seu chamado o músculo cardíaco bate além dos tic-tacs do relógio. Minutos, horas, dias surperlativando angústias e ansiedades pelo que está por vir. Meses do que não vivemos somam-se aos dias que não estivemos juntos desfazendo, refazendo o que penso e sou . Percebo nada saber do vivi quando em mim o movimento de antes dá lugar ao de hoje guiando-me ao desconhecido dependente de você. Chegando, levaste consigo o valioso dom subjetivo desse coração agora seu. A partir dessa ausência conduzo-me a idolatria possível: Ó deusa agrestina nas palavras que grito. Ó musa violinística nas músicas que ouço em silêncio. Ó paisagem litorânea a remar em meu coração árido. Aparece! Clame presença ao espaço preenchido nos olhos ansiosos por ti. Some! Agarrei fundos ao banco em greve que jurei te ver. Ó miragem! Apareces em filas, em ônibus, em salas, no escuro do quarto, no calor aterrador do sol, no grito, ao lado, perto, distante, em silêncio. Ó onipresente que amo. Ó beijo sem suor entre os dedos ou enlace na cintura. Ó chama a queimar sob água. Ó gelo petrificando meus medos.Surges! Seja mais que silêncio. Indague, questione a alma hoje tua. Devolva-a somando-a ao que guardas com ou sem medo. Entrega teus desejos. Lute, vença seus medos com a igual força que levaste a parte próxima a meus pulmões. Devolva-me ar travando em nós a parte ausente em mim lapidada pelo brilho em teus lábios ausentes por razão, cientes do que chamo medo sentido emoção. Volte ao caminho percorrido uma semana atrás. Conte com igual furor o ser límpido, languidamente sensual do nosso primeiro aniversário.
Cento e sessenta e oito horas sem a cor do rosto corado por esses lábios me fazem pensar que dia seria o hoje se o mais importante acentua-se ao momento primeiro de outubro na camiseta escrita England miopemente lida enfermagem nos fazendo rir.
- Dormi pouco, tenho estudado muito.
- (pensamento..ela se sente só) – Tem se alimentado bem?
- As vezes, quando tenho tempo, nunca tenho tempo...
- Conseguirá, acredite. Não se cobre tanto, acontecerá tudo a seu tempo.
Por instantes percebo estar próximo à memória, longe do toque. Enquanto a presença me leva ao caminho de sua casa sem ao certo saber onde. Em nome da avenida sagrado coração sigo e devaneio pelos quarteirões fotógrafos do amanhã em nossas mãos dadas. Abaixo dos residenciais petrifico em todas as janelas que apareces, em todas as portas que abro sutilmente no condomínio fechado do seu coração.
É tarde e ainda assim pensamos como intensidade as vezes sinônimo de loucura é mais sinônimo de similaridade, empatia. Não tema! Sou o que precisas, és o que anseio e nos seus braços dou pistas. Atravesso pontes escalando o íngreme muro aparentemente obstacularizado por seus objetivos. - Meu objetivo está em você e no que te cerca. Preciso de seus cuidados. Estou doente. Exerça medicina em meu coração. Nele seu diploma foi expedido sem testes ou dor. - Uma moça ao lado estava de branco. Não era você. Ceguei com a claridade vinda de cima, te enxerguei no céu.
Continua....
07-10-10
11:45 pm
Helder Santos