É cedo e ainda tiras meu sono.
Faz tempo e ainda não consigo pensar o pensamento em dormir,
Jazigo de há tempos, os lugares que não te encontro tiram o pensamento,
O pensamento em dormir
O pensamento em dormir vem e foge como foges sem vir.
Janelas opacas da minha alma,
Janelas fechadas, desde então
É tarde e o pensamento em ti não dorme,
Acordam adormecidos pensamentos do passado...
Penso e ti, nenhuma imagem além da sua povoa o céu púrpura no meu peito.
Desperto, a sensação de preenchimento no vazio é minha companheira.
Estou só como carruagem sem cavalos parada ao lado da janela sorrateira,
Estou preenchido como vácuo numa ferramenta solitária a espera de engrenagens solitárias como ela.
Posso sentir gosto de sono na janela ao lado,
O sono não vem, essa noite não acaba.
Estou cansado como janelas de casas que não abrem por não haver moradores,
Estou sonolento das atividades que pretendo e não consigo iniciar.
A menina que passa ao lado sorri,
Sorri o sorriso de menina que senti na infância.
Não era você, sorriso que não mais vi
E se vir, verei outro. Distante da infância
A casa ao lado da janela tem portas que não abrem,
Passo curioso pensando abrir a porta...
O sono vem, não sono de ti, o sono em abrir a porta.
Quantas portas abrir próximas da janela que não abre?
Quanto sonhos em janelas distantes da sua?
Não minha casa tem uma porta, ela abre, fecha
E você não traz sua chave.
Estou só como a fechadura solitária da porta que não abre,
Estou cansado como a menina que fecha a porta e não sabe pra onde ir.
Fechei a porta, fechei a porta de ser.
Além disso, a janela ao lado ainda está fechada.
O ônibus chegou ao ponto, preciso descer, descansar, dormir.
A menina ao lado não era você. Não abri mão de abrir a porta.
Enquanto chove aqui dentro, lá fora, a janela fechada assiste
A menina ao lado sorrir entre gotas de chuva e lágrimas,
Estou parado no ponto de ser, subi escadas no ponto de não ser.
A menina ao lado, entre a janela,
A menina sorrindo...
Janelas de não ter.
07:01 pm
09-09-10
Helder Santos
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