sábado, 25 de abril de 2009

Li num comercial de amor

"Me orgulho de nunca ter me esforçado para realmente estar ao seu lado."

Adorooo (L)

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Ela número infinito


“Ela não sabia dizer as coisas e disse”


Todos ou quase todos fazem planos, ela costumava fazer. A hora de ver os amigos, o dia de encontrar o amor perfeito, o sonho dos sonhos nos sonhos dos outros. Sempre havia um plano mesmo sem plano traçado.

Hoje era o dia dos planos , havia um plano traçado na esperança do céu confundido-se com estrelas, estrelas misturadas à satélites em sonho ser sol no hoje dia de amores, flores, dores indeléveis à vida a ser vívida. Contou coisas antes inimagináveis como paisagens indecifráveis a olhos crédulos, olhos atentos esses cansados olhos a remoer no céu paisagem ideal, filme de Almodóvar, “cine paradiso”, café e cigarros em algum lugar barato. Sonho real em todo lugar é sonho vivido mesmo em sonho e ela sonhando e de tanto sonhar conheceu um príncipe quase encantado de olhos pretos, asas de Ícaro, braços de Adão. Beijo de Eva.

Helder Santos

25-04-2009

3:25 am

Bárbara - Murilo Rubião

O homem que se extraviar
do caminho da doutrina,
terá por morada a assembléia
dos gigante.
- Provérbios, XXI; 16.

Bárbara gostava somente de pedir. Pedia e engordava.


Por mais absurdo que pareça, encontrava-me sempre disposto a lhe satisfazer os caprichos. Em troca de tão constante dedicação, dela recebi frouxa ternura e pedidos que se renovavam continuamente. Não os retive todos na memória, preocupado em acompanhar o crescimento do seu corpo, se avolumando à medida que se ampliava sua ambição. Se ao menos ela desviasse para mim parte do carinho dispensado às coisas que eu lhe dava, ou não engordasse tanto, pouco me teriam importado os sacrifícios que fiz para lhe contentar a mórbida mania.


Quase da mesma idade, fomos companheiros inseparáveis na meninice, namorados, noivos e, um dia, nos casamos. Ou melhor, agora posso confessar que não passamos de simples companheiros.


Enquanto me perdurou a natural inconsequência da infância, não sofri com as suas esquisitices. Bárbara era menina franzina e não fazia mal que adquirisse formas mais amplas. Assim pensando, muito tombo levei, subindo a árvores, onde os olhos ávidos da minha companheira descobriam frutas sem sabor ou ninhos de passarinho. Apanhei também algumas surras de meninos aos quais era obrigado agredir unicamente para realizar um desejo de Bárbara. E se retornava com o rosto ferido, maior se lhe tornava o contentamento. Segurava-me a cabeça entre as mãos e sentia-se feliz em acariciar-me a face intumescida, como se as equimoses fossem um presente que eu lhe tivesse dado.


Às vezes relutava em aquiescer às suas exigências, vendo-a engordar incessantemente. Entretanto, não durava muito a minha indecisão. Vencia-me a insistência do seu olhar, que trasformava os mais insignificantes pedidos numa ordem formal. (Que ternura lhe vinha aos olhos, que ar convincente o dela ao me fazer tão extravagantes solicitações!)


Houve tempo - sim, houve - em que me fiz duro e ameacei abandoná-la ao primeiro pedido que recebesse.


Até certo ponto, minha advertência produziu o efeito desejado. Bárbara se refugiou num mutismo agressivo e se recusava a comer ou conversar comigo. Fugia à minha presença, escondendo-se no quintal e contaminava o ambiente com uma tristeza que me angustiava. Definhava-lhe o corpo, enquanto lhe crescia assustadoramente o ventre.


Desconfiado de que a ausência de pedidos em minha mulher poderia favorecer uma nova espécie de fenômeno, apavorei-me. O médico me tranquilizou. Aquela barriga imensa prenunciava apenas um filho.


Ingênuas esperanças fizeram-me acreditar que o nascimento da criança eliminasse de vez as estranhas manias de Bárbara. E suspeitando que a sua magreza e palidez fossem prenúncio de grave moléstia, tive medo que, adoecendo, lhe morresse o filho no ventre. Antes que tal acontecesse, lhe implorei que pedisse algo.

Pediu o oceano.


Não fiz nenhuma objeção e embarquei no mesmo dia, iniciando longa viagem ao litoral. Mas, frente ao mar, atemorizei-me com o seu tamanho. Tive receio de que a minha esposa viesse a engordar em proporção ao pedido, e lhe trouxe somente uma pequena garrafa contendo água do oceano.


No regresso, quis desculpar meu procedimento, porém ela não me prestou atenção. Sofregamente, tomou-me o vidro das mãos e ficou a olhar, maravilhada, o líquido que ele continha. Não mais o largou. Dormia com a garrafinha entre os braços e, quando acordada, colocava-o contra a luz, provava um pouco da água. Entrementes, engordava.


Momentaneamente despreocupei-me da exagerada gordura de Bárbara. As minhas apreensões voltavam-se agora para o seu ventre a dilatar-se de forma assustadora. A tal extremo se lhe dilatou que, apesar da compacta massa de banha que lhe cobria o corpo, ela ficava escondida por trás de colossal barriga. Receoso de que dali saísse um gigante, imaginava como seria terrível viver ao lado de uma mulher gordíssima e um filho monstruoso, que poderia ainda herdar da mãe a obsessão de pedir as coisas.


Para meu desapontamento, nasceu um ser raquítico e feio, pesando um quilo.


Desde os primeiros instantes, Bárbara o repeliu. Não por ser miúdo e disforme, mas apenas por não o ter encomendado.

A insensibilidade da mãe, indiferente ao pranto e à fome do menino, obrigou-me a criá-lo no colo. Enquanto ele chorava por alimento, ela se negava a entregar-lhe os seios volumosos, e cheios de leite.


Quando Bárbara se cansou da água do mar, pediu-me um baobá, plantado no terreno ao lado do nosso. De madrugada, após certificar-me de que o garoto dormia tranquilamente, pulei o muro divisório com o quintal do vizinho e arranquei um galho da árvore.

Ao regressar a casa, não esperei que amanhecesse par entregar o presente à minha mulher. Acordei-a, chamando baixinho pelo seu nome. Abriu os olhos, sorridente, adivinhando o motivo por que fora acordada:

- Onde esta?

- Aqui. E lhe exibi a mão, que trazia oculta nas costas.

- Idiota! gritou, cuspindo no meu rosto. - Não lhe pedi um galho - E virou para o canto, sem me dar tempo de explicar que o baobá era demasiado frondoso, medindo cerca de dez metros de altura.


Dias depois, como o dono do imóvel recusava-se vender a árvore separadamente, tive que adquirir toda a propriedade por um preço exorbitante.


Fechado o negócio, contratei o serviço de alguns homens que, munidos de picaretas e de um guindaste, arrancaram o baobá do solo e o estenderam no chão.


Feliz e saltitante, lembrando uma colegial, Bárbara passava as horas passeando sobre o grosso tronco. Nele também desenhava ficuras, escrevia nomes. Encontrei o meu debaixo de um coração, o que muito me comoveu. Este foi, no entanto, o único gesto de carinho que dela recebi. Alheia à gratidão com que eu recebera a sua lembrança, assistiu ao murchar das folhas e, ao ver seco o baobá, desinteressou-se dele.


Estava terrivelmente gorda. Tentei afastá-la da obsessão, levando-a ao cinema, aos campos de futebol. (O menino tinha que ser carregado nos braços, pois anos após o seu nascimento continuava do mesmo tamanho, sem crescer uma polegada.) A primeira idéia que lhe ocorria, nessas ocasiões, era pedir a máquina de projeção ou a bola, com a qual se entretinham os jogadores. Fazia-me interromper, sob o protesto dos assistentes, a sessão ou a partida, a fim de lhe satisfazer a vontade.


Muito tarde verifiquei a inutilidade dos meus esforços para modificar o comportamento de Bárbara. Jamais compreenderia o meu amor e engordaria sempre.


Deixei que agisse como bem entendesse e aguardei resignadamente novos pedidos. Seriam os últimos. Já gastara uma fortuna com as suas excentricidades.


Afetuosamente, chegou-se para mim, uma tarde, e me alisou os cabelos.


Apanhado de surpresa, não atinei de imediato com o motivo do seu procedimento. Ela mesmo se encarregou de mostrar a razão:

- Seria tão feliz, se possuísse um navio!

- Mas ficaremos pobres, querida. Não teremos com que comprar alimentos e o garoto morrerá de fome.

- Não importa o garoto, teremos um navio, que é a coisa mais bonita do mundo.


Irritado, não pude achar graça nas suas palavras. Como poderia saber da beleza de um barco, se nunca tinha visto um e se conhecia o mar somente através de uma garrafa?!


Contive a raiva e novamente embarquei para o litoral. Dentre os transatlânticos ancorados no porto, escolhi o maior. Mandei que o desmontassem e o fiz transportar à nossa cidade.


Voltava desolado. No último carro de uma das numerosas composições que conduziam partes do navio, meu filho olhava-me inquieto, procurando compreender a razão de tantos e inúteis apitos de trem.


Bárbara, avisada por telegrama, esperava-nos na gare da estação. Recebeu-nos alegremente e até dirigiu um gracejo ao pequeno.


Numa área extensa, formada por vários lotes, Bárbara acompanhou os menores detalhes da montagem da nave. Eu permaneci sentado no chão, aborrecido e triste. Ora olhava o menino, que talvez nunca chegasse a caminhar com as suas perninhas, ora o corpo de minha mulher que, de tão gordo, vários homens, dando as mãos, uns aos outros, não conseguiriam abraçá-lo.


Montado o barco, ela se transferiu para lá e não mais desceu à terra. Passava os dias e as noites no convés, inteiramente abstraída de tudo que não se relacionasse com a nau.
O dinheiro escasso, desde a compra do navio, logo se esgotou. Veio a fome, o guri esperneava, rolava na relva, enchia a boca de terra. Já não me tocava tanto o choro de meu filho. Trazia os olhos dirigidos para minha esposa, esperando que emagrecesse à falta de alimentação.


Não emagreceu. Pelo contrário, adquiriu mais algumas dezenas de quilos. A sua excessiva obesidade não lhe permitia entrar nos beliches e os seus passeios se limitavam ao tombadilho, onde se locomovia com dificuldade.


Eu ficava junto ao menino e, se conseguia burlar a vigilância de minha mulher, roubava pedaços de madeira ou ferro do transatlântico e trocava-os por alimento.


Vi Bárbara, uma noite, olhando fixamente o céu. Quando descobri que dirigia os olhos para a lua, larguei o garoto no chão e subi depressa até o lugar em que ela se encontrava. Procurei, com os melhores argumentos, desviar-lhe a atenção. Em seguida, percebendo a inutilidade das minhas palavras, tentei puxá-la pelos braços. Também não adiantou. O seu corpo era pesado demais para que eu conseguisse arrastá-lo.


Desorientado, sem saber como proceder, encostei-me à amurada. Não lhe vira antes tão grave o rosto, tão fixo o olhar. Aquele seria o derradeiro pedido. Esperei que o fizesse. Ninguém mais a conteria.


Mas, ao cabo de alguns minutos, respirei aliviado. Não pediu a lua, porém uma minúscula estrela, quase invisível a seu lado. Fui buscá-la.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Um



Algumas pessoas se apaixonam num simples olhar, outras por uma frase de efeito, algumas preferem conhecer bem à outra pessoa antes de se entregar. Ela pesava ser diferente, precisava de coisas sólidas por estar cansada do mundo vazio comum a cidade onde morávamos. Vivíamos num lugar pacato, uma cidade católica cheia de prostitutas, drogados e freiras. A melhor descrição do lugar estava nas pessoas que faziam coisas normais mesmo a minoria delas servindo como padrão de uma cultura a ser seguida: meninos católicos, virgens, bancários, professores, padres, quem sabe até policiais. A cidade, sinônimo de monotonia se agitava para o desfile de bons modos expressos por esses grupos. Em meio à ausência de olhos observadores Patrícia me beijou pela primeira vez. Era sábado, a cidade parecia agitada com alguma festa popular que acontecia, estávamos a sós pela primeira vez. Era festa de uma amiga em comum, Lucia; Lucia era uma boa anfitriã, nos recebia em sua casa cujo progenitor, distinto homem da cidade, um homem pacato como a maior parte dos que lá vivia, gostava de receber os amigos da filha e logo se retirava, preferia deixar a turma à vontade e nós ficávamos mesmo. Após algumas horas de boa música Patrícia falou algo doce como uma criança querendo colo, não resisti ao brilho azul elétrico de seus olhos, a beijei. O gosto de seus lábios misturava desejo, paixão e medo, trememos juntos, sorrimos juntos. Olhava aqueles olhos sem cansar da beleza inerente a ela, lindos olhos ora sorridentes ora assustados, às vezes era preciso pedir para fechá-los, com prêmio de recebe-los abertos, tenros, ávidos de nós.
Gritos trêmulos misturando dúvida, euforia e êxtase saíam da garota insegura cheia de sonhos e indecisões. Patrícia não sabia o que fazer agora que tinha conseguido o que desejara há meses. O que ela pensava - como seria a próxima vez, se teria próxima vez, se ele gostara realmente dela - temperado ao som da canção preferida no momento É só saudade, Ludov . Patrícia berrava os versos com a força que suas cordas vocais podiam agüentar. - gritando ou não ela permanecia linda – Horas a fio lendo um de seus livros, Uma bondade complicada de Mirian Toews. Enquanto foliava observava referências de cultura pop, para sua discografia, Led Zeppelin, cars, Beatles, ela gostava de canções de amor e por sua vez me fazia gostar de todas elas. E mais ou menos assim nos apaixonamos.
Conversávamos todos os dias, seu poder de sedução é algo que não se pode medir com palavras, ela, teatral, musical, intensidade expressa em gestos, sons, olhares, nada escapa a inteligência de menina mulher que ela possui, nada mesmo. Enquanto falávamos coisas sérias, esperava a vez de falar e sutilmente lançava alguma frase de efeito como quando conversávamos sobre música, esse era nosso elo principal, ela entendia de música, gosto de conversar sobre as coisas dela, é mais pessoal pra nós, faz-me sentir próximo do brilho púrpura de maça em seu rosto, ela ruborizava com qualquer coisa que eu fizesse, eu me sentia, dizia uau! Um dos marcadores de Patrícia era uau, acabei pegando com ela.
Enquanto a cidade agitava sua monotonia preferíamos trocar idéias sobre música e livros que gostávamos e assim nos tornávamos amigos apaixonados, acreditando não haver amor sem amizade. Além de ler e ouvir boa música os jovens em Uberaba gostavam de beber e fumar. Certo dia, pegamos alguns cigarros e seguimos em direção ao parque Jacarandá, chegando lá procuramos uma árvore e sentados apoiando nas costas um do outro, fumamos observando animais e plantas por horas. Plantas são tão vivas disse ela enquanto acendia mais um cigarro. – Acho legal esse lance com a natureza, a cidade tem isso a oferecer, aproveitemos. Ela balançou a cabeça aprovando. A noite caia e precisávamos voltar.


Helder Santos
Janeiro de 2009

sábado, 4 de abril de 2009

É tempo de egoísmo

Há dores impossíveis de ignorar.

Se eu acreditar vai deixar de ser mentira?
Pertubar a ordem trará o caos?
Acreditar não é o mesmo que vivenciar.
E quando falta luz? A escuridão inunda.
Dedicar todo o tempo a uma única pessoa?
Não, não é o bastante!
Faça você os seus Milagres.
Prove o que falta em mim,
o importante é acordar e fazer as pazes.
A melhor solução é sempre a mais simples.
Se eu não te conhecesse sentiria sua falta mesmo assim.
Coincidência, natureza, o amargo falta.
Alguém te ama mais ? menos? igual?
O olhar mais simples faz a maior diferença
mesmo quando está magoado.
A dor é passageira
A vida passa muito depressa
Só você sabe o que me interessa.
Ah, o melhor caminho.
Decisões sempre erradas.
Meus pecados voltam,
você sempre os jogam na minha frente!
Incrivel, mais sempre posso suportar.
Na vida há tempo para se arriscar
e um homem sensato sabe qual é a altura certa.
Tudo é uma versão de outra coisa.
O humano não pode ser divino.
Você sabe a solução, mas prefere esquecer.
Na verdade,
Mas vale um fim trágico que uma tragédia sem fim.


( Irritadissima com você! Sempre fazendo questão
de me irritar! (adoooooro) ; Desha de ser encrenqueiro
e deixar Fluir ;* 19:15 =]

mtasaudadesendoesquecida /.)



Com carinho,


Carol.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Faço o tempo se adequar.

.



Alguém de ninguém,
Ninguém até alguém,
Sem vitória, um sorriso aberto no rosto estampado.
Quando me vi fraco, tudo de repente deu errado.
O que tenho é uma pergunta ou uma reposta?










( 00:06 - Horas após uma conversa indeterminante com alguém
bem mais que importante em uma calçada distante do inicio
do fim. Apesar da dor que provoquei adorei te ver bem perto
de mim. =* )





Com carinho,


Carol.

O sonho secreto de quem imagina realidade e ficção partes de um mesmo filme.

É, entendo tudo errado e não sei a hora de parar
E você que entende de charme , coração indeciso sabe fulminar.
Eu que procurava um final feliz precisei chegar ao fim
Pra saber como são os finais.



É quando menos esperar estarei num novo inicio pra
De um novo final..
Nos sonhos, promessas pra tudo mudar, escrevi seu nome em poesias,
Sendo esse o único motivo delas, quis acreditar.
É que me deparando com grandes finais


E quem sabe um dia um grande inicio nos velhos, novos abraços não dados , nos velhos, novos beijos não roubados:
“Com você eu não quero assim”.


É que a próxima vez saberei te encontrar
Dizer porque faço assim:
E que mais uma vez não sei onde você está
Mesmo que seu sorriso brilhe um dia pra mim.




Helder Santos
10:00 pm

03-04-2009

Depois de uma conversa determinante com alguém importante em uma calçada distante de nós dois. Apesar da dor adorei te ver =*

Breaking My Heart Aqualung (8)