Cansei, hoje não escreverei versos!
Do que adiantarão os versos de hoje, se amanhã não serão lidos?
Mesmo torcendo pelo contrário, os versos de hoje nada serão amanhã,
São como o amor que senti ontem, hoje nada me convém.
Minto, versos ainda convém, mesmo os de hoje que estão sendo escritos sem ser.
Louco, uma vez acreditei no amor, no amor produzido por versos, sei, foram lidos.
Não mais escrevo versos, não amo.
Ao lado da porta, a menina olha, olha e acha um papel no canto da parede, versos!
Versos , meu Deus! Versos que não serão lidos, a não ser pela menina ao lado da porta.
A porta se abre, se fecha e lá estão os versos.
Quanta insanidade! Não estou escrevendo versos e essa menina encontra versos.
Acreditar nisso, manter-me intacto.
Os versos que não fiz, a menina que não mais verei.
Versos, versos, versos de não ser.
Mas, o que ser sem versos?
A menina que os lê acha algo engraçado, teve realmente paciência para com eles?
Versos de não sei o que em algum lugar.
A cidade onde vivemos, o amor que não tivemos.
Versos de ser, verso pra ser o que não sou quando escrevo versos,
Os acabo, escrevendo.
Escrevo, estranho, empenho, entulho...
Versos em algum lugar isolado ao lado da porta fechada, versos!
Cansei, amanhã escreverei versos!
Será a mesma menina a encontrar novos versos?
Versos de quem ? Cansei, amanhã escreverei versos!
00:52 am
31-08-10
Helder Santos
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